Verdade
(mz), Editorial
Depois
do sprinter que permitiu alcançar o “Memorando de Entendimento”, os “Mecanismos
de Garantias” e os “Termos de Referência da Missão dos Observadores Militares
Internacionais” e, consequentemente, a aprovação da Lei de Amnistia, o diálogo
político volta a estar estagnado e cai num impasse em virtude de um novo
“braço-de-ferro” causado pela falta confiança entre as partes. Acabem como isso
de uma vez.
O
Governo pretende que Afonso Dhlakama saia da “parte incerta” e se dirija à
capital moçambicana, onde deve assinar a declaração de cessar-fogo com Armando
Guebuza. Mas a Renamo, qual um asno, finca o pé e diz que enquanto não houver
cessar-fogo, o seu líder jamais virá a Maputo.
Por
outras palavras, a condição para Dhlakama vir à capital do país é haver cessão
das hostilidades cuja efectivação quer que seja por via Saimone Macuiane, o que
significa que se isso não acontecer não há acordo válido para os desideratos
dos moçambicanos. Este tipo de negociações, em que “do pé para a mão” tudo fica
condicionado a um jogo de paciência por uma das partes, não interessa a
ninguém, neste momento nem depois.
Nesta
tendência de se transformar o que parecia ser fácil num quebra-cabeça, a
“Perdiz” argumenta que os documentos ora a serem homologados podem ser levados
até onde Dhlakama está com vista a rubricá-los e voltarem à origem para Guebuza
fazer, também, o que lhe compete. Caso contrário, insiste, Macuiane pode
fazê-lo, em Maputo, em nome do seu líder. Aqui, o Executivo, receoso, desconfia
que mais tarde pode se levantar problemas relacionados com a fiabilidade e
credibilidade das assinaturas.
Vamos
ficar cativos do encontro entre Guebuza e Dhlakama? É desnecessária esta prova
de força entre as partes. Aliás, apesar de se ter aprovado e publicado a Lei de
Amnistia, Afonso Dhlakama tem, até certo ponto, uma série de factos e
argumentos para recusar vir à capital moçambicana.
Para
entendê-lo, basta apenas que nos recordemos da forma ditatorial e déspota como
António Muchanga, ora em liberdade, foi detido na Presidência da República,
após uma sessão do Conselho do Estado. Quaisquer entendidos na matéria podem
desvalorizar este assunto mas o mesmo deixou claro como alguém pode e tem
capacidade de manipular as leis a seu favor e da sua estirpe, bem como conforme
apraz-lhe.
Temos
no país um problema bastante sério e básico em relação à credibilidade das
instituições de justiça e das pessoas que estão em frente delas. Todavia,
alcançados os consensos, pouco ou nada importa que a declaração do cessar-fogo
seja, terminantemente, efectuada por Dhlakama e Guebuza.
Sem
depreciar o valor, a segurança, o alívio e o conforto que, talvez, transmitiria
um aperto de mão e abraços entre estes dois dirigentes, depois de muito tempo
distantes um do outro e a trocarem palavras pouco afáveis, parece-nos razoável
que nada impede que o cessar-fogo seja declarado por algum representante da
Renamo com poderes bastantes e pelo Presidente da República.
Este,
também, se o julgar pertinente, pode fazê-lo por intermédio de alguém do seu
Executivo. O que interessa aos moçambicanos é a suspensão das hostilidades
entre as partes beligerantes, e não todo este “teatro político”.
Leia
mais em Verdade (mz)
Sem comentários:
Enviar um comentário