A CIA induziu em
erro o governo e a opinião pública norte-americana sobre parte do seu programa
de interrogatórios durante anos, segundo um relatório de uma comissão do Senado
citado hoje pelo Washington Post.
Em concreto,
segundo a comissão de serviços de informações do Senado, a CIA escondeu
pormenores sobre a dureza dos seus métodos, exagerou a importância de suspeitos
detidos e reclamou os louros de informações cruciais fornecidas por detidos
antes de serem submetidos às chamadas técnicas reforçadas, escreve o diário
norte-americano.
O relatório, de
6.300 páginas, foi elaborado com base na cronologia detalhada de dezenas de
detidos da CIA e descrito ao Washington Post por atuais e antigos responsáveis
políticos norte-americanos sob condição de anonimato.
Segundo o jornal, o
relatório descreve um padrão sustentado de alegações não fundamentadas, com
base nas quais a Agência Central de Informações dos Estados Unidos pediu
autorização -- e mais tarde defendeu -- para usar métodos de interrogatório
violentos que não produziram informações significativas, segundo os
responsáveis.
"A CIA
descrevia repetidamente (o programa), tanto ao Departamento de Justiça como
mais tarde ao Congresso, como (permitindo) obter informações únicas que não
podiam ser obtidas de outra forma e que ajudaram a desmantelar conspirações
terroristas e a salvar milhares de vidas", disse um dos responsáveis.
"Isso era verdade? Não", acrescentou.
O relatório inclui
novas revelações sobre a rede de prisões secretas operadas pela CIA e relata casos
até agora desconhecidos de abusos, como a submersão repetida de um suspeito em
tanques de água gelada no Afeganistão.
Este método
apresenta várias semelhanças com o 'water boarding' (simulação de afogamento),
mas nunca foi incluído em nenhuma lista de técnicas aprovadas pelo Departamento
de Justiça, segundo o jornal.
O relatório abrange
os anos em que a CIA foi dirigida por Leon Panetta (2009-2011), mais tarde
secretário da Defesa da presidência Obama (2011-2013).
Lusa, em Diário de
Notícias
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