Jornal de Notícias
O ex-líder da
CGTP-IN Carvalho da Silva afirmou, este sábado, que o "recuo" do
Governo na TSU é o resultado "da luta do povo" e que a reunião do
Conselho de Estado só tentou "lavar a face do Governo".
"Foi encanar a
perna à rã, tentar lavar a face ao Governo, tentar provar que está vivo, que
mexe e que governa. A reunião não foi para discutir saídas, foi para
consolidar, dar credibilidade a uma coisa que já estava concertada em favor e
em defesa da manutenção deste Governo", disse à Lusa Manuel Carvalho da
Silva.
Carvalho da Silva
argumentou que
"o recuo" do Governo na Taxa Social Única (TSU) não existiria sem
as manifestações de sábado passado, considerando que essa é uma "lição
fundamental" a retirar. "O que determina o caminho da sociedade é a
ação ou inação do povo", sublinhou.
O antigo líder
sindical falava à Lusa à margem de um debate sobre "os desafios da
denúncia ao memorando", no âmbito da preparação do Congresso Democrático
das Alternativas, que se realizará a 5 de Outubro, em Lisboa.
"Se o país
está à espera que venha da Presidência da República uma alternativa, estamos
mal. O recuo que o Governo é obrigado a fazer é resultado da luta do povo, dos
trabalhadores portugueses. É preciso é não parar. Foi muito importante que
ontem se tivesse mantido aquela movimentação e que haja uma clarificação",
argumentou.
Segundo Carvalho da
Silva, "já há muitos artistas da política que têm grande responsabilidade
nesta situação de descalabrado e que começam a querer repartir, a dizer que
isto é um problema de todos e que as manifestações são contra a
responsabilidade de todos".
"É muito
importante que tenha havido um consenso crítico relativamente à Taxa Social
Única e que haja consensos críticos em relação a outras matérias, mas a
clarificação das posições para se encontrarem saídas de futuro é outro passo do
processo", afirmou.
O Congresso
Democrático das Alternativas insere-se neste estádio do processo, ao tentar
"encontrar denominadores comuns" a partir das posições das diferentes
forças políticas, de organizações diversas, académicos e "cidadãos
empenhados".
Questionado sobre
uma convergência entre PS, PCP e BE, Carvalho da Silva referiu que uma sondagem
recente mostrou que o Governo tem apenas 34 por cento eleitorado e que,
portanto, "os que estão de fora, se são a maioria, têm que procurar
encontrar sintonias".
"Os
compromissos podem ser datados, serem compromissos para alguns grandes
objetivos e depois serem reformulados, mas é necessário encontrar isso. Tem que
haver uma dinâmica na sociedade que force a exigência de respostas aos
problemas das pessoas", argumentou.
Para Carvalho da
Silva, as manifestações de sábado mostraram essa necessidade, sendo que a
resposta das forças políticas tem que ser responder, sem
"tacticismos" a esse desafio.
"Tem que se
manter uma unidade de combate contra este desastre, contra este consenso podre
que nos trouxe até aqui, mas, ao mesmo tempo darem-se passos de resposta.
Nenhuma força política pode ficar a fazer cálculos de como lhe é mais ou menos
vantajoso do ponto de vista tático. Há que agir visando estrategicamente
resolver os problemas das pessoas", defendeu.
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