PRESIDENTE
DO BES ACUSA: ESTADO “É UM DESASTRE” A GERIR BANCOS
Lusa, 19 outubro 2011
Ricardo
salgado, presidente do BES, reiterou hoje que o banco só vai recorrer ao fundo
de capitalização em última instância, depois de esgotadas as soluções de
mercado, e afirmou que o Estado foi sempre um "desastre" quando teve
de gerir bancos.
"Devemos
mobilizar todos os 'stakeholders' do banco, atirando para último recurso uma
ajuda dos fundos do Estado", afirmou Ricardo Salgado, reafirmando assim
que o BES não pretende - pelo menos por agora - recorrer aos 12 mil milhões de
euros do fundo de capitalização público que foi reforçado no âmbito do acordo
com a 'troika' para fazer face às necessidades de capital das instituições.
O
BES anunciou na terça-feira uma oferta de troca de obrigações por acções com o
objectivo de aumentar o capital do banco de até 790,7 milhões de euros, com o
objectivo de melhorar os rácios de capital. A ser bem sucedida, após esta
operação, o rácio de capital 'core tier 1' do banco passará a 9,67 por cento,
cumprindo assim a exigência do Banco de Portugal para este ano e aproximando-se
do rácio dos 10 por cento exigidos para 2012.
Ricardo
Salgado, que falava num encontro com os jornalistas, garantiu que não tem
"nada contra a linha de capitalização" mas admitiu que prefere manter
a instituição longe de qualquer intervenção estatal.
"O
banco é privado, tem hoje milhares accionistas e tem mais interesse em alargar
a sua base accionista (pela via da conversão de obrigações) do que em ter um só
accionista que é o Estado mas que não acrescenta valor, a não ser uma 'backstop
facility' em caso de necessidade", afirmou Salgado.
O
banqueiro foi mesmo mais longe e deu o exemplo de bancos de outros países para
afirmar que, de acordo com a história, o Estado não sem sido um gestor
eficiente de instituições bancárias.
"O
Estado a gerir bancos é um desastre, veja-se o caso do Crédit Lyonnais em
França", afirmou salgado, acrescentado que "bombar capital para
dentro das instituições é importante, mas muito mais importante é uma boa
gestão bancária".
Sobre
a proposta dos banqueiros portugueses de passar parte das dívidas de empresas
públicas para um veículo financeiro, o que daria folga aos bancos, Salgado
disse que essa foi uma ideia "imaginativa do sistema financeiro para
ajudar as empresas públicas" mas que já morreu uma vez que "já foi
confirmado que não há qualquer hipótese de ser alterado" o papel do fundo
de capitalização.
Salgado
voltou ainda a reiterar que capital não é o principal problema dos bancos - não
só portugueses mas europeus - como fazem crer os líderes políticos.
"Não
tenho dúvidas de que encontrando-se uma solução para a Grécia e uma melhor
coordenação na Europa, há condições para a recuperação do mercado de
capitais", afirmou.
Fotografia
© Reinaldo Rodrigues / Global Imagens
*Título
PG
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