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S.
José dos Campos/SP – O assessor parlamentar da Assembléia Legislativa de
S. Paulo, Claudinei Correa, pai do estudante Jeferson Machado Correa e sogro de
Fabiano Augusto Pereira dos Santos, disse que não descansará enquanto não ver
punidos os policiais militares que praticaram abuso de autoridade e expuseram a
ambos, e a ele próprio, à vergonha pública ao fazerem uma abordagem
discriminatória, tomando-os por suspeitos do roubo de um par de tênis pelo qual
haviam pago regularmente.
O
caso aconteceu no dia 29 de agosto passado, na loja Tennisbar, no calçadão de
S. José dos Campos. “Entramos, escolhemos, pagamos a vista, pegamos a
nota fiscal. Meu filho [Jeferson] saiu na frente. Quando percebi começou a
gerar um tumulto. Eu olhei prá fora da loja, meu filho estava sendo, de maneira
abusiva e arbitrária, revistado por policiais na frente da loja. O policial com
a arma em punho apontando prá costela dele e com outro braço torcido. Nisso o
Fabiano [seu genro] pegou e foi falar: “calma, nós estamos aqui comprando um
tênis”. Outro policial fez a mesma coisa, encostando no pescoço dele. Nisso eu
saí da loja como pai e disse: “está acontecendo aqui um equívoco”, contou.
Violenta
e abusiva
Segundo
Jeferson a abordagem dos policiais foi violenta e abusiva: “Ele estava me
abordando de uma forma, tipo, falando que eu era bandido prá população inteira
ouvir. Mas só porque acho que eu sou negro, com tatuagem com tenis de mil reais
no pé. Ele deu a entender que eu era bandido. Pensei comigo: “se eu me
render e botar as mãos na cabeça, ele vai ver e a população inteira vai dizer:
ah prenderam mais um neguinho ali”, acrescenta.
O
flagrante de abuso e de mais um caso em que negros são tomados por suspeitos-padrão,
só não teve consequências piores porque a população que passava pelo calçadão,
alertada por Claudinei, passou a tomar partido e a hostilizar os policiais. Em
um vídeo gravado, é possível o assessor parlamentar protegendo os filhos com as
duas mãos e gritando: “Brasil, isso não pode mais. Chega de genocídio nesse
país. Chega de racismo nesse país”.
Também
é possível ver dois funcionários da loja levando a sacola com o par de tênis
que havia sido comprado e o assessor exibindo a nota fiscal enquanto a
população grita: “Preconceito, preconceito” e “libera, libera”.
No
final ele e mais os dois estudantes registraram Boletim de Ocorrência no 1º DP
da cidade, onde o delegado titular Hugo Pereira de Castro, garantiu que vai
instaurar Inquérito Policial.
Nota
da PM
Em
Nota oficial, a Polícia Militar disse que os policiais realizaram "uma
abordagem de praxe e que nenhuma irregularidade foi constatada".
Claudinei
disse que entrará com ação de indenização por danos morais contra o Estado pelo
abuso de autoridade. “Meu filho e meu genro foram abordados como ladrões. Foi
uma abordagem discriminatória. O policial disse pro meu filho: "perdeu,
cadê a arma neguinho?". Nunca passei por algo tão constrangedor
assim", concluiu, reiterando que processará o Estado por danos morais, por
abuso de autoridade e pela abordagem discriminatória dos agentes.
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