LA
VANGUARDIA, BARCELONA – Presseurop – imagem Hassan
Bleibel
Mutualizar a partir
de agora as dívidas dos bancos da zona euro, tal como o BCE deseja, ou esperar
que cada país trate da sua própria situação, como exige Berlim? É necessário
que se façam ambos, estima o Eurogrupo. Resta saber como conciliá-los.
A união bancária é,
atualmente, um teste sobre o futuro da zona euro. Se avançar, é um sinal
positivo; caso contrário, não será uma boa notícia. Mas a questão é que, apesar
de a Europa ser certamente a solução, as coisas são mais complicadas porque as
posições nacionais e institucionais divergem.
A questão
fundamental é como se vai fazer frente à elevada dívida bancária, talvez
desconhecida no futuro. A
Alemanha coloca uma questão básica: quem se encarrega do balanço de um
banco quando ele vai à falência (como
o Bankia) e, por sua vez, quem deve garantir os depósitos de uma entidade
com problemas.
As duas fases
defendidas por Schäuble
São problemas
reais, resolvamo-los primeiro à escala nacional, diz. O BCE afirma que a união
bancária deve avançar. A polémica é positiva, entendendo que a resolução dos
problemas reais não é imaginária. A Europa entrou na hora do realismo puro, não
das declarações. E isso é um desafio.
Há uma nova onda de
ceticismo europeu, ao mesmo tempo que se levanta a possibilidade de uma
separação de zonas, entre o Norte e o Sul, mas os factos não permitem alimentar
essa ideia. As reuniões financeiras internas são tão transparentes que na
própria Alemanha há debate entre Schäuble e o conselheiro alemão Jörg Asmussen,
responsável pelas relações internacionais do BCE.
Para Schäuble, há
muito crédito tóxico escondido nos bancos europeus e entregue a empresas e
instituições públicas. Uma união bancária precipitada levaria a que o fundo
financeiro que deverá garantir o equilíbrio geral ficasse sobrecarregado com
dívidas incobráveis. Por isso, defende duas fases, uma primeira de saneamento à
escala nacional, com toda a carga de reformas e ajustes que implica e, uma vez
realizado este período, abrir caminho à cobertura de riscos futuros da zona
euro. Ou seja, a dívida não desaparecerá por artes mágicas ao ser passada para
outros, o mesmo é dizer, os contribuintes dos países da zona euro, mas cada um
deve assumir a sua dívida. É o princípio da responsabilidade.
Agir em conjunto
O BCE, pela boca de
Asmussen, mostrou a sua confiança em poder conjugar a supervisão bancária que
lhe será entregue com a deteção dos riscos do sistema que vigia e, assim,
iniciar a sua desativação. Sobre as responsabilidades em fazer face aos pedidos
dos afetados em caso de liquidação de um banco, a questão continua em aberto,
bem como a da gestão de um fundo de apoio para os bancos que dele precisem. Mas
tudo pode e deve ser feito ao mesmo tempo. Estar juntos é isso.
Apesar do pó e da
confusão que tudo isto levanta, o Eurogrupo reconheceu que as objeções alemãs
eram razoáveis, ao mesmo tempo que incentivou a continuação do processo de
integração bancária. Provavelmente, percebeu que a nova normalidade não é o
resultado da complacência, mas sim de uma reavaliação das exigências que a
globalização impõe.
Traduzido por Maria
João Vieira
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