Angola
vai continuar a crescer economicamente, mas a um ritmo lento demais para que a
população sinta as melhorias. Esta é a conclusão de dois estudos apresentados
esta quarta-feira (11.06), em Luanda.
Angola,
o segundo produtor de petróleo da África subsariana, é um "país rico"
mas com um "povo pobre" face às "profundas disparidades" na
distribuição da riqueza e "défices no desenvolvimento social", de
acordo com um relatório económico agora divulgado.
As
análises ao estado social e da economia em Angola, no ano de 2013, produzidas
pelo Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade
Católica de Angola, foram apresentadas pelo diretor da instituição, Manuel
Alves da Rocha. O economista e professor universitário garante que o
crescimento económico que Angola regista e registará nos próximos anos não é
suficiente para combater as desigualdades.
"Nas
nossas projeções a preocupação está justamente no facto da capacidade de
crescimento da economia até 2019 andar à volta, já com o setor petrolífero e
com os seus problemas, potencialidades e novas descobertas, de uma taxa média
anual de 5%. Este número é também de acordo com projeções do FMI”, informa o
economista.
“Ainda
que seja 5,5 no curto-prazo, a diferença entre 5,5% e 3,2% significa dois
pontos percentuais e isto não é suficiente para melhorar o nível de vida”,
assegura.
Crescimento
abaixo do patamar da ONU
Na
opinião do especialista, basta olhar para dados das Nações Unidas para tirar
estas conclusões.
“Se
nós analisarmos os vários textos das Nações Unidas sobre os objetivos para o
desenvolvimento do milénio, o que está escrito é que em África para que
houvesse melhorias no Índice de Desenvolvimento Humano e uma redução da
pobreza, as economias tinham de crescer em média 8,5% ao ano. É uma diferença
significativa”, reitera.
Outro
problema que volta a ser apontado neste último relatório económico é a
dependência extrema da economia angolana face ao petróleo.
“Os
caminhos para a diversificação da economia são tortuosos, são longos, são
complexos”, começa por explicar.
“É
necessário que os investimentos que possam diversificar a economia sejam bons,
o que nos pode levantar dúvidas na área da construção. Sabemos que muitos
investimentos na reconstrução de estradas e pontes têm ocasionado mais custos
do que benefícios, porque são obras que são criticadas e ao final de cinco ou
sete anos precisam de nova intervenção”, recorda.
“Nos
manuais de macroeconomia, costuma dizer-se que só se deve investir em
infraestruturas que durem no mínimo 25 anos, para que produzam retorno
económico”, indica.
Condições
de vida sem melhorias até 2017
“Outra
conclusão relevante do relatório económico é que, do nosso ponto de vista, a
melhoria das condições de vida da população no que toca à distribuição do
rendimento, dificilmente vai ocorrer até 2017” , conclui.
O
outro relatório - o relatório social - foi apresentado pelo investigador Nelson
Pestana. Este último complementa o que já é referido no relatório económico.
O
Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de
Angola emite ainda um outro relatório anual: o relatório energético. Este
último é apresentado ao público em setembro.
Deutsche
Welle - Autoria António Cascais / Lusa – Edição: Nuno de Noronha /
António Rocha
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