Mário Motta, Lisboa
A viagem de Cavaco
Silva à China foi gerida por uma grande máquina publicitária que tem tido o mérito
de transformar o odor da urina em água de cheiro. Importa saber os custos desta
deslocação e grande passeata de Cavaco àquela parte do mundo asiático
acompanhado por mais de centena e meia de penduras de sua comitiva, um avião
cheio de empresários, de políticos, de alegados representantes do povo português
que na península ibérica definha na tarimba da velhice, do desemprego, da fome e da miséria corroborada e assinada de cruz por Cavaco Silva em sintonia com o seu governo
PSD/CDS.
Da longínqua,
enorme e emergente China temos escutado e visto nas televisões os sorrisos
rasgados de Cavaco e seus acompanhantes. Frases padrão, corroboradas pela máquina
da mídia portuguesa, esforçam-se por pintar a passeata de Cavaco e seu séquito
como um grande sucesso nos negócios e nos “negócios” entre China e Portugal. “As
portas estão abertas para Portugal”, dizem e tentam convencer-nos dos bons
frutos do passeio faustoso pago por portugueses famintos. O que se pergunta é
se as portas não estavam já abertas para Portugal naquela parte do mundo. Que
se saiba já lá vão cinco séculos que as abriram. Mas não, Cavaco precisava de
passear, de preferência com gigantesca e dispendiosa comitiva. O festival megalómano
do parasitismo precisava desta dezena de dias na passeata asiática para pretextar
“portas abertas” para grandes negócios, para muitos mais turistas de olhos
rasgados a obrar milhões de dólares no Portugal pequenino à beira mar plantado –
mas enorme do Minho a Timor-Leste. E a língua, senhores, a língua portuguesa, tão
badalada por Cavaco. Quando sabemos que é à própria China que o português
interessa sobremaneira e que tem investido nessa vertente linguística, não
pelos os olhos sempre semi-serrados de Cavaco (mais virado para números que
cultura), mas sim pelo interesse que é manifesto pela China nos Palop e até em Timor-Leste. Além
do gigantesco e apetecível Brasil. Mas não. Cavaco, ilusoriamente, aproveita a
passeata em véspera de eleições europeias para mostrar serviço e um El Dorado
de olhos em bico que conseguiu junto com o seu apaniguado igualmente decrépito
Rui Machete, ministro dos Negócios Estrangeiros, e mais uns quantos ministros e
amigalhaços do tenebroso governo PSD/CDS.
E aí está a
chinfrineira que já dura há uma semana. Cavaco na China, em Macau… Blá, blá, blá.
Não precisava de ir à China mas foi. Fez-se acompanhar de mais de cem empresários,
de políticos de lorpas, amigalhaços azuis e laranjas, de penduras. Os do
costume e outros, sem contenção nas despesas, porque para Cavaco a crise não
existe. A instituição Presidência da República gasta que se farta. Nada contra
Cavaco ir à China. Mas podia ter ido a pé ou a suas expensas. Poupava-nos a
este espetáculo de operação “Olhos em Bico”, a tomar-nos por parvos. Foi um regabofe
no bem-bom do dispendioso passeio e o retorno será o que tiver que ser desde
que interesse à China e não por via da ida de Cavaco com os seus penduricalhos
do costume. É que a China já está em Portugal há muito e sabe aquilo que lhe
interessa. Não precisa nadinha deste presidencial caixeiro-viajante, vendedor
tosco e senil que é Cavaco. Só por que diplomacia oblige os sorrisos são
rasgados da parte do grande irmão chinês. O sorriso amarelo de Cavaco… Esse já
vem de sua nascença e dizem que é genético. Os trambolhos nunca mudam, só
aparentam adaptar-se segundo as suas conveniências. Tem-se visto isso mesmo no
atual PR, ante PM, antes salazar-marcelista. Da Pide dizem que foi ao menos colaborador… Este
revanchismo já cansa e está a tornar-se intolerável.
Foto em Ponto Final
Leia mais sobre
Cavaco na China, em Macau, nos jornais Ponto Final e Hoje Macau ou no blogue Aqui Tailândia, de José Martins.
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