quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Enquanto os líderes da OTAN discutem a “ameaça russa”, EUA aprovam novo projeto nuclear.


Lucas Leiroz* | InfoBrics | # Traduzido em português do Brasil

Os EUA estão aproveitando a cúpula da OTAN para avançar medidas nucleares na política doméstica. Em uma declaração recente, o Departamento de Defesa anunciou que continuará seu projeto para desenvolver um novo míssil balístico intercontinental Sentinel, apesar do aumento exponencial nos custos.  O Congresso aprovou a proposta  apesar de sua natureza altamente irresponsável. O objetivo é melhorar as capacidades nucleares dos EUA na atual crise de segurança.

Espera-se que o programa Sentinel substitua todos os mísseis nucleares Minuteman III obsoletos do país. Os custos do projeto são atualmente estimados em 140 bilhões de dólares, um aumento de 81% nas expectativas de custo em comparação com a primeira avaliação do programa. O Pentágono havia prometido anteriormente gastar apenas 77 bilhões de dólares na produção dos novos mísseis, mas os avaliadores agora dizem que o projeto custará quase o dobro disso.

De acordo com a lei americana, quando se espera que um projeto cresça em custo em mais de 25%, o departamento responsável pela proposta deve rever o programa e justificar sua necessidade ao Congresso. Após estudar o projeto, o Pentágono concluiu que não há alternativas ao programa Sentinel, e que os legisladores americanos devem consentir o mais rápido possível para sua implementação, garantindo assim a renovação das capacidades nucleares americanas. Temendo supostas “ameaças”, os políticos americanos aprovaram a exigência. 

“[Estamos] totalmente cientes dos custos (...) Mas também estamos cientes dos riscos de não modernizar nossas forças nucleares e não abordar as ameaças muito reais que enfrentamos", disse William LaPlante, subsecretário de defesa para aquisição, sobre o caso.

Obviamente, as "ameaças" vistas pelos EUA em relação a questões nucleares estão focadas na Federação Russa. Desde o início da operação militar especial, o Ocidente tem respondido às medidas de Moscou por meio de chantagem nuclear.  Alguns líderes ocidentais  até declararam que estariam prontos para enfrentar uma guerra nuclear com a Rússia. Em paralelo, os EUA recentemente deram permissão à Ucrânia para atacar unidades militares russas fora da zona de conflito, o que poderia colocar algumas instalações nucleares em risco.

O irrealista “Plano de Vitória” de Zelensky é movido por um de dois motivos ocultos


Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Ou ele está insinuando o que quer depois de "intensificar a tensão para diminuir a tensão" em um futuro próximo ou plantando as sementes para uma teoria de "facada nas costas".  

Zelensky finalmente apresentou as cinco primeiras partes do seu tão alardeado “Plano de Vitória” para a Rada na quarta-feira, mantendo três delas em segredo, conforme sua própria admissão. Os leitores podem rever seu discurso completo aqui e o resumo conciso da Reuters aqui . Ao fazer qualquer um dos dois, eles verão que é irrealista devido à Ucrânia exigir: um convite para se juntar à OTAN; a interceptação conjunta de mísseis russos; e hospedar “um pacote abrangente de dissuasão estratégica não nuclear” em seu solo, entre várias outras demandas.

Todos os três são inaceitáveis ​​para a OTAN, já que o bloco não quer se envolver diretamente nessa guerra por procuração, que seus formuladores de políticas comparativamente mais pragmáticos que ainda dão as cartas temem que possa facilmente sair do controle e virar uma Terceira Guerra Mundial, daí o porquê de nada do tipo ter acontecido ainda. Isso não quer dizer que seus rivais belicosos não tenham chance de mudar isso, e alguns estão especulativamente trabalhando nas costas de seus governos para esse fim, mas apenas que Zelensky não conseguirá o que quer a menos que isso aconteça.

Os cálculos acima mencionados provavelmente permanecerão constantes, visto que estão em vigor há mais de dois anos e meio até agora, o que ele está profundamente ciente, levantando assim a questão do que ele buscava alcançar ao fazer tais exigências de seus parceiros que já foram rejeitadas. O argumento pode ser feito de que ele foi movido por um de dois motivos ocultos: sugerir o que ele quer depois de possivelmente "escalar para desescalar" em um futuro próximo ou semear as sementes para uma teoria de "punhalada nas costas".

Em relação ao primeiro, isso poderia assumir a forma de uma provocação nuclear e/ou ataque à Bielorrússia , enquanto o segundo foi coincidentemente creditado dois dias antes do discurso de Zelensky pelo Royal United Services Institute em um artigo sobre “ A iminente traição da Ucrânia ”. Esses cenários poderiam ser evitados se o G7 concordasse em cumprir pelo menos algumas de suas demandas militares em troca de ter permissão para extrair as riquezas minerais críticas da Ucrânia, como um dos pontos de seu “Plano de Vitória” sugere fortemente.

Heróis Nacionais e da África Austral -- Artur Queiroz


Artur Queiroz*, Luanda

O secretário-geral da ONU, António Guterres, diz que o mundo não pode dar-se ao luxo de permitir que aconteça no Líbano o mesmo que acontece na Faixa de Gaza e Cisjordânia. Deixou a Síria de fora por mera distracção do acaso mas os nazis de Telavive bombardeiam o país e até a sua capital, Damasco, sempre que acordam mal dispostos ou com vontade de fazer escorrer sangue de crianças, mulheres, idosos, doentes acamados em hospitais e outras vítimas inocentes. Os crimes são praticados à luz do dia com o apoio do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA).

Só num dia, os nazis de Telavive mataram no Líbano 600 civis e feriram 2.000. Mas tomaram medidas preventivas. Fizeram telefonemas e largaram panfletos em zonas do Sul e Oeste do Líbano. Fujam rapidamente! Quem ficar é um alvo legítimo. É este o aviso. Da Casa dos Brancos vem a informação que assim Israel cumpre o Direito Internacional. Está dentro das “regras” que o ocidente impõe.

Joe Biden fez o “último discurso” na ONU, antes de ir para a cova. Um herói do ocidente alargado. Titubeando as palavras com mais de duas sílabas, o presidente dos EUA meteu pena. Puseram-no a dizer coisas que a realidade desmente. “Temos de acabar com a guerra no Médio Oriente”, disse o demente senil, com papel passado pelo Partido Democrata. E da Casa dos Brancos veio a informação inequívoca: “Os EUA reiteram apoio a Israel e reforçam a presença militar na região”.

Ao mesmo tempo o secretário da Defesa, Lloyd Austin, instigou os nazis de Telavive a matarem civis no Líbano porque “Israel tem o direito de defender-se do Hazbolah e vamos enviar mais forças militares para a região”. A múmia gaguejante diz que é preciso acabar com a guerra no Médio Oriente. Austin diz que vai mandar mais tropas para defender as costas dos genocidas israelitas nos ataques ao Líbano.

O secretário de imprensa do Pentágono, Pat Ryder, confirmou que os EUA “vão enviar tropas adicionais para o Médio Oriente”. E depois o patrão Austin mostrou o jogo todo em forma de ameaça e de diplomacia de canhoneira: “Os EUA mantêm a sua posição de proteger as forças e o pessoal norte-americanos e estão determinados a deter qualquer actor regional que procure explorar a situação ou prolongar o conflito”.

Angola | Eduarda Inquilina da Ala Feminina -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

João Lourenço exigiu na Assembleia-Geral da ONU que os países onde estão domiciliados fundos de cidadãos angolanos, sejam devolvidos a Angola. Não precisa fazer exigências. Basta que as autoridades provem a sua proveniência ilícita. Mas não chega uma sentença comprada por uma comissão de dez por cento, ao abrigo do Decreto Presidencial número 69/2021 que foi declarado ilegal pelo Tribunal Constitucional. Nenhum país do mundo acredita num Poder Judicial comprado pelo Presidente da República e Titular do Poder Executivo, por decreto!

