Ana Tomás – Jornal i
O antigo presidente
do PSD considera que o primeiro-ministro está sozinho e que o partido hibernou
Marques Mendes
considera que o anúncio que Passos Coelho fez, em entrevista ao Expresso, de
que tenciona recandidatar-se nas próximas eleições legislativas, foi um recado
para o PSD.
O antigo presidente
dos sociais-democratas disse esta noite, no seu espaço de comentário semanal na
SIC, que o primeiro-ministro " teve necessidade de dizer para dentro do
partido" que iria recandidatar-se.
Para Marques
Mendes, neste momento Passos Coelho aparece sozinho, sem o apoio de outros
ministros nas alturas mais difíceis e sob o silêncio do PSD, e por isso a
notícia da sua intenção em se voltar a candidatar foi, sobretudo, para o seu
partido.
"Há um
conjunto de ministros que também podiam dar a cara. E depois o PSD parece que
hibernou", defendeu Marques Mendes, lembrando situações como o anúncio de
medidas difíceis ou a explicação da polémica dos swaps que ficaram a cargo de
Passos Coelho. "Isto é muito desgastante", sublinhou.
Apesar do anúncio
feito este sábado por Passos Coelho, o PSD continua a cair nas sondagens, o que
o antigo dirigente social-democrata encara como normal, dada a conjuntura.
Porém, avisa que "tem de ter cuidado senão pode ter derrota
histórica"
Marques Mendes
considera também que declarações como as que Vítor Gaspar fez na passada
sexta-feira, quando associou a queda de chuva à quebra do investimento,
prejudicam a imagem do governo e reflectem-se na opinião pública.
"Um ministro
das Finanças não deve fazer declarações com algum sentido de humor porque
ninguém entende", afirmou, e apesar de não defender a sua substituição, o
comentador sugere alguma contenção por parte Vítor Gaspar. "A soluação é
falar menos, acertar mais e deixar os outros terem o palco."
O antigo presidente
do partido comentou também o facto de o FMI admitir ter cometido erros no
programa grego e entende que esta é a altura para o governo renegociar o
memorando português com melhores condições.
"Agora vamos
com melhores condições pedir uma renegociação da troika. Acho isto de bom
senso. E se não for bem gerido pelo governo vai ser um berbicacho para a
coligação. O primeiro-ministro devia definir a orientação pública",
sustentou.
Quanto à
contestação nas ruas, Marques Mendes defendeu que a greve geral era
"previsível", pelas actuais lideranças das duas centrais e disse
concordar com a sugestão do primeiro-ministro em relação às greves dos
professores, de serem canalizadas para o dia da greve geral.
"A sugestão do
primeiro-ministro faz algum sentido. Acho que os professores prejudicam a sua
imagem com estas greves às avaliações", referiu, acrescentando que as
paralisações acabam por ser "um ataque à escola pública" que
defendem, "porque nas escolas privadas não vai haver greve".
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