<> J. Bazeza, Luanda ---
Na República do Muceque os jornalistas são mesmo jornalistas. Sabem fazer o seu papel. Sabem o que é notícia e o que é propaganda. Isso orgulha Mafioso, que ligou ao seu amigão Boca Azul, para lhe dizer que o Executivo ajustou os salários dos jornalistas que trabalham nos Media do sector público da comunicação social. Atenção, muita atenção: Esses profissionais não ganham muito mal, nem muito bem, antes pelo contrário. E o ministro da tutela garantiu a todos formação de mendigos e pedintes caso haja alguma situação de emergência. O Executivo é para nós mais do que uma Mamã.
Boca Azul nem queria acreditar no que ouvia. Lá no Muceque os jornalistas têm dignidade. Não vivem às ordens dos auxiliares nem andam a pedinchar isto ou aquilo. Na Sanzala os jornalistas desapareceram. Só ficaram os simpatizantes e os não praticantes. Despediram a profissão que agora se arrasta no desemprego perpétuo. O sistema só aceita propagandistas.
Ai do director, editor ou repórter que se assanhar, criticar ou denunciar. Que o digam dois cronistas do diário, que foram proibidos de escrever. Cometeram o crime de revelar as más condições que os profissionais vivem. Na Sanzala, a comunicação social só relata as actividades do titular e do seu executivo. Quem se atrever a ir mais longe, pode apanhar uma diarrumba, porque Fruta em Caldas e só mesmo para os eleitos. Os outros que comam lixo.
Opovito já berrou mas os traficantes da informação não mudam. Notícias, entrevistas e reportagens só são publicadas e divulgadas quando elogiam o Executivo. E assim vai a comunicação social pública na Sanzala. Os profissionais, de tanto serem ludibriados, querem enfrentar os desmandos dos mandantes. Porquê?
Porque os ajudantes do Executivo decidiram excluir os jornalistas dos ajustamentos, aumentos e emolumentos muito lentos. A sentença está aí, escrita nas pedras e na cabeçorra da titular do trabalho escravo e insegurança social: Empresas públicas têm sustentabilidade própria. A inflação não afecta os seus trabalhadores. Quando estão aflitos só têm que pedinchar ao auxiliar tal ou ao governador xis. Fica tudo resolvido. Ma ai de quem se queixar ou reivindicar. Vai ter que comer Fruta em Caldas fora de prazo ou mesmo podre. Cuidado comigo e com o cão!
E assim os jornalistas da Sanzala que trabalham no sector público da comunicação social continuam a fingir que são repórteres, editores ou directores. São espezinhados ao bel-prazer do titular e seus auxiliares. Só podem ser propagandistas. Muitas vezes falham porque o patrão não sabe o que quer. Nem sabe dar a informação precisa. Fruta em Calda é o chefe da censura mas escreve polícia com “u” e pena assim. Analfabeto de uma figa promovido a secretário do Estado desmantelado.
Mafioso, lembra que no Muceque
também já foi assim. Os jornalistas eram espezinhados. Eram pedintes com
doutoramento. Até no cantineiro e na zungeira metiam kilapi, o que agradava aos
membros do Executivo. Assim está bom. Esses jornalistas quando têm dinheiro
gastam tudo
Os ajudantes do executivo abusaram
tanto da propaganda que os leitores, telespectadores e ouvintes partiram para a
acção directa. Por pouco não aconteceu o pior. Os sipaios e administradores
estavam reunidos com o tal secretário de Estado da comunicação social para
tratarem dos ajustamentos salariais com o Fruta
Os servidores pretendiam saber da administração o porquê de tantas aldrabices de um executivo, que aposta tudo no roubo e na desgraça do povito. O que mais inquieta é que os sipaios e os propagandistas são pagos com o dinheiro dos impostos do desgraçado povito.
Estamos cansados de visitas a obras, reuniões e sei lá que mais. A minha reportagem é sobre a vida daquela criança que fica à espera da fruta e legumes tocados, deixados no chão quando as zungeiras vão para casa.
A minha reportagem é sobre aquela mulher que está à porta do supermercado a pedir pão.
A minha reportagem é sobre as crianças que não têm forças para ir a escola porque ontem não jantaram e hoje não matabicharam.
A minha reportagem é sobre um menina, ainda criança, que anda com o irmão bebé às costas a pedir para limpar o chão ou lavar a louça nos bares e restaurantes, a troco de restos da comida.
Mafioso diz que na República do Muceque essas reportagens interessam ao titular e ao seu executivo porque assim conseguem corrigir o que está mal e melhorar o que está bem.
Na Sanzala isto é impossível porque os bajuladores não permitem, nem comendo Fruta em Caldas.
Há verdades incomparáveis. Mas a mentira comparada é de alto nível. Uns acreditam, outros nem tanto.
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