João Lourenço disse hoje, no conforto do seu gabinete, que “é hora de exigir aos Estados destinos dos recursos ilicitamente adquiridos, que os devolvam. Pertencem ao Povo Angolano”. O povo sou eu. O poder sou eu. O dinheiro é meu. É tudo meu. Devolvam-me o dinheiro. Estou pobre. Sou o povo angolano, lado dos filhos de enfermeiro. Mandem o kumbu rapidamente que eu tenho muitos acomodados para a sustentar. Mais dinheiro para os meus magistrados. 

João Lourenço hoje mesmo acenou com mais dinheiro para magistrados judiciais e agentes do Ministério Publico. E ousou mesmo garantir a “separação e interdependência de funções”. O que é isso? Será a separação de poderes, marca distintiva do Estado Democrático e de Direito? No mobutismo estas coisas só atrapalham mesmo. E tornam difícil recrutar mão-de-obra para confiscos ilegais, abusivos, e sentenças compradas à peça.

A demissão de Eduarda Rodrigues, directora do Serviço de Recuperação de Activos, agravou muito as dificuldades de repatriamento dos fundos considerados de “origem ilícita”. E à medida que se vão sabendo pormenores, qualquer dia os países onde há fundos depositados por angolanos condecoram os depositantes, por conseguirem desviar o seu dinheiro do apetite voraz de João Lourenço e a sua equipa perita em extorsão. Porque estamos perante casos flagrantes de extorsão e chantagem. O caso do empresário Carlos São Vicente é um exemplo. 

Os seus advogados acabam de contar o filme: “Duas semanas após a prisão arbitrária do Dr. São Vicente, a Procuradora Eduarda Rodrigues foi à prisão, na ausência dos advogados, e exigiu ao Dr. São Vicente que entregasse todo o seu património ao Estado. O Dr. São Vicente respondeu que não entregava nada porque o património é seu, da sua família e da empresa AAA. Irritada, a Procurador levantou-se e, em voz alta, quase histérica, ameaçou dizendo que se não entregasse todo o património continuaria preso, seria julgado e condenado. O Dr. São Vicente, surpreendido, perguntou porque seria julgado e condenado se não tinha cometido nenhum crime. A Procuradora reafirmou que seria condenado. Rasgou um pedaço de papel e escreveu o seu número de telefone para entregar aos advogados”.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Angola | O Estado de Meio Século da Nação -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Onde chegamos e em que estado depende do ponto de partida. Eu faço corridas de metro e meio. Chego ao fim extenuado mas em primeiro lugar. Corro sozinho e dou dois passos mal medidos. O último classificado da maratona chega ao fim todo roto e tem mil vezes mais mérito do que eu, na corridinha em que sou especialista. Sempre que o Presidente da República faz o Discurso Sobre o Estado da Nação ganha estrondosamente. Porque partimos do nada e há muito feito, ainda que ainda mais por fazer.

Na Educação o Executivo distribuiu no início do ano lectivo 42 milhões de manuais escolares, gratuitamente. Há 50 anos nem tínhamos livros e mais de 90 por cento da população era analfabeta. Há 50 anos tínhamos menos de uma centena de professores em todos os graus de ensino. Até eu, burro e mercenário, era professor! Dava aulas de alfabetização nas horas livres. Mesmo deficiente, as minhas alunas e os meus alunos ficaram a ler e escrever muito melhor do que André dos Anjos e Pereira Santana. Batiam-se de igual para igual com o Agualusa.

Hoje Angola tem 250.000 professores e só no último ano lectivo foram admitidos nove mil. Há 50 anos, Agostinho Neto dizia que não podíamos ter alunos sem escolas e escolas sem professores. Ambrósio Lukoki e Artur Pestana (Pepetela), responsáveis do Ministério da Educação, meteram mãos à obra para acabar com essa tragédia. Conseguiram muito. Os seus sucessores, ainda mais. 

A Maratona da Educação é uma corrida muito longa. Nunca mais acaba. Todos os dias abrem novas escolas e continuam poucas. Mesmo assim, no seu Discurso Sobre o Estado da Nação, João Lourenço hoje pôde orgulhosamente revelar dados do muito que se tem feito na área da Educação. Não é propaganda. Acontece mesmo.

Angola há 50 anos só tinha investigação científica no Huambo, por conta do engenheiro Marcelino e sua abnegada equipa. Em Luanda acabou logo após o 25 de Abril, os cientistas e investigadores basaram todos. Hoje temos dezenas de projectos em curso e financiados. 

O Executivo está a garantir formação contínua aos professores. Nascem novos Campus Universitários em todo o país. Partimos de uma universidade com três polos (Luanda, Huambo e Lubango). Hoje temos dezenas de escolas superiores, algumas de elevadíssimo nível científico. No seu Discurso Sobre o Estado da Nação, hoje João Lourenço brilhou ao falar destes ganhos. É verdade, temos mais escolas, mais equipamentos, mais alunos no sistema escolar e muitos mais professores, formados por nós. Grandes vitórias!

Coisas do Passado e o Vilão -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Eles não querem que se fale do passado. Só conta o presente e o futuro. De preferência vistos com óculos cor-de-rosa e decorados com fotos de João Lourenço. O resto só atrapalha. E isso da História é truque de branco ou mesmo de marimbondo. O passado é hoje, que agora mesmo passou. O futuro não existe, nem chega a passar. Convém saber o mais possível sobre quem somos e donde viemos. Com esse saber fica tudo mais fácil.

Para os esclavagistas e seus herdeiros, a escravatura nunca aconteceu. Mas aconteceu, acontece e depende de todos nós que deixe de acontecer. Não há vitórias sem luta, temos de lutar contra os esclavagistas de hoje. Para os colonialistas e seus beneficiários, o colonialismo nunca existiu. Mas em Angola foi uma realidade dolorosa que passou por trabalhos forçados, destruição dos valores culturais, ocupações violentas e uma longa guerra que começou em 1842 (Guerra dos Dembos) e acabou em 2002, mais de 180 anos de alta ou baixa intensidade de massacres e ocupações. 

Pelo meio tivemos a Guerra Colonial, entre 4 de Fevereiro de 1961 e 25 de Abril de 1974. Massacres e prisões arbitrárias. Deslocados e refugiados aos milhares. Sanzalas incendiadas. Campos de cultivo arrasados com bombas químicas (desfolhantes). Campos de concentração. Abusos de toda a espécie. Tudo aconteceu com o apoio directo e entusiasmado das grandes potências ocidentais e a OTAN (ou NATO). Os EUA, Reino Unido, França e Alemanha votavam sempre ao lado dos colonialistas portugueses na ONU.

Ninguém conhece a história de amor entre o Dembo Kazuangongo e a menina Maria Teresa Archer, que ele fez sua esposa quando ela atingiu a idade núbil. Ninguém sabe do Ninho da Águia, lá nas alturas da Pedra Verde. Os guerreiros mubiris derrotaram os ocupantes. O líder do golpe fascista em 28 de Maio de 1926, Gomes da Costa, foi estrondosamente derrotado nos Dembos alguns anos antes. Chegou a Luanda roto e descalço, com meia dúzia de sobreviventes. Vitórias sobre vitórias, até que intrigas e traições levaram à ocupação. Só terminou em 11 de Novembro de 1975. Sempre a traição e a intriga fazendo fraca a forte gente.

