Postimees,
Talin – Presseurop – imagem Peter
Schrank
A Rússia pressiona
cada vez mais insistentemente os seus antigos satélites para que adiram ao seu
projeto de união euroasiática. A Lituânia, que apoia ativamente a aproximação
com a UE, está, também ela, a ser alvo de pressões cada vez mais fortes.
As penalizações
alfandegárias da Rússia sobre a Lituânia fazem parte de uma enorme luta pelo
poder, com o Kremlin a querer obstruir a política de Parceria Oriental da União Europeia – forçando
a Ucrânia, a Bielorrússia, a Moldávia, o Azerbaijão, a Geórgia e a Arménia a
desistirem de qualquer aproximação à Europa, empurrando novamente esses países,
por forma a ficarem sob a alçada de Moscovo, através da chamada união
(aduaneira) euroasiática.
No entanto, a
Lituânia, que atualmente ocupa a presidência rotativa da UE,
está a planear a assinatura de acordos comerciais durante a cimeira de Vílnius, em novembro, com os Estados
da Parceria
Oriental (exceto a Bielorrússia, que ainda faz parte da união aduaneira
euroasiática). A Lituânia tem defendido muito ativamente os Estados da Parceria
Oriental, chamando a atenção da UE para o facto de o Kremlin os pressionar com guerras
comerciais e outro tipo de chantagens.
Ao longo do mês de
setembro, os veículos com placas de matrícula lituanas têm sido alvo, na
fronteira lituano-russa, dos mais ferozes e cansativos procedimentos
aduaneiros; desde 11 de setembro, esses procedimentos impedem a passagem de
qualquer produto lituano para a Rússia. Esta semana, a Rússia anunciou regras
ainda mais rigorosas para os produtos lácteos de origem lituana. Evidentemente,
isto implica perdas económicas tanto para as empresas de transportes lituanas
como para os exportadores. Se isto não é uma ação punitiva do Kremlin por causa
da proteção aos Estados da Parceria Oriental, então o que é?
A batalha do
Cáucaso
Bom, qual é a
situação atual desta guerra geopolítica? Muito rapidamente, o Presidente Putin
conseguiu puxar a Arménia para a união aduaneira controlada pelo Kremlin. E o
resultado é que a Arménia não assinará qualquer acordo com a UE, em Vílnius.
Com a Arménia
controlada, o Azerbaijão será o alvo seguinte – tem-se especulado que passos
serão dados por Putin, e quando, no que diz respeito ao conflito de Karabakh; e
isso, no entanto, pode não ficar limitado a meras frustrações aduaneiras.
Apesar da enorme pressão, a Ucrânia mantém-se firme, inflexível à chantagem
do Kremlin; o Governo ucraniano já aprovou uma proposta de associação comercial
com a UE e espera assiná-lo em Vílnius. À Moldávia, foram feitas ameaças ainda
mais cruéis.
As ameaças podem
ser ainda mais cruéis em relação à Moldávia.
Segundo o vice-primeiro-ministro russo, caso a Moldávia continue a ter
aspirações europeias, poderá perder o controlo sobre a Transnístria e ter de
enfrentar um inverno gelado, ou seja, perder o seu fornecimento de energia.
Parece que a UE
está em vias de perder (ou já perdeu?) a batalha do [Norte do] Cáucaso; no
entanto, a norte do Mar Negro, a pressão do Kremlin teve o efeito contrário,
levando a Ucrânia, a Moldávia e a UE a uma cooperação mais estreita – e mais
rápida.
Ponto de vista
A chantagem e os
negócios lucrativos
“O Kremlin começou
uma guerra económica contra a Lituânia. Ou será mais correto dizer uma campanha
de terror?” escreve no Delfi o jornalista
lituano Valentinas Mitė:
Os nossos camiões,
cheios de produtos perecíveis, estão bloqueados na fronteira com o enclave
russo de Kaliningrado. Os empresários lituanos sofreram um prejuízo de milhões
de euros. O controlo dos carros tomou proporções ridículas. Moscovo quer
mostrar à insolente Lituânia a sua ira. Por outras palavras, um vizinho deve
ser um escravo ou um inimigo — “ili rab, ili vrag”, em russo. […] Toca a meter
os lituanos no mesmo grupo do que os ucranianos e os moldavos! Os ucranianos
tentam envenenar-nos com o seu chocolate, os moldavos com o seu vinho. Há
inimigos por todo o lado. Sobretudo os que estão ligados à UE.
No Slate.com, a
editorialista Anne Applebaum explica a atitude de Moscovo:
Uma vez que a
Europa conseguiu elaborar acordos de associação com a Arménia, a Ucrânia e a
Moldávia, não há nada que impeça a criação de acordos semelhantes com a Rússia
no futuro. Mas as elites russas, lideradas pelo Presidente Putin, não agem no
interesse da Rússia. Agem no seu próprio interesse. Por enquanto, estão
convencidas de que o nacionalismo económico e a linguagem do neoimperialismo
lhes vão garantir o apoio das pessoas e, se possível, dinheiro.
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