Deutsche Welle
Aulas paralisadas
na Huíla há quase um mês colocam quase 30 mil alunos em risco de perder o ano
letivo. A imprensa está proíbida de abordar o assunto, apesar disso violar um
direito contemplado na Constituição angolana.
Em greve estão
perto de 22 mil professores do ensino geral na província da Huíla, no sul de
Angola, protestando contra o não cumprimento do legislado por parte do
ministério da Educação. A continuação da paralisação está a preocupar pais e
alunos, numa altura em que faltam menos de dois meses para o fim do ano letivo
de 2013 e quando, cujas as avalições finais, estão calendarizadas para 22 de
novembro de 2013
O que está a
motivar a greve é, segundo os professores, o não pagamento das colaborações por
parte do Governo desde 2001, a cobrança de subsídios no salário base e o
congelamento de progressão na carreira que o Ministério da Educação diz ter
terminado, mesmo sem contemplar os docentes do ensino geral.
Silenciamento da
imprensa
Em risco de
perderem o presente ano letivo de 2013 estão mais de 30 mil crianças. Para
poder minimizar a situação, o Governo Provincial liderado por João Marcelino
Tchipingui, também ele professor de profissão, terá orientado os órgãos locais
de informação a não abordar o assunto na imprensa. Contudo, esta orientação
representa uma violação do direito de informação, presente na Constituição
angolana, e diversos jornalistas lamentam a sugestão do Governo Provincial.
"A Huíla está
a viver um silenciamento da imprensa pública quando há uma greve no ensino
geral", diz revoltado Teodoro Albano, jornalista da Voz da América.
Explica que são mais de um milhão de crianças sem aulas e que este
acontecimento é "a todos os níveis de interesse público", reitera.
Para o jornalista,
é "caricato" o silêncio da imprensa perante uma greve tão expressiva.
"Esta situação leva-nos a questionar como está a gestão da informação no
nosso país", afirma.
Já o jornalista
Sebastião da Silva, da Rádio Despertar, acusa Angola de ainda viver num
"sistema ditatorial". Contactados pela DW África, a direção dos
órgãos de comunicação locais preferiram não comentar o assunto.
Durante negociações
no primeiro trimestre, o Governo Provincial da Huíla e o Sindicato Nacional de
Professores (SINPROF) acordaram que, num horizonte temporal de 120 dias, os
desentendimentos entre as partes teriam que se resolver.
Pais exigem consenso
Temerosos de que os
seus filhos percam o presente ano letivo, pais e encarregados de educação
imploram ao Governo por diálogo e pela procura efetiva de uma solução urgente.
Um pai relembra que "está a terminar o ano lectivo" e que por isso
"deviam chegar a um consenso pois esta situação não começou agora".
Apesar de já terem
sido alcançados alguns objetivos da SINPROF, João Francisco, secretário
provincial do Sindicato, diz que nem todos os professores estão satisfeitos com
as conquistas. "O resultado não foi suficiente para desanuviar a tensão
gerada no seio dos professores", reitera. João Francisco diz que os
professores concordam em manter a greve até obterem respostas concretas do Governo.
Motivados por falta
de resultados, a Assembleia de professores decretou a continuidade da greve no
ensino geral, de acordo com o secretário provincial do SINPROF. "A
Assembleia é soberana nos nossos estatutos", indica. Afirma que poderiam "suspender
a greve e optar pela via diplomática, mas quem decide é a Assembleia."
Tanto o director
provincial da Educação da Huíla, Américo Chicoty, bem como a vice-governadora
para o setor político e social e coordenadora da Comissão de negociação, Maria
João Tchipalavela, mostraram-se indisponíveis para prestar declarações.
Autoria: Anselmo
Vieira (Huíla) – Edição: Francisca Bicho / Madalena Sampaio
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