Angola já foi uma imensa Faixa de Gaza. Poucos se colocaram ao nosso lado contra os agressores. Os eurocentristas decidiram que os colonialistas tinham razão. O estado terrorista mais perigoso do mundo forneceu aos colonialistas e fascistas de Lisboa apoio político e militar a troco de petróleo. O ditador Mobutu anulou a FNLA. A PIDE/DGS e os generais colonialistas recrutaram a UNITA para a independência branca em conluio com a Rodésia (Zimbabwe) de Ian Smith e a África do Sul do regime der apartheid. A Lura Armada de Libertação Nacional sobrou para o MPLA e seus heroicos combatentes. 

Tantos anos depois estamos na mesma, mas agora até o líder do MPLA se colocou ao lado do estado terrorista mais perigoso do mundo, para garantir a sua vitória na dominação de Angola. Ontem os guerrilheiros do MPLA eram poucos mas conseguiram vencer em toda a linha. Hoje ninguém sabe quantos são. Nem sabemos quem está disponível pada lutar pela Soberania Nacional, novamente em perigo. Temos pouco tempo para nos decidirmos.

Israel mata deliberadamente mulheres e crianças na Palestina, no Líbano e na Síria. Carta-branca para matar. Às vezes surgem umas vozes implorando aos nazis de Telavive que matem mais devagarinho E eles não ouvem ninguém. Israel impede a entrada de comida e água potável na Faixa de Gaza. Surgem umas vozes implorando aos nazis de Telavive para deixarem entrar a ajuda humanitária. Os EUA até enviaram uma carta implorando de joelhos. A coisa fica em privado.

 Israel destruiu a Faixa de Gaza e está a destruir Beirute. Os EUA dizem que não estão de acordo. Mas continuam a mandar armas para Israel. E anunciaram que estão a combinar com os nazis de Telavive um ataque ao Irão!

A União Europeia também discorda dos massacres das tropas israelitas contra palestinos, libaneses e sírios. Os nazis de Telavive continuam a matar. Bruxelas resolveu agir e impôs mais sanções ao Irão.

Zelensky tem um plano para a vitória sobre a Federação Russa. O primeiro ponto é a adesão da Ucrânia à OTAN (ou NATO). Do Kremlin vem um pedido pungente: Quando estiverem sóbrios falem de paz! A Federação Russa desencadeou a operação militar na antiga “república soviética” para desarmar e desnazificar o país. Uma forma de Zelensky vencer a guerra, é armar e nazificar ao máximo. Estes bebem mais do que o André dos Anjos e são mais tortuosos do que o Pereira Santana1. Vão todos ter o mesmo fim.

Circula um papel onde se “explica” por que razão Biden não vem a Luanda. Quem escreveu aquilo vê tudo pelo lado do olho do meio. O esquerdo e o direito estão cegos. Joe Biden cancelou a viagem a Angola porque percebeu que não era possível levar com ele os norte-americanos implicados no golpe de estado  na República Democrática do Congo e condenados à morte. Apenas isso. 

Todos sabiam desde o primeiro instante em que foi anunciada a visita de Estado, que João Lourenço ia capitalizar politicamente com o acontecimento. O seu capital político ia aumentar. Portanto não foi por isso que a viagem foi cancelada. Em rigor, Biden é que ia servir-se de João Lourenço para sair bem na fotografia e ajudar Kamala Harris a ganhar as eleições. Se chegasse a Washington com os golpistas norte-americanos condenados à morte em Kinshasa, os democratas iam ganhar e muito.

Atenção Palácio da Cidade Alta. Pereira Santana anda a usar o bom nome da Primeira- Dama para dar uma de machista desbragado e atacar jornalistas só porque são mulheres e melhores profissionais do que ele. Ponham na ordem o vilão!

* Jornalista

Vendendo a guerra: como a Raytheon e a Boeing financiam a expansão nuclear da OTAN

Alan Macleoud* | Mint Press News | # Traduzido em português do Brasil

Para “combater a chantagem nuclear da Rússia”, o Atlantic Council afirmou com confiança , “a OTAN deve adaptar seu programa de compartilhamento nuclear”. Isso inclui mover bombas atômicas B-61 para a Europa Oriental e construir uma rede de bases de mísseis de médio alcance pelo continente. O think tank elogiou a recente decisão de Washington de enviar mísseis Tomahawk e SM-6 para a Alemanha como um “bom começo”, mas insistiu que isso “não impõe um preço alto o suficiente” à Rússia.

O que o Atlantic Council não divulga em nenhum momento é que isso não apenas aumentaria drasticamente a probabilidade de uma guerra nuclear catastrófica, mas que as armas que eles recomendam especificamente vêm diretamente dos fabricantes que as financiam em primeiro lugar.

As bombas B-61 são montadas pela Boeing, que, de acordo com seus relatórios financeiros mais recentes, deu dezenas de milhares de dólares à organização. E o Tomahawk e o SM-6 são produzidos pela Raytheon, que recentemente forneceu ao Atlantic Council uma soma de seis dígitos.

Dessa forma, suas recomendações não apenas colocam o mundo em risco, mas também beneficiam diretamente seus financiadores.

Infelizmente, esse gigantesco conflito de interesses que afeta a todos nós é normal entre os think tanks de política externa. Uma investigação da MintPress News sobre as fontes de financiamento dos think tanks de política externa dos EUA descobriu que eles são patrocinados com milhões de dólares todos os anos por contratantes de armas. As empresas de fabricação de armas doaram pelo menos US$ 7,8 milhões no ano passado para os cinquenta maiores think tanks dos EUA, que, por sua vez, produzem relatórios exigindo mais guerra e maiores gastos militares, o que aumenta significativamente os lucros de seus patrocinadores. Os únicos perdedores neste sistema fechado e circular são o público americano, sobrecarregado com impostos mais altos, e as dezenas de milhões de pessoas ao redor do mundo que são vítimas da máquina de guerra dos EUA.

Os think tanks que receberam mais dinheiro contaminado foram, pela ordem, o Atlantic Council, o CSIS, o CNAS, o Hudson Institute e o Council on Foreign Relations, enquanto os fabricantes de armas mais ativos na K-Street foram a Northrop Grumman, a Lockheed Martin e a General Atomics.

Esses think tanks afetam diretamente os conflitos ao redor do mundo. O CSIS, por exemplo, está entre os maiores defensores do armamento da Ucrânia, Taiwan e Israel, mesmo que este último esteja realizando um genocídio na Palestina. Um relatório recente apresenta uma lista de compras de armas dos EUA que ajudariam os militares israelenses, incluindo projéteis de artilharia Excalibur, sistemas de orientação de bombas JDAM e mísseis Javelin. Essas armas são fabricadas pela Raytheon, Boeing e Lockheed Martin, respectivamente, todas elas entre os principais financiadores do CSIS.

Armas dos EUA estão sendo usadas diariamente para realizar ataques ilegais e mortais contra populações civis na Palestina, Líbano e Síria, tornando os fabricantes de armas cúmplices diretos de crimes de guerra.

Um exemplo disso é o recente bombardeio israelense da zona humanitária de Al Mawasi, em Gaza. Israel lançou três bombas MK-84 de uma tonelada no acampamento, matando pelo menos 19 pessoas. Dezenas de outras ainda estão desaparecidas.

Segundo a ONU, explosões de bombas MK-84 rompem pulmões, arrancam membros e cabeças de corpos e rompem cavidades nasais a centenas de metros de distância.

As bombas MK-84 foram produzidas nos EUA pela General Dynamics e enviadas a Israel com a bênção de Washington. A General Dynamics obteve enormes lucros com o massacre; o preço das ações da fabricante de armas sediada em DC saltou 42% desde 7 de outubro.

