domingo, 9 de junho de 2013

Portugal: RECANDIDATURA DE PASSOS FOI RECADO “PARA DENTRO DO PARTIDO”

 

Ana Tomás – Jornal i
 
O antigo presidente do PSD considera que o primeiro-ministro está sozinho e que o partido hibernou
 
Marques Mendes considera que o anúncio que Passos Coelho fez, em entrevista ao Expresso, de que tenciona recandidatar-se nas próximas eleições legislativas, foi um recado para o PSD.
 
O antigo presidente dos sociais-democratas disse esta noite, no seu espaço de comentário semanal na SIC, que o primeiro-ministro " teve necessidade de dizer para dentro do partido" que iria recandidatar-se.
 
Para Marques Mendes, neste momento Passos Coelho aparece sozinho, sem o apoio de outros ministros nas alturas mais difíceis e sob o silêncio do PSD, e por isso a notícia da sua intenção em se voltar a candidatar foi, sobretudo, para o seu partido.
 
"Há um conjunto de ministros que também podiam dar a cara. E depois o PSD parece que hibernou", defendeu Marques Mendes, lembrando situações como o anúncio de medidas difíceis ou a explicação da polémica dos swaps que ficaram a cargo de Passos Coelho. "Isto é muito desgastante", sublinhou.
 
Apesar do anúncio feito este sábado por Passos Coelho, o PSD continua a cair nas sondagens, o que o antigo dirigente social-democrata encara como normal, dada a conjuntura. Porém, avisa que "tem de ter cuidado senão pode ter derrota histórica"
 
Marques Mendes considera também que declarações como as que Vítor Gaspar fez na passada sexta-feira, quando associou a queda de chuva à quebra do investimento, prejudicam a imagem do governo e reflectem-se na opinião pública.
 
"Um ministro das Finanças não deve fazer declarações com algum sentido de humor porque ninguém entende", afirmou, e apesar de não defender a sua substituição, o comentador sugere alguma contenção por parte Vítor Gaspar. "A soluação é falar menos, acertar mais e deixar os outros terem o palco."
 
O antigo presidente do partido comentou também o facto de o FMI admitir ter cometido erros no programa grego e entende que esta é a altura para o governo renegociar o memorando português com melhores condições.
 
"Agora vamos com melhores condições pedir uma renegociação da troika. Acho isto de bom senso. E se não for bem gerido pelo governo vai ser um berbicacho para a coligação. O primeiro-ministro devia definir a orientação pública", sustentou.
 
Quanto à contestação nas ruas, Marques Mendes defendeu que a greve geral era "previsível", pelas actuais lideranças das duas centrais e disse concordar com a sugestão do primeiro-ministro em relação às greves dos professores, de serem canalizadas para o dia da greve geral.
 
"A sugestão do primeiro-ministro faz algum sentido. Acho que os professores prejudicam a sua imagem com estas greves às avaliações", referiu, acrescentando que as paralisações acabam por ser "um ataque à escola pública" que defendem, "porque nas escolas privadas não vai haver greve".
 
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