sábado, 7 de dezembro de 2024

Angola | O Estado das Aldrabices – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Estado está moribundo graças ao Presidente João Lourenço. Em 2027 o voto popular cura a doença. O o vírus sai da Cidade Alta e leva com ele um impressionante e cada vez mais numeroso exército de bajulação. A parte mais grave da doença que deixou Angola moribunda vai ficar, porque não se resolve com votos. Estou a falar do Jornalismo que temos, dominado por falsários, sem ofício nem oficina. Alguns são bêbados da valeta.

Um tal Reginaldo Silva não teve escola. Que se saiba a vadiagem ainda não dá jornalistas. Não teve mestres. Quando começou a receber dinheiro na Rádio Nacional já a escola tinha fechado e os raros mestres mal tinham tempo para garantir a emissão diária. Não podiam dedicar-se a vadios. A sua oficina foi no palavreado nos Media ligados a serviços secretos estrangeiros. 

O bêbado da valeta faz parte de uma fornada que saiu da BBC, da Voz da América e da DW. Tudo papo-furado. Alguns recebiam dos lóbis que em Portugal tudo fazem para destruir o país que nasceu em 11 de Novembro de 1975. Não perdoam ao MPLA ter derrubado o império português. Arranjam sempre bêbados, vadios e miseráveis morais para a sua cruzada. 

Reginaldo Silva publicou uma mensagem mil vezes abaixo de cão. Diz ele que a Amnistia Internacional em 1961 fez uma campanha pública pela libertação de Agostinho Neto. “Em 2024, mais de 60 anos depois, a Amnistia Internacional está a fazer campanha pela libertação de Net Nahara”.  Isto era gravíssimo se viesse de um qualquer leproso moral. Vindo de um jornalista que representa o Sindicato dos Jornalistas na Entidade Reguladora Da Comunicação Social Angolana (ERCA) é absolutamente intolerável.

Agostinho Neto em 1961 era um preso de consciência. Era um símbolo da luta pela Liberdade do Povo Angolano. A senhora Net Nahara está detida, acusada crimes de delito comum. Pelo que ouvi e vi, estraçalhou o Direito à Inviolabilidade Pessoal de várias vítimas, inclusive o Chefe de Estado. Violou gravemente Direitos de Personalidade. Reginaldo Silva ofendeu gravemente os Jornalistas e o Jornalismo Angolano. De borla? Não. Ele sabe como tem vivido à sombra da bananeira com a desinformação, manipulação e mentira. 

Hoje publica “memórias” no Novo Jornal com o depoimento de um Manino Costa que se fiz integrante do programa Kudibangela. Não são memórias nenhumas, são aldrabices e ofensas graves. Invenções e uma tentativa de extorquir dinheiro ao Estado Angolano.

Reginaldo Silva e o seu comparsa dizem que o Kudibangela foi para o ar, pela primeira vez, na grelha da Emissora Oficial de Angola (RNA) no dia 4 de Dezembro de 1974. O tal Manino Costa diz que na época era funcionário do Ministério da Informação. Imaginem! Nessa data não exista o Ministério da Informação. Nem nenhum! O Manino quer sacar uma pensão de reforma por ser funcionário de um serviço público que não existia!

Os dois falsários dizem que o Kudibangela foi para o ar porque a grelha de programas da Emissora Oficial (RNA) era “controlada remotamente” pelo MPLA “face à apatia e desmotivação evidenciados pelos representantes da administração colonial portuguesa”. Isto é um insulto grave à direcção dos militares do Movimento das Forças Armadas (MFA) Comandante Garrido Borges (director da Emissora Oficial) e do seu adjunto Capitão Alcântara de Melo. Dirigiram superiormente a estação. 

No dia 4 de Dezembro de 1974, os directores nomeados já tinham passado a direcção para os angolanos. A área da Informação era exercida por angolanos desde Julho de 1974. A área da Programação era dirigida por angolanos desde Agosto de 1974. Os oficiais do MFA ajudavam a levar o barco a bom porto

Os falsários Manino e Reginaldo não sabem mas eu informo. A direcção de informação era exercida por António Cardoso, Manuel Rodrigues Vaz e Artur Queiroz. À frente da Reportagem estavam Francisco Simons e Manuel Berenguel. A Redacção foi dividida em três turnos e era constituída por angolanas e angolanos. O Internacional (para os dois jornais) era dirigido pelo José Mena Abrantes 

 A locução do Jornal das 13 horas era de Luísa Fançony e Francisco Simons. Na impossibilidade de um deles, avançavam Maria Dinah, Concha de Mascarenhas, Manuel Berenguel e António Macedo. O Jornal das 20 horas era apresentado pelos mesmos profissionais mas o número um era António Macedo. Os intercalares da noite eram apresentados pela Elisa Portugal e às vezes A ldemiro Vaz da Conceição saía da Redacção e ia para o estúdio. 