Conflitos e conflitos de interesse

Think tanks são uma parte essencial da K-Street, o termo coletivo para a assembleia de lobistas, associações comerciais e outras organizações que tentam alterar a política governamental. Think tanks são grupos de intelectuais que se reúnem para discutir e defender políticas na esperança de afetar a política governamental e o debate público. Eles realizam e publicam pesquisas aprofundadas sobre a política governamental, ajudam a escrever leis e servem como especialistas de referência para a mídia. Muitos comentaristas de notícias a cabo ou escritores convidados escrevendo artigos de opinião em jornais trabalham em think tanks. Como tal, eles são um impulsionador fundamental do discurso político em todo o país.

Eles também servem como fontes para administrações políticas que buscam preencher cargos governamentais. Quando um partido perde o poder, ex-funcionários proeminentes do governo geralmente aceitam empregos em think tanks para mantê-los até que seu lado recupere a Casa Branca. Como tal, eles existem como uma espécie de governo privado em espera, divulgando recomendações de políticas que esperam um dia ter o poder de executar eles mesmos.

No entanto, toda essa equipe e seus escritórios chiques em Nova York ou DC não são baratos, e há basicamente apenas duas fontes de financiamento: contratos governamentais ou empresas americanas. No entanto, esse dinheiro vem com condições. As corporações americanas que patrocinam think tanks esperam ver seus próprios interesses sendo promovidos. O lobby empresarial paga think tanks que defendem impostos mais baixos e menos regulamentações, enquanto a indústria de defesa dá dinheiro aos grupos mais agressivos que defendem mais gastos militares e mais guerras.

Por isso, alguns argumentam que os think tanks não são árbitros neutros de boas ideias, mas sim atores apoiados por empresas e governos que promovem agendas enquanto tentam manter uma aparência de objetividade e respeitabilidade.

Obviamente, há um enorme conflito de interesses se grupos que aconselham o governo dos EUA sobre política militar estão inundados com dinheiro da indústria de armas. Este estudo tenta quantificar esse conflito de interesses. Ele analisou os 50 think tanks de política externa mais influentes dos EUA, de acordo com o Global Go to Think Tank Index da Universidade da Pensilvânia , e rastreou o financiamento dessas 50 organizações para verificar quanto dinheiro cada uma recebeu da indústria de armas. Uma planilha de financiamento abrangente contendo todos os números usados ​​neste estudo pode ser encontrada aqui .

Os números foram retirados dos sites de cada grupo, listas de financiamento e declarações financeiras do último ano financeiro disponível. No total, a indústria de armas doou pelo menos US$ 7,8 milhões para esses think tanks.

Isso, no entanto, é certamente uma subestimação significativa por várias razões. Primeiro, os think tanks não precisam divulgar suas fontes de financiamento sob a lei dos EUA, e muitos não o fazem, o que significa que o conjunto de dados está incompleto. Além disso, aqueles que o fazem são frequentemente claramente nebulosos sobre os valores específicos dados a eles. Por exemplo, o Center for Strategic and International Studies (CSIS) observa que grupos como Leonardo SpA, Lockheed Martin, Huntington Ingalls Industries e Northrop Grumman doaram pelo menos US$ 250.000 a eles no último ano financeiro. No entanto, o CSIS não tem uma faixa superior em seu limite de doação, o que significa que "US$ 250.000 e mais" pode significar US$ 251.000, US$ 1 milhão ou US$ 100 milhões. No entanto, este estudo contou todas essas doações como meros US$ 250.000.

Tanques e Think Tanks

Os resultados foram preocupantes e nada surpreendentes, pois este estudo descobriu que os gigantes fabricantes de armas financiaram discretamente muitos dos maiores e mais influentes grupos que aconselham o governo dos EUA sobre sua política externa. O Atlantic Council sozinho é financiado por 22 empresas de armas, totalizando pelo menos US$ 2,69 milhões no ano passado. Até mesmo um grupo como o Carnegie Endowment for Peace, estabelecido em 1910 como uma organização dedicada a reduzir conflitos globais, é patrocinado por corporações que fabricam armas de guerra, incluindo a Boeing e a Leonardo, que doam dezenas de milhares de dólares anualmente.

Os cinco think tanks que receberam mais financiamento da indústria de armas são: The Atlantic Council, US$ 2,69 milhões; Center for Strategic and International Studies (CSIS), US$ 2,46 milhões; Center for a New American Security (CNAS), US$ 950.000; Hudson Institute, US$ 635.000; e Council on Foreign Relations, US$ 300.000.

Pelo menos 36 fabricantes de armas forneceram financiamento para os principais think tanks americanos. Os mais “generosos” entre eles foram Northrop Grumman, US$ 1,07 milhão; Lockheed Martin, US$ 838.000; General Atomics, US$ 510.000; Leonardo SpA, US$ 485.000; e Mitsubishi, US$ 443.000.

Quando confrontado com essas descobertas, o ativista pela paz David Swanson , autor de “War is a Lie”, pareceu enojado, mas não surpreso. Swanson descreveu o papel dos think tanks financiados pela indústria de armas como tal:

Eles têm que construir, por meio de repetições infinitas e debates que permanecem dentro de seus parâmetros bizarros, a ideia de que guerras são vencidas, que guerras são defensivas, que armas nucleares impedem guerras, que não se pode falar com inimigos, que gastos com armas são um serviço público que as nações devem fazer na medida do possível, enquanto retiram o financiamento das necessidades humanas, e outras bobagens absurdas semelhantes.”

Aquele que paga o flautista

Não é coincidência que os grupos que recebem mais dinheiro da indústria de armas sejam o lar de algumas das vozes mais agressivas e pró-guerra que podem ser encontradas em qualquer lugar. A indústria de armas, como todas as corporações, não doa por bondade de seus corações, mas está em busca de um retorno sobre seus investimentos.

Think tanks influentes como o CSIS certamente estão dando aos seus benfeitores o retorno do investimento, insistindo constantemente em mais gastos militares e mais guerras ao redor do mundo, quaisquer que sejam as consequências.

Em 2022, o CSIS argumentou que a invasão da Ucrânia pela Rússia constituía uma oportunidade única para “transformar e racionalizar” a defesa europeia, ou seja, para impulsionar enormes aumentos de gastos militares. Ele alertou que isso deve ser feito rapidamente, pois o momento para isso pode ser “curto”, que a Europa deve “evitar uma abordagem fragmentada” para suas forças armadas e não deve “continuar a depender dos Estados Unidos para sua defesa”. No ano seguinte, argumentou que a meta de dois por cento do PIB para os países da OTAN gastarem em suas forças armadas era muito baixa. Em vez disso, aconselhou dobrar os gastos militares em toda a Europa para quatro por cento. Que isso seria uma enorme vantagem para seus patrocinadores de empresas de armas não foi mencionado.

Os países europeus, insistiu também o CSIS , devem “fazer a sua parte” na NATO, transformando as suas sociedades em sociedades tão militarizadas como as dos EUA, em prol da “democracia global”.

Enquanto isso, escrevendo no The Atlantic, Eliot A. Cohen, Arleigh A. Burke Chair in Strategy do CSIS, exigiu uma escalada no envolvimento do Ocidente na Ucrânia. “Precisamos ver massas de russos fugindo, desertando, atirando em seus oficiais, sendo feitos prisioneiros ou mortos. A derrota russa deve ser uma confusão inconfundivelmente grande e sangrenta”, ele escreveu, acrescentando que “Para esse fim, com a máxima urgência, o Ocidente deve dar tudo o que a Ucrânia puder usar.”

Isso incluía mísseis de longo alcance e caças F-16 e F-35.

O que nem Cohen nem a Atlantic notaram, no entanto, foi que as armas que ele exigiu que fossem compradas e enviadas para a Ucrânia são fabricadas pela General Dynamics e pela Lockheed Martin, grupos que financiam diretamente o CSIS.

