segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Portugal: Passos contrata empresa por 25 mil euros para atender telefones em São Bento

 

João D' Espiney – Jornal i
 
Teatro Nacional de São João paga 10,5 mil euros à consultora KPMG para melhorar plano contra a corrupção
 
Passos Coelho contratou uma empresa, em regime de outsourcing, para assegurar o atendimento telefónico na residência oficial do primeiro-ministro por 25,1 mil euros. Isto apesar de ter no seu gabinete dez secretárias pessoais, nove auxiliares, e 12 pessoas a prestar apoio técnico-administrativo em São Bento.
 
O contrato, assinado no dia 6 de Dezembro com a empresa We Promote - Outsourcing e Serviços, Lda. mas só publicado no dia 5 de Fevereiro no portal Base dos contratos públicos, inclui "designadamente as funções de atendimento telefónico, gestão, registo e encaminhamento de chamadas".
 
O gabinete do primeiro-ministro fundamenta a necessidade deste ajuste directo com "a ausência de recursos próprios".
 
O prazo do contrato é de um ano mas pode ser renovado por idêntico período "mediante aviso prévio por parte do gabinete de Passos Coelho.
 
Este já é o terceiro contrato celebrado pelo gabinete do primeiro-ministro com a empresa. O primeiro foi assinado no dia 4 de Fevereiro de 2012 por 10,4 mil euros e tinha um prazo de nove meses. O segundo foi celebrado a 15 de Janeiro de 2013 mas já por um prazo de 11 meses e 15 dias e por 12,5 mil euros. A justificação para adjudicar directamente com esta empresa foi sempre a mesma: "ausência de recursos próprios".
 
O i questionou o gabinete do primeiro--ministro sobre as razões que levaram a a contratar esta empresa, tendo em conta que o próprio gabinete já tem um número considerável de secretárias/assistentes mas até à hora de fecho desta edição não obteve qualquer resposta.
 
O i questionou ainda por que razão não recrutaram funcionários no grupo da mobilidade especial, evitando assim o recurso a uma empresa externa, mas também ficou sem resposta. Recorde-se que o governo lançou um programa de rescisões amigáveis destinado aos 213 mil trabalhadores com funções administrativas a auxiliares. Ao programa, que terminou a 30 de Novembro, recorreram cerca de 2600 funcionários.
 
Empresa-mãe ligada ao Luxemburgo
 
A We Promote é uma sociedade por quotas que tem por objecto a prestação de "serviços em geral, formação profissional, relações públicas, promoções, outsourcing, assistência a congressos e similares". Constituída em Fevereiro de 1996, a empresa é detida pela Sociedade Comercial Silvas (Primos), S.A., uma empresa de "compra e venda de bens imobiliários", que, por sua vez, é controlada pela Finanter Incorporation, uma empresa com sede no Luxemburgo.
 
Uma pesquisa no portal Base permitiu concluir que o primeiro contrato com esta empresa foi celebrado pela Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros (PCM) em Fevereiro de 2011. O contrato foi assinado por 36,3 mil euros e por um prazo de um ano.
 
A Secretaria-geral da PCM voltou a contratar a We Promote um mês depois mas desta feita para prestar serviços de "recepção e atendimento protocolar". O contrato de 10,7 mil euros tinha um prazo de execução de oito meses e 26 dias. Nestes dois contratos, a SG da PCM determinou que não era aplicável "a fundamentação da necessidade de recurso ao ajuste directo".
 
Consultora para evitar corrupção
 
Outro dos contratos publicados nos últimos quinze dias que suscita muitas dúvidas quanto à sua pertinência foi celebrado pelo Teatro Nacional de São João, no Porto.
 
Esta entidade decidiu contratar, no final do ano passado, a consultora KPMG por 10,5 mil euros "para proceder a um melhoramento e aprofundamento da implementação do Plano de Gestão de Riscos e Corrupção e Infracções Conexas".
 
Tendo em conta que é a primeira vez que um contrato deste tipo passa pelo Mercado da República, o i questionou os serviços de comunicação do Teatro sobre o objectivo deste contrato mas não obteve resposta.
 
Leia mais em Jornal i
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana