Soldados alemães e
baterias de mísseis antiaéreos devem ser enviados como força de dissuasão a
ataques das forças sírias sobre a fronteira turca. Medida tem caráter
estritamente defensivo.
O gabinete do
governo federal da Alemanha declarou nesta quinta-feira (06/12) que deverá
reforçar a defesa antiaérea da Turquia para evitar possíveis ataques de mísseis
provenientes da Síria. O anúncio foi feito pelos ministros da Defesa, Thomas de
Maizière, e do Exterior, Guido Westerwelle, segundo o qual "nunca se sabe
que atitudes um regime autoritário em decadência pode tomar".
A medida prevê o
envio de até 400 soldados e estações de lançamento de mísseis Patriot, e é
válida até 31 de janeiro de 2014 – podendo ser concluída antes desse prazo,
conforme o desenrolar da situação na Síria. Os Estados Unidos e a Holanda
também deverão tomar parte na iniciativa comandada pela Organização do Tratado
do Atlântico Norte (Otan).
"Estritamente
para defesa"
Na próxima
quarta-feira, o parlamento alemão vai discutir a medida, que deve ser aprovada
dois dias depois, mas não sem gerar polêmica entre os parlamentares. Jan van
Aken, do partido A Esquerda, acusa o governo alemão de fomentar o conflito na
Síria. A conseqüência do apoio à Turquia e aos rebeldes sírios poderia resultar
em um conflito internacional.
Os ministros, no
entanto, esclareceram que o envio dos mísseis Patriot não tem como objetivo
criar uma zona de exclusão aérea na Síria, nem exercer vigilância sobre o país.
"O objetivo
dessa medida é estritamente defender a Turquia de possíveis ataques"
afirmou de Maiziere. Em meio à guerra civil no país vizinho foram lançadas
granadas também no lado turco da fronteira de 900 quilômetros. Soldados leais
ao presidente Bashar al-Assad também atacam rebeldes dentro do território
turco.
Westerwelle
rejeitou a possibilidade de uma missão militar da Otan no país. "A
Alemanha não considera ou sequer planeja uma intervenção na Síria." O
jornal alemão Süddeutsche Zeitung havia relatado que o secretário-geral da
Otan, Anders Fogh Rasmussen, teve uma conversa a portas fechadas sobre uma
possível ação militar em território sírio.
Ministro alerta
sobre possível uso de armas químicas
Segundo o ministro
alemão do Exterior, o limite para uma ação mais enérgica seria a utilização de
armas químicas por parte das tropas leais ao governo, o que certamente levaria
as Nações Unidas a modificarem sua postura atual. "Nesse caso, Rússia e
China também reconsiderariam suas posições", afirmou o ministro. O governo
russo é um dos principais apoiadores do regime Assad, e a China tem uma
política rígida de não-intervenção, mesmo quando a população civil é vitimada.
Maizière ressaltou
que os mísseis Patriot são capazes de interceptar ataques aéreos de diversos
tipos. A Síria possui algumas centenas de mísseis com alcance de até 700 km, o
que permitiria o ataque a uma parte considerável do território turco. No
entanto, a iniciativa da Otan deverá intimidar qualquer intenção do regime de
Assad de retaliar o país vizinho. "Esse é o real objetivo dessa
estratégia, a dissuasão", afirmou o ministro.
Defesa antiaérea
Uma bateria de
mísseis Patriot consiste em um painel de controle de fogo, um radar para
detectar possívels alvos e até oito lançadores, cada um com capacidade para
oito míssies. Na Otan apenas Alemanha, EUA e Holanda possuem a versão mais
moderna desse sistema de defesa aérea, com softwares atualizados e sistema
preciso de radar, capazes de disparar misses PAC-2 e PAC-3. Esse último é capaz
de aniquilar até armas de destruição em massa.
Nesta quinta-feira,
o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, e sua colega americana Hillary
Clinton se reunem em Dublin com o mediador internacional Lakhdar Brahimi para
deliberar sobre a situação na Síria.
RC/rtr/dpa/afp - Revisão: Francis França
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