Talvez não seja surpresa que, assim como o Atlantic Council, o CSIS também defenda a manutenção de armas nucleares americanas em toda a Europa, para que não precisem ser usadas rapidamente.

Vozes dovish no think tank são, na melhor das hipóteses, poucas e distantes entre si. De fato, um estudo de um ano de artigos de opinião e citações do CSIS no New York Times pelo grupo de vigilância da mídia Fairness and Accuracy in Reporting não encontrou nenhum exemplo da organização defendendo a redução ou cautela na política militar dos EUA.

No entanto, as implacáveis ​​vozes pró-guerra dificilmente se limitaram ao CSIS. Na verdade, todos os think tanks que receberam dinheiro substancial da indústria de armas mantiveram uma postura notavelmente agressiva. O Atlantic Council, por exemplo, policiou os gastos da OTAN das nações europeias em uma tentativa de pressioná-las a comprar mais armas e defendeu que os EUA criassem uma nova "coalizão de inteligência Indo-Pacífico" que aumentaria as tensões com a China. O CNAS, enquanto isso, alegou que a resposta supostamente silenciosa dos EUA às "provocações chinesas" corroeu sua "credibilidade" no cenário mundial.

Falando sobre o que os think tanks alcançaram, Swanson disse ao MintPress:

Eles normalizaram a ideia de medir os gastos de guerra como uma porcentagem de uma economia, e a ideia de que não existe tal coisa como muito disso. Eles normalizaram a ideia de apenas uma solução para todos os problemas, mesmo os problemas criados por essa solução, a saber, a guerra. [E] eles apresentam infinitamente infinitamente infinitamente 'aliança defensiva NATO' sem que uma alma perceba que as guerras da NATO têm sido todas descaradamente agressivas.”

O público americano é geralmente cético em relação à guerra. Pesquisas mostram que dois terços do país querem que Washington e a Ucrânia se envolvam diretamente na diplomacia com a Rússia, mesmo que isso signifique conceder território ucraniano. A maioria dos americanos também é contra o envio de mais tropas dos EUA para o Oriente Médio, mesmo que seja apenas para "defender Israel".

Eles mantêm essas posições apesar do que lhes é dito constantemente na mídia. Um estudo do Quincy Institute descobriu que, ao discutir a Ucrânia, 85% de todos os think tanks citados em grandes veículos como o New York Times, o Washington Post e o The Wall Street Journal receberam financiamento do complexo militar-industrial. Os mais proeminentes entre eles foram o CSIS e o Atlantic Council.

Fazendo uma matança com a matança

Em sua canção de sucesso de 1970, “War”, Edwin Starr afirmou que a prática era “amiga somente do agente funerário”. Mas a guerra também tem sido uma excelente notícia para os contratantes de armas. Nos últimos cinco anos, o preço das ações da General Dynamics saltou 103%, o da Lockheed Martin 107% e o da Northrop Grumman 110%.

Os acionistas da indústria de armas têm visto retornos massivos sobre o investimento, graças às ações de uma nação viciada em conflito. Os Estados Unidos estão envolvidos em guerras há 231 dos seus 248 anos como um país independente. De acordo com um relatório do Congressional Research Service, uma instituição do governo dos EUA, a América lançou 469 intervenções militares estrangeiras entre 1798 e 2022 e 251 somente desde 1991. Isso incluiu operações especiais, assassinatos direcionados de líderes estrangeiros, golpes militares e invasões e ocupações diretas de outros países.

Mais da metade de todos os gastos federais discricionários vão para os militares, cujo orçamento está se aproximando de US$ 1 trilhão anualmente. Os gastos militares americanos rivalizam com os de todas as outras nações combinadas. Os Estados Unidos também mantêm uma rede de cerca de 1.000 bases ao redor do mundo, incluindo quase 400 em um anel que cerca a China.

Isso alimenta o apetite insaciável dos fabricantes de armas, que, portanto, têm ainda mais dinheiro para gastar comprando influência e fazendo lobby no governo por mais guerras e políticas antagônicas que os beneficiem. Parte da estratégia deles é financiar think tanks em Washington, DC. Para empresas como Lockheed Martin e Raytheon, é algo óbvio, um investimento empresarial astuto. Algumas centenas de milhares de dólares por ano gastos financiando think tanks como CSIS, CNAS ou Atlantic Council se traduzem em bilhões de dólares em mais pedidos de tanques, navios e aeronaves.

Em 2016, os Estados Unidos estavam bombardeando sete países simultaneamente. E, no entanto, o militarismo e o perigo para o planeta só aumentaram desde então. Os EUA estão atualmente se preparando para guerras potenciais contra a Rússia e a China – dois dos maiores e mais populosos estados do planeta, e ambos com grandes estoques de armas atômicas. Uma guerra com qualquer um deles arriscaria o Armagedom.

No entanto, tudo isso é uma ótima notícia para o complexo militar-industrial, que está fazendo uma matança. E é por isso que é imperativo que eles sejam parados; é literalmente uma questão de vida ou morte para todos nós.

Foto em destaque | A reunião do Conselho do Atlântico Norte começa a preencher durante a reunião dos Ministros da Defesa na Sede da OTAN, Bruxelas, Bélgica, 12 de fevereiro de 2020. Foto |DVIDS

Alan MacLeod  é redator sênior da MintPress News. Após concluir seu doutorado em 2017, ele publicou dois livros:  Bad News From Venezuela: Twenty Years of Fake News and Misreporting  e  Propaganda in the Information Age: Still Manufacturing Consent , bem como  uma  série  de  artigos acadêmicos  . Ele também contribuiu para  FAIR.org ,  The Guardian ,  Salon ,  The Grayzone ,  Jacobin Magazine e Common Dreams .

O ATAQUE QUE PODE INCENDIAR O MUNDO


Apesar de todos os riscos e advertências, Israel mantém planos de agredir o Irã. Arrogância, fanatismo religioso e aposta no apoio dos EUA alimentam a insensatez. Um Biden alienado e confuso e uma mídia cúmplice compõem o quadro

Patrick Cockburn | Outras Palavras | no iNews | Tradução: Glauco Faria | # Publicado em português do Brasil

Depois que o “gabinete de segurança” de Israel autorizou ataques aéreos contra o Irã, os objetivos de guerra ampliaram-se e incluem o risco de uma guerra regional contra o Irã, que teria o objetivo de remodelar radicalmente o cenário político do Oriente Médio a favor de Tel Aviv

Essa meta ambiciosa, até mesmo fantasiosa, está repleta de perigos para a região e para o mundo. Israel não pode alcançá-la sem o apoio total e indisfarçável dos EUA. Apesar de a alegação do presidente Joe Biden, de que teria insistido infrutiferamente com Benjamin Netanyahu para um cessar-fogo, ele sempre endossou todas as escaladas israelenses. É razoável que Israel conclua que pode atacar o Irã com impunidade, pois, se algo der errado, terá o apoio das forças armadas estadunidenses.

Os historiadores podem um dia chegar a uma conclusão sobre até que ponto a cauda israelense está abanando o cachorro americano, aproveitando a fraqueza de Biden para atrair os EUA a outra aventura militar imprudente no Oriente Médio. É muito fácil atribuir a culpa pela diplomacia displicente e ineficaz dos Estados Unidos ao declínio cognitivo de Biden nos últimos três anos. Mas, se não for Biden, não está claro quem são os verdadeiros responsáveis por tomar as decisões na Casa Branca e nos escalões superiores do governo.

Julgando a Casa Branca por suas ações e não por suas palavras, ela vê uma vantagem geopolítica em derrotar o Irã – um aliado da Rússia e da China, embora distante – e seus aliados.

