Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*
O director do Expresso, Ricardo Costa, disse hoje que quer saber quem ordenou um relatório sobre a sua vida profissional e pessoal e espera que essa resposta seja dada "ao mais alto nível".
Vai esperar sentado, como é óbvio. Aliás, ele sabe que é mesmo assim. O máximo que se conseguirá saber é que a culpa volta a ser da dona Maria – a mulher da limpeza.
O Expresso 'online' noticiou hoje que o antigo director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e ex-administrador do grupo Ongoing, Jorge Silva Carvalho, tinha um relatório detalhado sobre a vida do director do semanário.
Trabalhando em série, como parece ser a vocação dos mais recentes espiões made in Portugal, é provável que Jorge Silva Carvalho, este ou outro qualquer do mesmo jaez, para lá tenha informações sobre muitos outros jornalistas da praça.
E como espião prevenido vale mais algumas coisa, os directores e similares que iam ao beija-mão do anterior sumo pontífice socialista, José Sócrates, que se cuidem. Enquanto jornalistas venderam a alma e, por isso, sujeitam-se a que a história tenha novos capítulos.
"O documento, a que o Expresso teve acesso, tem 16 páginas e contém informação pormenorizada sobre aspectos pessoais e profissionais de Ricardo Costa, incluindo relações afectivas, nomes, idades e escolas frequentadas pelos filhos menores, uma análise do seu perfil e dos seus aliados e adversários, bem como um historial desde os seus tempos do liceu", refere o semanário.
Convenhamos que estes supostos discípulos de Silva Pais parecem, de facto, querer honrar as técnicas e estratégias da PIDE/DGS. Tal como Rosa Casaco, estes novos espiões não olham a meios para atingir os seus fins, os fins de uma ambição desmedida onde vale tudo… até mesmo tirar olhos.
"Não sei se o secretário-geral dos Serviços de Informação da República tem a noção de que estas coisas são feitas sobre os jornalistas", comentou o director do Expresso.
Para eles, se calhar bem mais do que a PIDE, os jornalistas nada significam, a liberdade nada significa, a democracia menos ainda. Eles, com a necessária ajuda (mesmo que passiva) dos políticos, apenas querem ser co-proprietários do reino.
Aliás, numa altura em que se conhecem mais ou menos quem são os donos dos jornalistas mas, pelo contrário, se desconhece quem são os donos dos donos, importa dizer que por via maçónica, partidária, homossexual ou outra, muitos desses supostos jornalistas chegaram a cargos de topo sem saberem ler nem escrever. Portanto…
Em segundo lugar, acrescenta Ricardo Costa, "não faz sentido que os jornalistas sintam que, de alguma forma, estão eventualmente a ser espiados por autoridades públicas, ainda muito menos quando depois esses serviços têm relações com interesses privados mais ou menos obscuros".
De uma coisa todos podem estar certos. Não são muitos os jornalistas espiados. E não são porque esse tipo de espionagem só é necessária quando os jornalistas têm coluna vertebral e tomates. E como o Ricardo Costa sabe, são cada vez menos os que se podem gabar disso.
Se os jornalistas portugueses se limitasses, a bem da nação, a fazer o que o poder político e seus lacaios querem, ou seja a reproduzir as ordens, dando tudo (muitos já nem usam vaselina, tal é a prática) o que têm para agradar ao chefe, evitassem contar até 12… para não terem de se descalçar, nenhum espião estaria interessado neles.
Mas como muitos deles, mais do que serem jornalistas, querem é ser directores, lá andam com uma mão à frente e outra atrás, com frascos de vaselina no bolso, a mendigar de joelhos, de cócoras ou na horizontal. E quando lá chegam, mesmo quando muda o chefe do posto, não podem ter ambições que vão além de sipaio.
* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
Título anterior do autor, compilado em Página Global: NEM AS CRIANÇAS (MORTAS) ACORDAM A NATO
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