Arlindo Santana –
Folha 8, edição 1160, 28 setembro 2013
Desde há muito tempo
que temos vindo a verificar um endurecimento da já de si ríspida e tradicional
repressão policial (da Polícia Nacional em geral), efectuada sobretudo sobre
quem não manifeste adesão ao regime político instaurado desde há quase 40 anos
no nosso país. Tem-se verificado, pelo mesmo andar do andor, um desaparecimento
progressivo e constante do respeito pelas leis de Angola, a começar pela
própria Constituição, que é positivamente massacrada, pisoteada ou ignorada pelas
mais importantes e ufanas instituições encarregadas de a defender e de velar
pela sua obediência por parte de todos os cidadãos, sem considerações prévias
de origem social étnica, ou tendências religiosas.
Esta semana, isto
numa outra vertente, na noite desta terça-feira (24.09.13), quando saía da
Universidade onde dá aulas no bairro Morro Bento, o nosso director William
Tonet saiu ileso de um atentado atribuído a soldados da UPG. “Uma viatura com
homens fortemente armados, vinha em sentido contrário, nas imediações do Morro Bento,
quando William Tonet saía da Faculdade.” “Chocaram com o carro de propósito,
desceram da viatura em que se faziam transportar, apontaram armas e deram
empurrões de forma ameaçadora”, explicou WT, acrescentando que os supostos
soldados da UGP, “Puseram-se em retirada, quando pessoas se aproximaram do
local. A viatura de William Tonet ficou totalmente danificada na parte frontal”.
Vai de si que,
sendo esta a versão da vítima, sem possibilidade de ter acesso à versão do
autor do pretenso atentado, uma vez que a UGP está acima da lei, a pontos de as
suas viaturas nem sequer terem placa de matricula quando saem à rua e os seus
soldados serem anónimos, sem nome, sem rosto e, em casos como este, sem rasto
possível de seguir - estamos em Angola numa M de democracia – o caso do
atentado a WT nem sequer existe para esses senhores de um poder político e
económico que está nitidamente a chegar ao seu termo de validade.
Reconsiderando à
luz do acontecimento, concordemos que, de facto não há meio de provar que houve
atentado, mas a verdade é que, em todo e qualquer caso de figura, é muitíssimo mais
fácil e mesmo possível dar a prova de que houve crime, agravado pela fuga do
criminoso e pelo véu de anonimato de que ele, ilegalmente frui, do que afirmar
que se trata de um abalroamento involuntário. Por outro lado, a impunidade dessas
pessoas que manejam os monstros motorizados que são as “carrinhas” da UGP, estende-se
à impotência PN, interdita de agir a propósito de seja que caso for atinente às
suas exacções, abalroamentos, eventualmente crimes e assassinatos. Toda essa
gente goza de uma impunidade institucionalizada! Curiosa democracia a nossa,
não é verdade? Ademais, na sua condição de indícios numerosos e concordantes,
muitos são os exemplos dados na prática deste regime JES/ MPLA de que há uma
concertação de procedimentos tendentes a criar um clima, um ambiente e uma forte
tendência para a generalização da prática de perseguição daqueles que se opõem
ao regime instituído.
William Tonet é um
exemplo vivo de alvo de perseguições em todos os géneros, desde este recente abalroamento
voluntário, passando por sabotagens de travões e de pneus nas suas viaturas,
até ao ponto de ser excessivamente ostracizado e ser de forma ilegal afastado
das suas atribuições de advogado pela Ordem dos Advogados de Angola que em princípio
deveria defender os seus pergaminhos e interesses. Não, o que se passa com WT no
seio da OAA é uma história de bufos e de intrigas forjadas num total repúdio da
ética e legislação vigente pelos próprios agentes superiores da lei angolana.
Não há nada a fazer, o desempenho da PN e dos magistrados em geral é claramente
duvidoso, partidocrata e parcial, é vesga, pode mesmo ser completamente cego,
sentenciar o absurdo e agir com extrema violência. Seguem-se aqui adiante
alguns exemplos das exacções que escapam calma e folgadamente a todas as leis.
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