O pensamento positivo provavelmente desempenha um papel importante. Israel tem sido muito mais bem-sucedido em matar os líderes e comandantes de nível médio do Hezbollah do que se esperava. Será que um ataque agressivo ao Irã e ao seu “Eixo de Resistência” não poderia produzir vitórias semelhantes?

Essa é uma perspectiva atraente, embora as intervenções militares dos EUA – da Somália em 1992/93 ao Afeganistão em 2001 e ao Iraque em 2003 – tenham fracassado em grande parte devido à arrogância e à subestimação do inimigo.

A Alemanha finalmente atingiu o máximo do seu apoio militar à Ucrânia

Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

A Rússia vencerá decisivamente, receberá uma oferta de cessar-fogo mais generoso que aceitará por razões pragmáticas, ou seus inimigos perigosamente "intensificarão a tensão para diminuir a tensão", à medida que o Ocidente ficará ainda mais para trás em sua "corrida logística"/"guerra de atrito".

O Bild citou documentos internos do Ministério da Defesa para relatar que a Alemanha finalmente atingiu o limite de seu apoio militar à Ucrânia e não dará mais nenhum equipamento pesado, o que acontece cerca de seis semanas após o Ministro da Defesa polonês efetivamente ter dito a mesma coisa sobre o apoio de seu país. O Gabinete Federal detalhou “ As armas e equipamentos militares que a Alemanha está enviando para a Ucrânia ” no mês passado, que eles disseram totalizar € 28 bilhões em assistência que já foi fornecida ou comprometida para os próximos anos.

Polônia e Alemanha fizeram muito mais pela Ucrânia nesse sentido do que a maioria dos países, então o fato de que eles já maximizaram seu apoio sugere que o Ocidente como um todo pode em breve considerar seriamente congelar o conflito. Afinal, a Rússia já está muito à frente da OTAN na “ corrida da logística ”/“ guerra de atrito ”, com até mesmo a Sky News relatando abertamente no início deste ano que a Rússia está produzindo três vezes mais projéteis que a OTAN a um quarto do preço.  

Isso foi seguido no mês passado pela CNN compartilhando um vislumbre de quão ruim tudo se tornou para a Ucrânia, o que coincide com o crescente interesse entre o público ocidental e até mesmo parte de sua elite em cortar as perdas de seu lado explorando uma solução política para a guerra por procuração OTAN-Rússia na Ucrânia. “ A captura de Pokrovsk pela Rússia pode remodelar a dinâmica do conflito ” sempre que acontecer, então é natural que eles queiram se antecipar ou encontrar uma maneira de congelar o conflito depois.

Europeus patéticos dão luz verde a Israel para continuar com crimes de guerra

Finian Cunningham* | Strategic Culture Fundation© Foto: REUTERS/Domínio público | # Traduzido em português do Brasil

O argumento do “apaziguamento” é inteiramente apropriado em relação a Israel e ao genocídio em Gaza e no Líbano.

É quase hilário se não fosse tão condenável. O regime israelense está atacando as forças de paz das Nações Unidas e tudo o que os governos europeus patéticos conseguem fazer é um apelo meloso “de que esses ataques devem parar imediatamente”.

Cerca de 15 membros da Força Interina da ONU no Líbano (UNIFIL) ficaram feridos até agora depois que as Forças de Defesa Israelenses, chamadas de Orwellianas, atacaram suas bases. Há relatos confiáveis ​​de tanques da IDF colidindo deliberadamente com uma base da UNIFIL, uma torre de vigia sendo explodida pela artilharia israelense e armas químicas disparadas contra soldados da paz.

A UNIFIL está implantada no sul do Líbano sob uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas para manter um acordo de paz negociado após a guerra de 2006 com Israel. A invasão do Líbano por Israel no mês passado e o bombardeio contínuo de todo o país são uma violação grosseira da resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU.

Tropas de 16 países europeus participam da operação de manutenção da paz da UNIFIL, com França, Itália e Espanha fornecendo as maiores contingências.

A União Europeia emitiu uma declaração: “A UE condena todos os ataques contra missões da ONU. Ela expressa preocupação particularmente grave com relação aos ataques das Forças de Defesa Israelenses (IDF) contra a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), que deixaram vários soldados da paz feridos. Tais ataques contra soldados da paz da ONU constituem uma grave violação do direito internacional e são totalmente inaceitáveis.”

Washington dá 30 dias a Israel para permitir assistência humanitária em Gaza

Camila Vidal - Antena 1, em RTP

Os Estados Unidos lançaram uma espécie de ultimato, dando 30 dias a Israel para que permita a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Os norte-americanos terão mesmo acenado com a suspensão do fornecimento de armas ao país aliado.

Entretanto, o exército israelita voltou a atacar os subúrbios da capital do Líbano. Depois de vários dias sem bombardeamentos, Beirute voltou a ser abalada por explosões. Israel garante que o ataque teve como alvo um armazém estratégico de armas que pertencia ao movimento Hezbollah.

Ler/Ver em RTP: Guerra no Médio Oriente. A escalada do conflito ao minuto

Israel diz que foram disparados 50 projécteis do Líbano

RTP | Lusa

O exército de Israel afirmou que foram disparados 50 projéteis, na última madrugada, contra o norte do país a partir do Líbano.

"Alguns projéteis foram intercetados", acrescentou o exército, sem mencionar a existência de vítimas.

Já o movimento xiita libanês Hezbollah afirmou ter disparado "uma grande salva de mísseis" na direção da cidade de Safed, no norte israelita.

Cinco pessoas morreram e 16 ficaram feridas na terça-feira num ataque das Forças de Defesa de Israel contra Rayak, no leste do Líbano, disseram as autoridades libanesas.

Num balanço divulgado anteriormente por Beirute, pelo menos 2.350 pessoas morreram e 10.906 ficaram feridas em ataques israelitas no último ano.

O Hezbollah e Israel estão em confronto desde 8 de outubro de 2023, um dia após o início da guerra na Faixa de Gaza, e, durante quase um ano, as hostilidades limitaram-se a trocas de tiros junto à fronteira, conhecida como "Linha Azul", linha de demarcação estabelecida pela ONU entre Israel e o Líbano em junho de 2000.

Cinco mortos, três dos quais menores, em novo ataque israelita no Líbano

RTP | Lusa

Pelo menos cinco pessoas morreram, das quais três são menores, num novo ataque das Forças de Defesa de Israel no leste do Líbano, no âmbito da sua ofensiva contra a grupo xiita Hezbollah, segundo as autoridades libanesas.

O Ministério da Saúde Pública detalhou que o ataque ocorreu na cidade de Rayak, localizada na província de Bekaa.

As autoridades libanesas indicaram nas redes sociais que, além dos cinco mortos, 16 pessoas ficaram feridas.

Segundo um balanço anteriormente divulgado pelo Governo do Líbano, pelo menos 2.350 pessoas morreram e outras 10.906 ficaram feridas em ataques israelitas no último ano.

Em comunicado, o Centro de Operações de Emergência do Ministério da Saúde Pública libanês indicou que só na segunda-feira pelo menos 41 pessoas morreram e outras 124 ficaram feridas em "ataques do inimigo israelita".

De acordo com os dados fornecidos pelo ministério libanês, 17 pessoas foram mortas no sul do Líbano, outras três no oeste do Vale do Bekaa e 21 num bombardeamento contra a cidade predominantemente cristã de Aitou, que pela primeira vez foi incluída no raio de ação das forças israelitas.

Estas mortes elevam para pelo menos 1.356 o número de vítimas desde 23 de setembro, altura em que Israel intensificou as suas operações militares no Líbano.

