MARISA SOARES e RITA
SIZA - Público
O FBI admite estar
à procura de ligações terroristas às explosões de segunda-feira. As
investigações vão passar a uma "escala global". Foram usadas bombas
artesanais, carregadas de estilhaços de metal, que obrigaram a muitas
amputações. Um dos três mortos era um rapaz de oito anos. Boston reforçou a
segurança, mas a cidade vai manter-se aberta. Barack Obama prometeu encontrar e
punir os responsáveis.
O Presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, insistiu que as autoridades do seu país vão
encontrar os responsáveis pelos actos terroristas em Boston e prometeu justiça
para as vítimas das explosões junto à meta da maratona da cidade.
“Saibam isto: os
cidadãos americanos recusam ser aterrorizados”, declarou na tarde desta
terça-feira, desafiando os autores do ataque.
Obama fez uma curta
declaração ao país depois de reunir com os responsáveis pelas investigações. As
suas primeiras palavras foram de conforto para as vítimas e de respeito para
todos aqueles que se comportaram com “heroísmo” perante circunstâncias
inimagináveis. “Os maratonistas que continuaram a correr até aos hospitais para
dar sangue, as pessoas que rasgaram as suas roupas para fazer torniquetes e
assistir os feridos”, enumerou.
Depois, o
Presidente salientou que a investigação está em curso e pediu a colaboração
para os esforços das autoridades.
“Para já o que
sabemos é que foram detonadas duas bombas e que dessas explosões resultaram
danos muito consideráveis. Mas não sabemos quem são os responsáveis, se foi o
acto de uma organização terrorista, doméstica ou internacional, ou se foi obra
de um ou mais indivíduos perturbados. E também não sabemos as razões que estão
por detrás destes actos terroristas”, resumiu Barack Obama.
Investigação à
escala global
Depois de socorrer as vítimas, a polícia norte-americana procura agora os
responsáveis pelas duas explosões junto à linha da meta da maratona de Boston,
que na segunda-feira
provocaram três mortos e pelo menos 176 feridos, dos quais 17 em estado
crítico, segundo o balanço feito nesta terça-feira . O FBI admite estar à
procura de ligações terroristas, e já chamou a CIA a participar na
investigação.
"Não há
ameaças adicionais conhecidas" em Boston, afirmou Richard DesLauriers,
agente especial do FBI, a polícia federal norte-americana, na mais recente
conferência de imprensa sobre o ataque de segunda-feira.
DesLauriers
confirmou que não foram encontrados mais engenhos explosivos, além dos dois que
explodiram, uma informação repetida pelo governador de Massachusetts, Deval
Patrick. "É importante clarificar que dois, e apenas dois, engenhos
explosivos foram encontrados ontem [segunda-feira]". As primeiras
informações davam conta que outros engenhos tinham sido encontrados pela
cidade, um dado agora desmentido pelas autoridades.
O agente sublinhou
que o FBI não recebeu qualquer informação sobre possíveis ameaças antes da
maratona, reforçando que não foi detectada, entretanto, "qualquer ameaça
iminente". As investigações não vão ser apenas internas, "vão ser a
uma escala global", anunciou Richard DesLauriers. "Vamos até ao
fim do mundo para identificar quem é ou são os responsáveis por este
crime", garantiu.
Taliban dizem não
estar envolvidos
Até ao momento, nenhum indivíduo ou organização reivindicou a autoria do
ataque. As fontes citadas pelas agências internacionais dizem que os
investigadores estão a trabalhar com base em duas teorias: de que o ataque
poderá ter partido de grupos de extrema-direita que se têm revelado
particularmente activos em protestos contra o pagamento de impostos ou a
intervenção do Governo federal; ou então poderá ter sido levado a cabo por
militantes islamistas com acesso aos manuais de fabrico de bombas
disponibilizados por organizações como a Al-Qaeda para a Península Árabe.
O porta-voz dos
taliban do Paquistão, Ahsanullah Ahsan, garantiu que a sua organização não teve
qualquer envolvimento com as explosões durante a maratona de Boston. Os taliban
ameaçam frequentemente retaliar contra os Estados Unidos por causa do seu apoio
ao Governo de Islamabad. Mas num telefonema com a Associated Press, a partir de
um local não identificado, aquele dirigente quis deixar claro que os taliban
não tiveram nenhuma responsabilidade nem participaram no ataque de
segunda-feira.
Também a Irmandade
Muçulmana do Egipto fez questão de se demarcar dos acontecimentos de Boston:
num comunicado divulgado esta terça-feira, a Irmandade condenou o atentado e
endossou condolências às famílias das vítimas e aos Estados Unidos. Sublinhando
que a lei islâmica “rejeita firmemente qualquer ataque contra civis, não aceita
que se aterrorizem pessoas com base na religião, raça ou género”, os membros da
Irmandade Muçulmana manifestaram a sua “solidariedade” com os esforços da
comunidade internacional para garantir que estes crimes “nunca mais se
repitam”.
FBI sem suspeitas
O comissário da polícia de Boston confirmou, por sua vez, que ninguém ficou
detido desde o início das investigações. Apesar de ter sido feita
inicialmente uma detenção pela polícia local, o FBI continua sem suspeitos nem
pistas relativamente à origem e motivações do ataque.
Esta manhã, o FBI
tinha afirmado que decorre “uma investigação criminal que é uma investigação a
um potencial acto terrorista”. A segurança será reforçada em Boston
durante o dia, mas a cidade vai estar “aberta” e a “funcionar”, garantiu o
governador do Massachusetts. No entanto, a área envolvente ao local das
explosões permanecerá vedada, “provavelmente durante vários dias”.
As
explosões, que ocorreram quase em simultâneo às 14h50 locais (19h50 em Lisboa),
foram provocadas por “engenhos poderosos”, segundo a polícia. As explosões
estão a ser consideradas o pior ataque à bomba em solo americano desde os
sucedidos com aviões a 11 de Setembro de 2001.
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