domingo, 18 de maio de 2014

Eleições Guiné-Bissau: Participação abaixo da registada na primeira volta




A cerca de hora e meia do fecho das urnas, a participação na segunda volta das eleições presidenciais na Guiné-Bissau estava abaixo da registada na primeira ronda, a 13 de abril, anunciou a Comissão Nacional de Eleições (CNE).

"Pode considerar-se já terem votado entre 60 a 65% dos eleitores inscritos", referiu Kátia Lopes, juíza e porta-voz da CNE, pelas 15:30 (16:30 em Lisboa), com o encerramento da votação marcado para as 17:00 (18:00 em Portugal).

Na primeira volta das eleições presidenciais a participação foi de 89 por cento, a mais elevada de sempre na Guiné-Bissau, de acordo com os dados da comissão.

"Esperamos ver aumentada a participação no ato de votação, muito embora todos saibamos que estamos em plena campanha de castanha de caju que terá óbvios reflexos na disponibilidade dos cidadãos", acrescentou Kátia Lopes.

Ou seja, a CNE justifica a subida da abstenção com o facto de muitas pessoas não estarem na sua zona de residência e votação, deslocando-se para os campos de cajueiros e sem capacidade financeira para suportar deslocações acrescidas.

Ainda segundo os dados da CNE, na diáspora a taxa de participação oscilava entre 50 a 55 por cento.

Kátia Lopes recusou-se a comentar as denúncias de casos de agressão e intimidação contra dirigentes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) registados durante a última madrugada.

De acordo com aquela força política, que apoia a candidatura de José Mário Vaz, homens armados estão a tentar condicionar a votação através de ameaças e violência.

"Existem instâncias próprias para tratar o assunto", referiu a dirigente da CNE.

Ainda segundo Kátia Lopes, não há qualquer situação de alarme que obrigue a reforçar as medidas de segurança no apuramento e transporte dos votos após o encerramento das urnas.

José Mário Vaz, candidato mais votado na primeira volta e apoiado pelo PAIGC, e Nuno Nabian, apoiado Partido da Renovação Social (PRS), principal partido da oposição, são os dois candidatos na segunda volta das presidenciais.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Observadores da UE registam dois incidentes com dirigentes políticos

A equipa de observadores eleitorais da União Europeia na Guiné-Bissau registou dois incidentes com dirigentes políticos ocorridos durante a última madrugada, horas antes do início da votação para a segunda volta das eleições presidenciais.

“Temos informação dos nossos observadores em Bafatá sobre um caso de violência física contra um apoiante de um dos candidatos” e um outro relato sobre “um incidente em Bissau” contra o responsável de uma campanha, disse à agência Lusa, Krzystof Lisek, chefe da missão de observação da UE.

O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) já tinha denunciado hoje agressões e ações de intimidação contra os seus dirigentes em todo o país, especialmente em Bafatá, como forma de limitar a participação nas eleições.

José Mário Vaz, candidato presidencial apoiado por aquela força política, e Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC e próximo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, relataram os casos em que se inclui uma tentativa de assalto à casa de Baciro Djá, diretor nacional da campanha presidencial.

Ambos falam de uma manobra para forjar resultados, mas a UE refere que tudo está a decorrer com normalidade.

“Registámos [os incidentes], mas não nos compete investigar, isso é trabalho de polícia”, referiu Krzystof Lisek.

“De uma forma geral está tudo calmo, não há problemas de maior, há emoções porque é a votação final só com dois candidatos, mas mesmo entre apoiantes dos dois candidatos há uma boa atmosfera e competição amigável”, acrescentou.

Numa ronda por algumas de mesas de voto, o nível de participação aparenta ser menor que na primeira volta (realizada a 13 de abril, mesmo dia das eleições legislativas), verificou a agência Lusa.

No entanto, para Lisek, “ainda é cedo para avaliar”.

Seja de que maneira for, o chefe da missão de observação europeia recebeu no sábado garantias de “colaboração e cooperação” por parte dos dois candidatos presidenciais, José Mário Vaz e Nuno Gomes Nabian, com vista à construção da nova ordem constitucional na Guiné-Bissau.

“Ambos disseram-me que se pode esperar deles cooperação e colaboração, mesmo depois das eleições”, sublinhou.

Krzystof Lisek pediu-hes para esperarem pelos resultados oficiais da Comissão Nacional de Eleições (CNE) “antes de fazerem qualquer anúncio” e apelou também para que a competição entre as duas candidaturas continue a ser amigável.

“O respeito pela escolha do povo feita através de eleições é a condição para a ajuda da UE à Guiné-Bissau”, concluiu.

Lusa, em Açores 9

Sem comentários:

Mais lidas da semana