sábado, 28 de dezembro de 2024

Golpistas de São Paulo e Machava -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Estado Islâmico  no seu formato original era composto e apoiado por várias organizações como a Al Qaeda , o Conselho Shura Mujahideen, Estado Islâmico do Iraque,  Jeish al-Taiifa al-Mansoura, Jaysh al-Fatiheen, Jund al-Sahaba e Katbiyan Ansar al-Tawhid wal Sunnah. O grupo é considerado uma organização terrorista pela ONU, União Europeia, EUA, Reino Unido, Austrália, Canadá, Brasil, Indonésia e Arábia Saudita. Ao tomar o poder na Síria passou a “esperança e futuro” dos sírios.

Tiago Contreiras, correspondente da RTP em Maputo, diz que os “insurgentes em Cabo Delgado estão associados ao grupo extremista Estado Islâmico”. Coitadinhos. Decapitam camponeses indefesos, matam mulheres e crianças, roubam, destroem mas são apenas extremistas tipo Abílio Kamalata Numa, Paulo Lukamba Gato ou Adalberto da Costa Júnior. Mas estes, que se saiba, nunca decapitaram ninguém, só queimam vivas as suas vítimas. Ou só acarretam lenha para as fogueiras da Jamba.

Os Media portugueses, sobretudo a RTP, canal oficial do pastor evangélico Venâncio Mondlane, dizem que mais de 1500 reclusos “fugiram do estabelecimento prisional da Machava”. Mentira hedionda. O General Bernardino Rafael, comandante da Polícia Moçambicana, denunciou ante a imprensa nacional e internacional, que os reclusos foram libertados pelos “manifestantes”. E disse mais: “muitos eram violadores, autores de raptos e terroristas detidos em Cabo Delgado, julgados e condenados. Libertaram e armaram os terroristas.”

O simpatizante de jornalista às ordens do pastor evangélico anunciou que já existem apelos a uma intermediação internacional. Mas depois diz apenas que União Africana, EUA e União Europeia “já manifestaram preocupação com o caos em Moçambique”. A verdade é que ninguém falou de intermediação, apenas “diálogo” com os bandidos. As autoridades moçambicanas não têm nada que negociar com derrotados nas eleições, terroristas libertados e políticos a soldo da Casa dos Brancos ou Bruxelas. Trump está a negociar com Kamala Harris para os seus apoiantes não invadirem prisões e libertarem barões da droga?

Em Angola, na madrugada de 27 de Maio de 1977, os mentores do golpe militar mandaram assaltar a prisão de São Paulo para libertar mercenários e outros bandidos. Os donos desses golpistas são os mesmos dos que hoje actuam em Maputo e outras cidades moçambicanas. Isto quer dizer que está em marcha um golpe de estado em Moçambique. A RTP emitiu imagens de Venâncio Mondlane chamando assassinos ao General Bernardino Rafael e ao Presidente Nyusi. O canal oficial de um país da CPLP trata assim o Chefe de Estado de Moçambique, também membro da CPLP. Ordens superiores de Bruxelas e da Casa dos Brancos.

Em Angola, um pedaço de papel sujo parecido com jornal publica um texto sobre a Independência Nacional:

“Portugal deveria ter permanecido em Angola por pelo menos mais duas décadas, liderando um processo de transição gradual que preparasse os angolanos para gerir o seu próprio país. Essa permanência não significaria a continuação do colonialismo, mas sim uma parceria estratégica para assegurar que Angola pudesse erguer-se como uma nação soberana e próspera. Os angolanos necessitavam de formação, de conhecimento técnico e de apoio na criação de estruturas de governação estáveis. Abandoná-los sem essa preparação foi um acto de negligência histórica. Foi um erro profundo que Portugal não tenha assumido a responsabilidade pelo futuro de Angola de forma consistente e comprometida. A pressa em partir deixou um vazio que rapidamente se transformou em caos e sofrimento”.

O autóctone puro William Tonet não sabe que Portugal ocupou Angola durante séculos e cá montou o negócio de esclavagismo e fez de quase todos os angolanos “contratados”. Portugal impôs ao Povo Angolano uma guerra colonial de 13 anos (Fevereiro de 1961 a Junho de 1974), quando os movimentos de libertação MPLA e UPA/FNLA exigiram a Independência Nacional. Milhares de mortos, refugiados e deslocados.

Os ocupantes prenderam, torturaram, enclausuraram em campos de concentração e mataram milhares de angolanos civis. Portugal era governado por um regime fascista desde 28 de Maio de 1926. Assinado o cessar-fogo em 1974, a potência colonial ficava a mandar mais duas décadas. O Tonet é que sabe! Mas sem Imprensa Livre não há democracia. Um jornal angolano defender mais duas décadas voluntárias de dominação colonial com o nome de “parceria estratégica” é um atentado gravíssimo à honra e credibilidade do Jornalismo Angolano. É espezinhar a Liberdade de Imprensa.

A primeira-dama Ana Dias Lourenço desejou um natal cheio de alegria, sobretudo às famílias com crianças internadas nos hospitais. Papás e Mamãs, Manas e Manos estão felizes, rebolam-se de alegria porque sua excelência anda na roda do amor distribuindo brinquedotecas. Até levou uma dessas prestimosas instituições ao hospital de Cacuaco “Heróis do Kifangondo”. Excelência, se continua a falar assim vai para locutora da TPA. Os heróis são de Kigfangondo e não “do” Kifangondo. Os nossos Heróis não têm dono.

* Jornalista

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