sábado, 9 de agosto de 2014

JOSÉ RIBEIRO E ARTUR QUEIROZ A CAMINHO DA CONTROLINVESTE



Folha 8, 09 agosto 2014

Esta semana registou-se no univer­so da Con­trolinveste, empresa detentora, entre outros, do Jornal de Notícias, Diá­rio de Notícias e da rádio TSF, a primeira mudança na direcção editorial do JN (saída de dois direc­tores) desde que António Mosquito se tornou, em Março, um dos principais accionistas. O Folha 8 apurou que em Setembro haverá uma reestrutu­ração editorial no grupo que, inclusive, poderá ser protagonizada pela “aqui­sição” ao Jornal de Angola dos “passes” de duas das suas principais figuras: José Ribeiro e Artur Quei­roz.

No JN, Manuel Tavares deixou o cargo de direc­tor do Jornal de Notícias e Fernando Santos o de director-adjunto. A ad­ministração da Contro­linveste Conteúdos infor­mou que será o “até aqui director-adjunto Alfredo Leite” quem irá assumir o cargo de forma interina.

Alfredo Leite é, aliás, uma figura que se destacou quando, já como direc­tor-adjunto foi enviado especial ao nosso pais e escreveu que “foi, de res­to, a leitura de uma carta dos pais de Savimbi, que residem no Burkina Faso, o momento mais emocio­nante do congresso, com choros a escutarem-se aqui e ali”. Nessa altura os pais de Savimbi tinham morrido há 30 anos…

Diversas fontes dão como credível a hipótese de José Ribeiro e Artur Quei­roz integrarem a reestru­turação editorial do gru­po editorial português, se bem que as análises divir­jam quanto aos objectivos concretos. António Mos­quito terá aventado essa possibilidade logo na al­tura das negociações que o levaram a investir na Controlinveste, não tanto por vontade própria mas por “sugestão” do regime, mas sobretudo de Isabel dos Santos, a verdadeira financiadora.

Dessa forma, a concre­tizar-se a “aquisição” do actual director do Jornal de Angola, bem como do seu braço direito nos jo­gos sujos em que o jornal é pródigo, Artur Queiroz, o regime via-se livre de duas figuras polémicas e pagas a peso de ouro e que, ao fim e ao cabo, têm marcado negativamente as relações com Portugal, contrariando a linha mo­derada do MPLA que ad­voga um apaziguamento.

A isso acresce o mau am­biente no jornal que José Ribeiro dirige como um velho chefe do posto co­lonial, tratando os autóc­tones como sipaios.

“Para nós seria muito bom. Ficaríamos sem dois mercenários racistas que, cada vez mais, se assu­mem como pertencendo a uma raça superior”, diz um colaborador do Jornal de Angola, empratelei­rado por contestar o es­tatuto do quero, posso e mando de que goza José Ribeiro. Mas, acrescen­ta, “o que seria bom para nós seria péssimo para os nossos colegas portugue­ses”.

Provavelmente a estraté­gia de António Mosquito seria chutar Artur Quei­roz para o Porto (Jornal de Notícias) onde, aliás, já trabalhou há umas déca­das, dando a José Ribeiro um cargo honorífico sem efeitos efectivos na estra­tégia editorial do grupo.

“Seria uma forma de com uma cajadada matar dos coelhos”, diz uma fon­te portuguesa ligada aos media, explicando que “Angola se livraria de duas figuras extremistas e de diminuta credibili­dade profissional, ao mes­mo tempo que a Contro­linveste facturaria sobre esta concessão feita a An­tónio Mosquito, sobretu­do através da entrada de dinheiro da publicidade de empresas angolanas”.

Estariam os jornalistas dos órgãos da Controlin­veste, nomeadamente os que têm responsabilida­des de direcção, dispostos a aceitar estas duas figu­ras? Tudo leva a crer que sim. “E os que não quise­rem podem sempre fazer o que fez o Manuel Tava­res e o Fernando Santos”, diz um “velho” jornalista do JN que foi, aliás, colega de Artur Queiroz na Re­dacção do Porto.

“Da maneira que as coisas estão actualmente, com despedimentos sucessi­vos, se calhar até seria uma boa solução pôr o Artur Queiroz como di­rector do JN. Ele está ao nível dos que por lá an­dam e não creio que sur­gissem problemas. Tanto no JN como no DN, para manter os tachos – com raras excepções – todos comem o que lhe dão”, diz este profissional, ora consultor.

Importa igualmente con­siderar que, mais uma vez via António Mosquito, existe a possibilidade de se estreitar as relações entre a Controlinveste e as Edições Novembro, criando sinergias – so­bretudo financeiras – que permitam criar um gran­de grupo empresarial. E, a ser assim, todos sabemos que a regra de ouro é o “vale tudo”.

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