Pedro d´Anunciação - Sol, opinião
António
Costa e Mário Soares, 2 pessoas por quem tenho grande apreço, vieram neste
momento, em que o PSD teve a sua maior derrota eleitoral de sempre (maior ainda
do que a de Durão Barroso), e o PS teve uma vitória considerável (como frisou
Francisco Assis, subiu de uma diferença favorável de 1%, nas autárquicas, para
praticamente 4%, nestas europeias) – vieram pois transformar a vitória do PS
numa derrota.
Só
porque acham que o PS devia ter arrasado, talvez com 40% dos votos. Nem
repararam no que aconteceu no resto da Europa, com todos os partidos do
sistema, incluindo socialistas e sociais-democratas (os quais, a nível europeu,
até ficaram atrás dos conservadores). Nem recordam que as sondagens já previam
ser o PS o partido mais prejudicado pela abstenção elevada.
Muito
bem: têm algum programa alternativo para apresentarem? Se o fizerem, e for
eleitoralmente mais apelativo do que o de Seguro, até compreendo o seu avanço.
Caso contrário, transformar esta vitória em derrota, por motivos puramente
pessoais, é apenas um tiro nos pés. Que está a permitir à Aliança Governamental
transformar a sua derrota em quase vitória.
De
facto, na Europa, não vale a pena votar – se nos lembrarmos que Barroso, depois
da clamorosa derrota sofrida nas anteriores europeias, foi alcandorado a
presidente da CE, com o prejuízo geral europeu unanimemente reconhecido. Talvez
agora queiram outro derrotado, e possam avançar Passos, ou Portas, ou algum dos
deles.
Por
mim, continuo a ver Seguro avançar seguramente para o Governo. E quanto mais
oiço os representantes da maioria governamental atacá-lo, melhor o acho. Por
muito que simpatize com Soares e Portas, se não têm nada para apresentar (nem
que seja o fim das mordomias politicas, quase todas aprovadas pelo PSD, mas bem
aproveitadas pelos do PS), só me custa vê-los assim a fazerem da vitória
indiscutível por 4 pontos de diferença uma derrota. E temo que o PS, nesse
caminho, acabe por chegar ao poder com um Passos Coelho qualquer (que os há por
todos os partidos: ignorantes, incompetentes, sem formação académica, só com
currículo de jota), como já uma vez chegou com Sócrates, quando o PSD podia bem
ter chegado com o muitíssimo melhor, e na altura tão criticado internamente,
Marques Mendes.
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