O grupo xiita libanês Hezbollah e Israel estão em confronto desde 08 de outubro de 2023, um dia após o início da guerra na Faixa de Gaza, e, durante quase um ano, as hostilidades limitaram-se a trocas de tiros sobre a divisão comum, conhecida como "Linha Azul".

A chamada "Linha Azul" é a linha de demarcação estabelecida pela ONU entre Israel e o Líbano em junho de 2000.

Contudo, no final de setembro, Israel iniciou uma ampla campanha de bombardeamentos que se concentrou no sul e no leste do Líbano, mas também nos subúrbios de Dahieh, no sul de Beirute, um bastião do Hezbollah, onde foi morto o seu líder, Hassan Nasrallah, bem como outros altos quadros do grupo armado libanês apoiado pelo Irão.

Mais recentemente, o Exército israelita realizou também ataques que fizeram dezenas de mortos no centro da capital libanesa e contra zonas do norte do país, dantes considerados locais mais seguros para largos milhares de deslocados que fogem dos bombardeamentos.

Segundo o Governo libanês, mais de 1,2 milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, embora apenas cerca de 188 mil tenham sido registadas nos 1.059 abrigos criados pelas autoridades em todo o Líbano.

Ler/Ver em RTP:

Processo do GES. Tribunal começa a ouvir gravação de interrogatório de Salgado

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Hungria e Eslováquia reagem à hostilidade ucraniana

Lucas Leiroz* | Infobrics | # Traduzido em português do Brasil

Como previsto por vários especialistas, a paciência da Hungria com a Ucrânia acabou. Budapeste anunciou que bloqueará os fundos de ajuda da UE para Kiev até que o regime neonazista retome o trânsito de petróleo russo para a Hungria e a Eslováquia. A medida é importante para a recuperação da soberania de alguns países europeus em meio ao atual contexto de submissão absoluta à OTAN - além de aprofundar ainda mais a crise diplomática entre Kiev e Budapeste.

O ultimato húngaro foi anunciado pelo Ministro das Relações Exteriores Peter Szijjarto. Anteriormente, a Ucrânia havia interrompido o fluxo de petróleo russo pelo oleoduto Druzhba, justificando sua medida com base nas sanções ocidentais contra a empresa de energia russa Lukoil. A medida afetou diretamente a Hungria e a Eslováquia, países-membros da UE que precisam do petróleo russo para suprir cerca de 40% de seu consumo doméstico.

Como bem se sabe, Hungria e Eslováquia têm sido dois dos principais países dissidentes dentro do Ocidente Coletivo quando se trata de guerra com a Rússia. Defendendo uma política externa focada na proteção do cristianismo e dos valores tradicionais, bem como tendo grandes preocupações humanitárias com os húngaros étnicos em território ucraniano, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban tem usado sua influência internacional para aliviar a atmosfera antirrussa na Europa. Na mesma linha, Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia, mantém uma política externa pragmática e pró-multipolar, agindo de acordo com os interesses do povo eslovaco - conhecido mundialmente por ter laços fraternos com os russos.

Não é por acaso que a UE quer criar sanções que obstruam o fornecimento de energia desses países. Com a Hungria e a Eslováquia evitando impor sanções à Rússia, a manobra conjunta da UE e da Ucrânia para afetar esses países é por meio do uso de sanções específicas visando empresas que fornecem petróleo a esses estados. Obviamente, Budapeste não aceitou esse tipo de chantagem e respondeu com um ultimato oficial à Ucrânia para reverter as medidas coercitivas.

Até que Kiev cumpra com as exigências da Hungria, Budapeste bloqueará os fundos da UE destinados à Ucrânia. Como resultado, pelo menos 6,5 bilhões de euros que seriam entregues a Kiev permanecerão congelados, prejudicando significativamente o programa de assistência militar. Esta é uma medida punitiva verdadeiramente inovadora, e a primeira medida desta natureza tomada por um país europeu para sancionar a Ucrânia desde o início da operação militar especial.

Angola | Bode Justiceiro e Cabra Expiatória – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias) declarou arbitrária a prisão de Carlos São Vicente e ilegal o seu julgamento. Por isso recomendou ao Executivo a sua libertação imediata. A resposta do Titular do Poder Executivo chegou muitos meses depois com a intervenção de João Lourenço na 79ª Assembleia-Geral da ONU. Disparou contra todos os países e instituições que não alinham com as arbitrariedades e ilegalidades do poder político e judicial em Angola. Mal andou quem fez do Presidente da República o Bode Justiceiro e Super-Homem que salvou do descrédito total o dito combate à corrupção. Fracasso total e de goleada.

O combate à corrupção tem sete anos e, finalmente, alguém percebeu que é preciso dar credibilidade e seriedade ao processo. O Estado de Direito não aceita justiceiros. No regime democrático não há lugar para “repúblicas de juízes” e muito menos de funcionários do Ministério Público. A justiça das cordas, da chibatada e da palmatoada foi enterrada pelos combatentes do MPLA há muitas décadas. 

O esbulho, o roubo, a ocupação das propriedades alheias foram postos em causa pelo menos desde que foi abolido o Estatuto dos Indígenas das Províncias da Guiné, Angola e Moçambique (Decreto-Lei número 39.666 de 20 de Maio de 1954). Até os colonialistas e fascistas portugueses perceberam que esse caminho estava errado. O nosso Bode Justiceiro resolveu desenterrar todo esse lixo e fazer dele Política de Estado. Quem não fez prova de pertencer à casta presidencial, levou com o Serviço Nacional da Recuperação de Activos (SENRA).

O sucesso desta chicana política com laivos de tragédia económica está à vista. Grupos empresariais angolanos, de angolanos, criados por angolanos foram destruídos impiedosamente. Arranjaram uns quantos Tuti Fruti, Jaimes, Aguinaldos ou Freitas, para fazerem o serviço, a troco de um prato de arroz com feijão ou mesmo arroz contra arroz. Exibem despudoradamente a riqueza criada pelos outros.

(A direcção do MPLA, sob liderança de José Eduardo dos Santos, decidiu abandonar a democracia representativa e o socialismo, aderindo à democracia representativa e ao capitalismo. Para isso foi preciso criar uma burguesia nacional possidente e com nervo financeiro. Até os sicários da UNITA entraram no pacote do enriquecimento. Os cofres públicos financiaram essa operação. Se isso não fosse feito, vinham os capitalistas estrangeiros e tomavam conta de tudo. Como estão a tomar desde 2017, o início da era do nosso Mobutu).

Angola | Malefícios do Mobutismo à Lourenço -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Acácio Barradas fez grande parte da sua carreira profissional no Jornal do Congo (Uíje), ABC Diário da Tarde e revista Notícia (Luanda). Por onde passou fez escola. Era um mestre na organização do espaço. Ensinou-me essas técnicas quando eu era um aprendiz iniciado. Cheguei a velho sempre aprendiz. O empregado da embaixada dos EUA em Luanda, Faustino Henrique, face a uma notícia falsa sobre a minha pessoa comentou: Wa kuka kia! O que ele não sabe é que essa expressão também se aplica a jovens que se comportam como velhos Ele é um velho empregado do estado terrorista mais perigoso do mundo. E faz de conta que é jornalista no Jornal de Angola. Bom disfarce!

Nos anos 60 Acácio Barradas animava uma tertúlia literária em Luanda. Ele mesmo declamava poemas de Agostinho Neto, António Jacinto, Viriato da Cruz, Mário António e dele próprio. Um dia levou-me. Tinha uns papéis com poemas manuscritos e declamei um, intitulado A Cidade e o Silêncio. Desde esse momento também declamava poemas meus. Passei à escrita regular de poesia. Barradas foi empurrado para fora de Angola pela PIDE. Em Portugal arranjou trabalho no Diário Popular de Abel Pereira e Jacinto Baptista, mestres com os quais também tive a honra de trabalhar no semanário “O Ponto”.