Concha de Mascarenhas chefiava o Departamento Técnico que incluía a Regência de Estúdios. Seu colaborador era o Velho Rubio. A engenharia era garantida pelo Mogas. À frente da Sonorização e Montagem estavam Artur Neves, Lucrécio e César Barbosa. 

A direcção de Programas estava a cargo de Luísa Fançony e Horácio da Fonseca. Criaram o Programa da Tarde que deve ter atingido o nível mais elevado do mundo. Jovens como Elísio de Oliveira e Jorge Pego davam nas vistas como grandes artistas da Rádio. 

A maior mentira é esta: O Kudibangela não nasceu na Emissora Oficial de Angola (RNA) nem foi para o ar pela primeira vez no dia 4 de Dezembro de 1974. Os responsáveis do espaço “Contacto Popular” da Voz de Angola (José ZAN Andrade e Artur Queiroz), propuseram ao Órgão Coordenador das Comissões Populares de Bairro que mandassem jovens interessados em iniciar uma carreira no Jornalismo Radiofónico. 

A Comissão Popular do Bairro Sambizanga colaborou de imediato. Mandou-nos cinco jovens que integrámos no Contacto Popular. Dois deles, Betinho e Rui Malaquias, eram mesmo muito entusiastas e levavam a sério a experiência. Criámos uma rubrica intitulada Kudibangela. Eles é que escolheram o nome. Liam textos de opinião mas eu queria noticiário do bairro. O programa cresceu e criámos um indicativo. Autores: Artur e Fernando Neves. José ZAN Andrade torceu o nariz. Dizia que aquilo tinha afinidades com a “Pantera Cor-de-Rosa”. O Fernando Neves insistiu e foi aprovado! Ficou. 

Em Novembro de 1974 a Emissora Oficial (RNA) já tinha grande falta de jornalistas e técnicos. Tivemos que acabar mesmo com a Voz de Angola e juntámos os recursos humanos numa só estação. A Agenda era o programa de maior audiência da Rádio Angolana. Passou para a Emissora Oficial. Tudo o resto foi extinto. E os nossos jovens do Kudibangela?

Negociei a entrada do programa na grelha da Emissora Oficial com a Luísa Fançony e o Horácio da Fonseca. Não queriam amadores na programação! Esgrimi o argumento mais poderoso: Temos de promover o sotaque angolano na nossa estação! Não os comovi. Dei uma de chefe e impus. Nesse Novembro de 1974 o programa foi para o ar às seis da manhã.

Em Março de 1975 saí da Demissora Oficial de Angola e pedi ao Horácio para tutelar os jovens do Kudibangela. Recusou. A Luísa nem pensar. O Chico Simons tinha mais que fazer. Falei com o director nomeado, Alexandre Carvalho, para não deixar os jovens em roda livre, porque ainda nada sabiam de Rádio e estavam a transformar um espaço que devia ser de reportagem em textos de opinião. Ninguém ligou.

Já no Diário de Luanda falei com Rui Malaquias e Betinho. O Kudibangela estava a ser voz de Nito Alves e isso significava racismo e fraccionismo. Não me ouviram. Mais tarde trataram-me como se eles fossem os mestres e eu o aprendiz. Aconteceu o que muitas vezes avisei. O programa foi extinto. Porque aquilo não era Rádio. Apenas propaganda barata do Nito Alves.

Os “miúdos” do Kudibangela aprenderam no Contacto Poplar pouco mas de boa vontade. Aprenderam com Fernando Neves e Jofre Neto. Aprenderam qualquer coisa comigo e com o Berenguel. Em três meses decidiram que já sabiam tudo e nunca mais ouviram ninguém. 

O bêbado da valeta diz que o Kudibangela “foi a primeira vítima mortal, da liberdade de expressão no pós-independência”. Cuidado com as bebedeiras. Aquilo não era Rádio. Apenas paleio pseudo revolucionário e demagogia, mais nada. Fechou por incompetência e abuso. Aqueles jovens podiam dar grandes profissionais mas por vontade própria foram para o caixote do lixo do Jornalismo Angolano. Para onde também vai o bêbado da valeta.

Betinho foi detido no 27 de Maio. Disse que ia ser ministro da Educação no governo dos golpistas. Contou todos os pormenores da reunião que teve lugar no dia 21 de Maio, para estudar as respostas a dar, no caso de se consumar a expulsão de Nito Alves do Comité Central do MPLA, como aconteceu. E disse: “Decidimos desencadear uma insurreição, que é o tal golpe de Estado, com início em Malanje. Um levantamento de massas populares em Malanje a culminar aqui em Luanda. Vários militares que nos apoiam, garantiram na reunião, que era possível desencadear o golpe de estado a partir dos seus quartéis”. 

* Jornalista

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