domingo, 7 de setembro de 2014

Brasil: ASSESSOR ABORDADO POR PM ACIONARÁ O ESTADO POR RACISMO



Afropress

S. José dos Campos/SP – O assessor parlamentar da Assembléia Legislativa de S. Paulo, Claudinei Correa, pai do estudante Jeferson Machado Correa e sogro de Fabiano Augusto Pereira dos Santos, disse que não descansará enquanto não ver punidos os policiais militares que praticaram abuso de autoridade e expuseram a ambos, e a ele próprio, à vergonha pública ao fazerem uma abordagem discriminatória, tomando-os por suspeitos do roubo de um par de tênis pelo qual haviam pago regularmente.

O caso aconteceu no dia 29 de agosto passado, na loja Tennisbar, no calçadão de S. José dos Campos.  “Entramos, escolhemos, pagamos a vista, pegamos a nota fiscal. Meu filho [Jeferson] saiu na frente. Quando percebi começou a gerar um tumulto. Eu olhei prá fora da loja, meu filho estava sendo, de maneira abusiva e arbitrária, revistado por policiais na frente da loja. O policial com a arma em punho apontando prá costela dele e com outro braço torcido. Nisso o Fabiano [seu genro] pegou e foi falar: “calma, nós estamos aqui comprando um tênis”. Outro policial fez a mesma coisa, encostando no pescoço dele. Nisso eu saí da loja como pai e disse: “está acontecendo aqui um equívoco”, contou.

Violenta e abusiva

Segundo Jeferson a abordagem dos policiais foi violenta e abusiva: “Ele estava me abordando de uma forma, tipo, falando que eu era bandido prá população inteira ouvir. Mas só porque acho que eu sou negro, com tatuagem com tenis de mil reais no pé. Ele deu a entender que eu era bandido. Pensei  comigo: “se eu me render e botar as mãos na cabeça, ele vai ver e a população inteira vai dizer: ah prenderam mais um neguinho ali”, acrescenta.

O flagrante de abuso e de mais um caso em que negros são tomados por suspeitos-padrão, só não teve consequências piores porque a população que passava pelo calçadão, alertada por Claudinei, passou a tomar partido e a hostilizar os policiais. Em um vídeo gravado, é possível o assessor parlamentar protegendo os filhos com as duas mãos e gritando: “Brasil, isso não pode mais. Chega de genocídio nesse país. Chega de racismo nesse país”. 

Também é possível ver dois funcionários da loja levando a sacola com o par de tênis que havia sido comprado e o assessor exibindo a nota fiscal enquanto a população grita: “Preconceito, preconceito” e “libera, libera”.

No final ele e mais os dois estudantes registraram Boletim de Ocorrência no 1º DP da cidade, onde o delegado titular Hugo Pereira de Castro, garantiu que vai instaurar Inquérito Policial.

Nota da PM

Em Nota oficial, a Polícia Militar disse que os policiais realizaram "uma abordagem de praxe e que nenhuma irregularidade foi constatada".

Claudinei disse que entrará com ação de indenização por danos morais contra o Estado pelo abuso de autoridade. “Meu filho e meu genro foram abordados como ladrões. Foi uma abordagem discriminatória. O policial disse pro meu filho: "perdeu, cadê a arma neguinho?". Nunca passei por algo tão constrangedor assim", concluiu, reiterando que processará o Estado por danos morais, por abuso de autoridade e pela abordagem discriminatória dos agentes.


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