No golpe de estado do 27 de Maio 1977 Acácio Barradas convidou-me a reportar sobre o acontecimento o que fiz durante mais de um mês, com várias reportagens e textos de opinião. No início de 1992 (19 a 22 de Janeiro) decorreu em Lisboa o primeiro Congresso dos Jornalistas Portugueses sob o lema “Liberdade de Expressão, Expressão da Liberdade”. Estávamos em plena maka da “Peça e Quadro” que levou à prisão de Fernando Costa Andrade (Ndunduma) e outros militantes do MPLA. A peça teatral e o quadro eram uma crítica mordaz ao Presidente José Eduardo dos Santos.

Face à repressão, solidarizei-me com os meus camaradas e publiquei no semanário “Expresso” um texto de opinião sobre o acontecimento. Como coincidiu com o primeiro congresso dos jornalistas, apresentei uma tese tendo como tema as prisões de Luanda. Acácio Barradas era da comissão organizadora do congresso e admitiu a minha tese.

Portugal | O BES, DEZ ANOS DEPOIS

Nuno Vinha* | Diário de Notícias | opinião

Hoje arranca, dez anos depois dos factos, o julgamento do Caso BES, um emaranhado de crimes financeiros que atirou para o charco um grupo bancário histórico, que resultou em prejuízos ao Estado, a empresas e a privados superior a 18 mil milhões de euros, e deu novas (e pouco hagiográficas) conotações ao apelido Espírito Santo.

Desconheço os argumentos que serão esgrimidos em tribunal; que desculpas serão usadas para os comportamentos dos responsáveis; que acusações se aguentarão. O caso está, desde já, coberto por uma película pastosa da lentidão que dificilmente sairá com a ação centrifugadora de uma sentença. Desconfio que os portugueses não ficarão mais ou menos contentes no caso de algum dos acusados vir a cumprir pena. Afinal de contas, a sentença passada aos contribuintes foi decidida em 2014 - com a separação do BES (banco mau) do Novo Banco (o banco bom) - e em 2017, com um acordo de venda à Lone Star. Estas duas decisões - a primeira de Carlos Costa e Passos Coelho e a segunda de António Costa e Mário Centeno - passaram-nos a todos uma fatura superior a 8,2 mil milhões de euros. É o valor estimado atualmente para a construção do novo aeroporto de Alcochete. Foi isto que os contribuintes pagaram até 2023, segundo o Tribunal de  Contas. É claro que isto pagou a não-implosão total dos BES, salvando muitas empresas, famílias e, em última análise, a economia portuguesa nesses anos, uma vez que o custo da eventual liquidação do BES seria bastante superior. Foi o exemplo português do “Too Big to Fail”. Essa circunstância não nos deve impedir de escrutinar os erros políticos e de supervisão. Nem devemos desvalorizar o comportamento criminoso de quem movimentou milhões entre as contas das empresas do Grupo BES para ocultar um buraco que os portugueses têm de pagar.

Mas o colapso do BES não foi apenas o maior escândalo financeiro em Portugal desde o célebre caso protagonizado há 100 anos por Artur Alves dos Reis. Foi o colapso de um grupo empresarial que tinha uma influência relevante em vários setores da economia portuguesa, como a banca, os seguros, a energia, as telecomunicações, a comunicação social, a construção civil e a indústria. A sua influência nos principais partidos políticos era também evidente, com quadros do Grupo Espírito Santo a marcarem presença na maior parte dos Governos que estiveram em funções até então. O fim do BES foi um terramoto na economia e na política e o país que daí resultou é diferente a vários níveis. Temos uma economia mais concorrencial e livre. E, goste-se ou não, o poder que antes estava alegadamente concentrado nas mãos de Ricardo Salgado - justa ou injustamente, frequentemente descrito na época como o “DDT” (“Dono Disto Tudo”) - está hoje disperso por alguns grupos nacionais e por vários fundos estrangeiros que controlam áreas-chave da economia portuguesa.

* Diretor-Adjunto do Diário de Notícias

Portugal | O ÚLTIMO RECURSO

Henrique Monteiro | HenriCartoon

Alois Alzheimer foi um psiquiatra e neuropatologista alemão conhecido sobretudo por ter sido o primeiro autor a reconhecer como entidade patognomónica distinta a doença neurodegenerativa que hoje tem o seu nome. (Wikipédia)

Portugal | "Justiça a passos de caracol": TEATRO SALGADO NO BAIRRO DA EXPO '98 *


Espírito Santo. Ricardo Salgado identificado e dispensado no início do julgamento

Cristina Santos | RTP | Imagem Tiago Petinga - Lusa

Ricardo Salgado foi esta terça-feira identificado e acabou por ser dispensado pelo coletivo de juízes. No Campus de Justiça, em Lisboa, o advogado de defesa do antigo banqueiro não poupou críticas: "Abriu-se uma página negra na justiça portuguesa".

Após Ricardo Salgado ter sido dispensado, o advogado de defesa criticou o coletivo de juízes, ao afirmar que “sabemos como estas pessoas [com demência] são tratadas” no estrangeiro e “como são tratadas no mundo incivilizado”.

Francisco Proença de Carvalho recordou que foi apresentado um relatório médico que disse que “uma anterior sessão tinha tido efeitos muito negativos”, mas o ex-banqueiro teve mesmo que se apresentar em tribunal, esta terça-feira de manhã.

“Abriu-se uma página negra na justiça portuguesa (…) diante de todo mundo”, afirmou o advogado de Ricardo Salgado.

No entanto, a defesa não pediu para entrar pela garagem, como já o fez em outra ocasião. Preferiu a entrada principal do tribunal. Questionado pelos jornalistas sobre estra decisão, Francisco Proença de Carvalho respondeu com a frase “é um espaço público”.

Quanto às respostas de Ricardo Salgado, deu a morada errada, errou no nome da mãe e não soube dizer a data de nascimento. O advogado de defesa disse ter pouca esperança neste julgamento.

O antigo banqueiro chegou ao Campus de Justiça de mão dada com a mulher e acompanhado pelo advogado de defesa, Francisco Proença de Carvalho. Ricardo Salgado apareceu visivelmente debilitado e o caminho até à entrada do tribunal foi longo e confuso.

Nos momentos iniciais não houve presença da polícia. Questionado pela repórter da RTP Mariana Flor sobre as condições da chegada de Ricardo Salgado, Francisco Proença de Carvalho admitiu que “poderia ter sido evitado”.

São vários os lesados do BES que marcam presença no exterior do tribunal. São também muitos os jornalistas nacionais e internacionais.

Um lesado do BES aproximou-se do antigo banqueiro para lhe dizer que "tinha capacidade para resolver o problema dos lesados". Antes já se tinha instalado a confusão.

Na sala de audiências, a defesa requereu "que procedesse à identificação e que a seguir o dispensasse de ficar na audiência e de comparecer nas seguintes".

Ricardo Salgado acabou por ser dispensado e saiu pela garagem.

* Titulo PG

Ler/Ver mais em RTP:

Colapso do GES desencadeado por buraco financeiro de 180 milhões

Lesados do BES fazem protesto simbólico junto ao Campus de Justiça

Ao fim de uma década. Começa o julgamento do processo do Grupo Espírito Santo

Ricardo Salgado apresentou-se no Campus de Justiça

"A Ruína do BES". Segundo episódio analisa momento em que grupo se encaminha para o precipício

Colapso do GES foi desencadeado por buraco financeiro de 180 milhões de euros

Lesados do BES. Protesto leva carro funerário ao tribunal

Mais lidas da semana