Baptista-Bastos – Jornal de Negócios, opinião
António José Seguro tem dificuldade em afirmar-se como alternativa a Pedro Passos Coelho. Que lhe falta? O desembaraço na resposta, a força das convicções e o desejo anímico de impor a presença.
António José Seguro tem dificuldade em afirmar-se como alternativa a Pedro Passos Coelho. Que lhe falta? O desembaraço na resposta, a força das convicções e o desejo anímico de impor a presença. A figura também não o ajuda. Brunido, de fato grave e gravatas à moda, liso, especado, surge como um terceiro oficial de Finanças que fechou um dia aborrecido e rotineiro e está desejoso de chegar a casa. Depois, quando fala, a voz carece de ímpeto, de indignação, de fúria.
Não é só a aparência que embaraça o caminho de Seguro. É a sombra de Sócrates, permanente e chata, a espreitar por tudo o que é sítio. Queira-se ou não, o actual residente em Paris, deixou um lastro de saudade em muitos dos seus. Os "socratistas" quase se impedem de saber que o seu ídolo arrastou o País para a beira do abismo, e que a ascensão de Pedro Passos Coelho se deve mais a demérito dos antagonistas do que a mérito próprio. Os socialistas não têm juízo e, como outrora, no caso de Cavaco, o epifenómeno Passos Coelho era um incidente à espera de acontecer. O susto é que Cavaco dura até hoje, com os resultados que se conhecem, e muita gente não quer ver ou deseja ocultar.
O grupo de Passos tem conduzido o País a uma situação-limite, não só devido a obediência cega à troika como aos ditames de uma direcção europeia também ela sem saber o que fazer. Mesmo entre os apaniguados, já se começa a notar um certo grau de impaciência, e acusam Passos e os ministros da Economia e da Finanças de atroz incompetência. As federações patronais, intimidadas com o grau de desemprego no País, exigem que o Executivo mude de rumo e tome decisões acertadas, que não estas, notoriamente desastradas. Já se percebeu que os métodos impostos pela troika apenas conduzem ao desastre. E o patronato sabe muito bem que, sem trabalhadores, não há lucro nem poder.
Perante esta situação, o PS de Seguro limita-se a vagas proposições, e o secretário-geral ganhou uma briga com o grupo parlamentar, ao sugerir que deviam apoiar as leis laborais. Houve, como se sabe, quase um levantamento de indignação, com declarações inflamadas que se não ficaram pelo reduto do Largo do Rato. A dubiedade política de Seguro e os cuidados manifestos em contornar as dificuldades, em vez de as enfrentar denotam fragilidades ideológicas, mas também de carácter, que se não coadunam com as urgências e as necessidades das ocorrências. Como ensinou Ortega, o homem é ele e a sua circunstância.
Como se estes casos não bastassem, eis que o Marcelo, impante e feliz, procede, na TVI, no passado domingo, a uma dedução olímpica, sobre o aparente manobrismo de Seguro, no caso dos novos estatutos do PS. A natureza do assunto encheu de alegria o Marcelo. Os seus comentários não caíram bem em Seguro, que os classificou de "vis" e "miseráveis." A papa estava feita, para uma polémica desgraçada, sem direcção nem substância. Marcelo disse, logo a seguir, que iria responder no local próprio, ou seja, no púlpito da TVI, próximo domingo. Está tudo à espera. Seguro devia ter passado com indiferença pelo caso, e, talvez, respondido com um seco: "Não faço comentários aos comentários de comentadores." E estava o assunto encerrado, com grave prejuízo do Marcelo, que se péla por factos assim, ou semelhantes. Mas não: Seguro surgiu, na antena que o teria afectado, e, com severidade inusitada, tentou limpar-se do desaforo.
Entretanto, o País soçobra. A miséria, o desemprego, a fome, os sem-abrigo, os que não têm dinheiro para sobreviver, os que desandam para o estrangeiro aumentam assustadoramente. O Executivo de Passos Coelho está a dizimar o Serviço Nacional de Saúde, a dar cabo do Ensino, a cortar cegamente nos salários dos mais pobres, a criar situações terríveis de ruptura e de desespero, a atacar o funcionalismo publicar, com a aparente indiferença de quem se está marimbando.
