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STAE confirma que
partido não se inscreveu nesta terça-feira (6/8), data limite para o registro
no pleito. MDM defende que RENAMO e FRELIMO deveriam ser responsabilizadas por
"situação negativa que país esta a passar".
Após o fim do prazo
legal de inscrição dos partidos e organizações paras as eleições autárquicas, a
Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) não consta entre as siglas
concorrentes. A confirmação foi dada pelo Secretariado Técnico da Administração
Eleitoral (STAE) à DW África no final da tarde desta terça-feira (6/7).
Dezoito partidos, grupos de associações e uma coligação já estão inscritos para as eleições autárquicas de 20 de novembro em Moçambique. O maior partido da oposição tem ameaçado boicotar o pleito caso não sejam atendidas as suas exigências, nomeadamente, em relação à lei eleitoral.
Na segunda-feira (5/7), a 13ª ronda negocial entre RENAMO e governo da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) voltou a terminar sem avanços. Face ao impasse político, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira força política do país, considera que tanto a FRELIMO como a RENAMO não estão interessadas num verdadeiro diálogo.
Na opinião do líder
do MDM, Daviz Simango, os dois partidos pretendem coligar-se para dominarem o
cenário político do país. "Não vão produzir nada porque é um diálogo de
surdos", dispara Simango.
Para ele, FRELIMO e
RENAMO se limitam a "gastar recursos do erário público sem produzirem
nada". Ele diz que não há razões para que as duas formações políticas, que
dizem estar em diálogo, levem tanto tempo para discutir o assunto.
"Há má vontade política e, de certo modo, também se nota o comodismo por parte da oposição. Nota-se que a RENAMO está a ficar atrás, a FRELIMO está a perder o terreno e há o interesse dos dois por tentarem travar o MDM", afirmou o líder do MDM em entrevista exclusiva à DW África.
Histórico de desavenças
Em clima de tensão política, a RENAMO contesta as eleições a 20 de Novembro. A FRELIMO, no poder, por sua vez, está em fase de eleição interna dos candidatos aos municípios. Por outro lado, o MDM, fundado em 2009, e que conta com oito deputados na Assembleia da República, está mobilizado.
Simango já anunciou que o partido irá, pela primeira vez, candidatar-se aos 53 municípios do país. "Não é negando ao processo de votação que se diz que se está a fazer política. O que se está a criar é a promoção da atitude arrogante do partido no poder", reclamou.
Ele lembrou que, em 1998, o partido no poder concorreu sozinho. Para ele não se pode permitir prejudicar os calendários eleitorais, os périplos eleitorais de 5 em 5 anos, dando início a "diálogos fantasmas, no lugar de mobilizar os moçambicanos para a mudança", ponderou Simango.
O líder do MDM
salientou que o seu partido deseja que hajam eleições. Ele não aceita que sejam
criadas "linguagens ou situações para se dizer que o país está num estado
de sítio e que não há condições para eleições".
Simango acha que as
duas siglas adversárias deveriam ser responsabilizadas pelo que qualificou como
"situação [política] negativa que Moçambique está a passar".
Quebra de hegemonia
O Movimento Democrático de Moçambique é o único partido da oposição moçambicana que governa duas autarquias: Beira e Quelimane, no centro do país. Daviz Simango irá recandidatar-se, pela terceira vez, ao município da Beira e seu correligionário Manuel Araújo voltará a concorrer em Quelimane.
O partido já apresentou os candidatos para a capital e ainda para a província de Sofala (centro) e Nampula (norte). Neste momento, o MDM prepara a recolha de assinaturas dos apoiantes para que possa estar presente em todos os municípios.
Questionado sobre os objetivos do Movimento Democrático de Moçambique para as autárquicas, Daviz Simango respondeu que o MDM não está sob pressão. "Estamos a entrar no campeonato, estamos a entrar no jogo eleitoral e vamos ver onde podemos chegar", afirmou. Para ele, o importante é vencer "de uma forma justa e transparente".
"Gostaríamos de alertar ao partido no poder que não use a violência, que não instrumentalize a polícia porque nós não queremos violência nestas eleições, como aconteceu em Inhambane e como tem acontecido noutros pleitos eleitorais", disse. Simango também chamou a atenção do STAE, que está a organizar o processo no terreno, para que "promova a transparência".
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