Chegarão os vinte e
sete dirigentes a um acordo sobre o orçamento da UE para 2014-2020?
Provavelmente. Mas será em detrimento de pequenos acordos que comprometem o
futuro, lamenta “Le Monde”.
Tornou-se uma
tradição: os chefes de Estado e de governo europeus reuniram-se numa primeira
cimeira, que ficou marcada por desacordos e pelo seu fracasso. Uma segunda
reunião permite normalmente encontrar o compromisso necessário para imprimir
uma nova dinâmica. É o que deverá acontecer no Conselho
Europeu dos dias 7 e 8 de fevereiro, que prevê a aprovação do orçamento da
União para 2014-2020, após um
primeiro fracasso no outono de 2012.
Imprimir uma nova
dinâmica? Estamos longe disso. Este projeto é uma réplica do passado. A sua
estrutura data de vinte anos. Representa menos de 1% da riqueza da União. É
dominado pelas despesas
agrícolas e as ajudas regionais, enquanto os
projetos de futuro sofrem variáveis de ajustamento.
Maior crise desde a
guerra
Como mostrar
interesse por este tipo de projeto? Os franceses garantem que as despesas
agrícolas são investimentos para o futuro, mas as suas exportações
agroalimentares, inferiores às da Alemanha e da Holanda, dizem o contrário. Os
países do Sul e de Leste defendem as ajudas regionais, mas estas últimas não
revelaram ser muito eficientes face à crise do euro. Por outro lado, os
verdadeiros investimentos de futuro são sacrificados: os europeus são incapazes
de lançar programas de investigação sérios e os seus projetos de
infraestruturas são um condensado das grandes obras propostas por Delors em...
1994.
Temos o direito de
exigir mais. A Europa atravessa a sua maior crise económica e social desde a
guerra. A sua moeda esteve prestes a desaparecer. No entanto, continuam a fazer
pequenos ajustamentos. Mesmo os partidários de um orçamento elevado e defensores
do programa de trocas universitárias Erasmus, não estão de todo convencidos do
valor acrescentado deste orçamento.
Preparar o futuro
O resultado é
inevitável: todos procuram diminuir a sua contribuição. David Cameron já salvou
o abatimento britânico. Os alemães, suecos, holandeses e austríacos esforçam-se
para conseguir o mesmo. Além disso, existe uma grande diferença entre as
despesas previstas e as verdadeiras despesas feitas para reconciliar os países
contribuidores e beneficiários.
Esta negociação não
é digna da Europa. É necessário repensar um orçamento que prepare o futuro, com
uma verdadeira solidariedade federal para as regiões atingidas por um
desemprego massivo. Ao receber
François Hollande em Estrasburgo, os eurodeputados alertaram que, caso as
condições atuais se mantivessem, rejeitariam este orçamento. Não estão errados.
A Europa não ficaria sem os seus recursos porque o seu orçamento seria renovado
todos os anos. Os europeus devem aproveitar as eleições de 2014 para expressar
a sua ambição orçamental coletiva. O novo Parlamento e a nova Comissão teriam,
finalmente, um mandato para preparar o futuro.
Traduzido por Rita
Azevedo
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