O próprio Pedro Passos Coelho teve o descoco de afirmar: "Quando batermos no fundo, subiremos." E assim vai o esplendor de Portugal.
Não é só a aparência que embaraça o caminho de Seguro. É a sombra de Sócrates, permanente e chata, a espreitar por tudo o que é sítio. Queira-se ou não, o actual residente em Paris, deixou um lastro de saudade em muitos dos seus. Os "socratistas" quase se impedem de saber que o seu ídolo arrastou o País para a beira do abismo, e que a ascensão de Pedro Passos Coelho se deve mais a demérito dos antagonistas do que a mérito próprio. Os socialistas não têm juízo e, como outrora, no caso de Cavaco, o epifenómeno Passos Coelho era um incidente à espera de acontecer. O susto é que Cavaco dura até hoje, com os resultados que se conhecem, e muita gente não quer ver ou deseja ocultar.
O grupo de Passos tem conduzido o País a uma situação-limite, não só devido a obediência cega à troika como aos ditames de uma direcção europeia também ela sem saber o que fazer. Mesmo entre os apaniguados, já se começa a notar um certo grau de impaciência, e acusam Passos e os ministros da Economia e da Finanças de atroz incompetência. As federações patronais, intimidadas com o grau de desemprego no País, exigem que o Executivo mude de rumo e tome decisões acertadas, que não estas, notoriamente desastradas. Já se percebeu que os métodos impostos pela troika apenas conduzem ao desastre. E o patronato sabe muito bem que, sem trabalhadores, não há lucro nem poder.
Perante esta situação, o PS de Seguro limita-se a vagas proposições, e o secretário-geral ganhou uma briga com o grupo parlamentar, ao sugerir que deviam apoiar as leis laborais. Houve, como se sabe, quase um levantamento de indignação, com declarações inflamadas que se não ficaram pelo reduto do Largo do Rato. A dubiedade política de Seguro e os cuidados manifestos em contornar as dificuldades, em vez de as enfrentar denotam fragilidades ideológicas, mas também de carácter, que se não coadunam com as urgências e as necessidades das ocorrências. Como ensinou Ortega, o homem é ele e a sua circunstância.
Como se estes casos não bastassem, eis que o Marcelo, impante e feliz, procede, na TVI, no passado domingo, a uma dedução olímpica, sobre o aparente manobrismo de Seguro, no caso dos novos estatutos do PS. A natureza do assunto encheu de alegria o Marcelo. Os seus comentários não caíram bem em Seguro, que os classificou de "vis" e "miseráveis." A papa estava feita, para uma polémica desgraçada, sem direcção nem substância. Marcelo disse, logo a seguir, que iria responder no local próprio, ou seja, no púlpito da TVI, próximo domingo. Está tudo à espera. Seguro devia ter passado com indiferença pelo caso, e, talvez, respondido com um seco: "Não faço comentários aos comentários de comentadores." E estava o assunto encerrado, com grave prejuízo do Marcelo, que se péla por factos assim, ou semelhantes. Mas não: Seguro surgiu, na antena que o teria afectado, e, com severidade inusitada, tentou limpar-se do desaforo.
Entretanto, o País soçobra. A miséria, o desemprego, a fome, os sem-abrigo, os que não têm dinheiro para sobreviver, os que desandam para o estrangeiro aumentam assustadoramente. O Executivo de Passos Coelho está a dizimar o Serviço Nacional de Saúde, a dar cabo do Ensino, a cortar cegamente nos salários dos mais pobres, a criar situações terríveis de ruptura e de desespero, a atacar o funcionalismo publicar, com a aparente indiferença de quem se está marimbando.
O próprio Pedro Passos Coelho teve o descoco de afirmar: "Quando batermos no fundo, subiremos." E assim vai o esplendor de Portugal.
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