segunda-feira, 8 de setembro de 2014

PANDEMIA DO ÉBOLA NA AGENDA AFRICANA




A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que o vírus ébola na África Ocidental “é o mais longo, grave e complexo” de que há memória e que foram registados 3.500 casos na Guiné Conacri, Libéria e Serra Leoa, que resultaram em 1.900 mortes.

A directora-geral da OMS, Margaret Chan, que referiu que “a pandemia continua a crescer”, salientou que os números “demonstram um grande aumento da mortalidade”.  A OMS, que revelou na semana passada 1.552 mortes em 3.069 infecções, disse que as mortes provocadas pela doença “ultrapassam as de todos os surtos anteriores”.  

Margaret Chan declarou que a transmissão do vírus pode ser travada em nove meses, dependendo da resposta internacional. 

“Com resposta internacional co­ordenada, a mobilização de fundos e de especialistas, esperamos travar a transmissão entre seis a nove meses”, disse.

Sobre o roteiro para combater a epidemia divulgado na semana passada, afirmou que nos países onde o surto é mais intenso – Guiné Conacri, Libéria e Serra Leoa – a OMS “quer reverter a tendência de infecção em três meses” e no Senegal e à República Democrática do Congo, em oito semanas. Os casos verificados naqueles dois últimos países, recordou, não estão relacionados com os da África Ocidental e os da Nigéria.

A ONU revelou serem necessários 600 milhões de dólares para controlar o ébola na África Ocidental e que na Guiné Conacri a doença atingiu uma nova região.  O coordenador das Nações Unidas para o ébola disse que o desafio é permitir que os profissionais de saúde voltem ao trabalho naqueles países, mas que para isso é preciso fornecer materiais e equipamentos.

O porta-voz do Fundo da ONU para a Infância (UNICEF) lamentou que os sistemas de saúde dos países afectados pelo ébola, “já fracos”, são prejudicados pelas tentativas de travar a doença.  Christophe Boulierac disse que a vacinação na África Ocidental está “virtualmente parada” e que os casos de malária, cólera, diarreia, pneumonia, desnutrição aguda, sarampo e poliomielite não são tratados.

Os sistemas de saúde estão inactivos e as crianças correm risco de morrer de doenças evitáveis, lamentou.  O ébola, referiu o porta-voz, também afecta a educação, pois muitas escolas são usadas como centros de isolamento de doentes. A Guiné Conacri, que revelara ter contido o surto da doença, anunciou nove casos novos. O Presidente da Guiné Conacri, Alpha Conde, pediu aos profissionais de saúde que intensifiquem os esforços para evitar novas infecções. 

O país registou até ao primeiro dia deste mês 749 casos de ébola, que resultaram em 489 mortes. Na Nigéria foram detectados 17 casos, três dos quais no centro petrolífero de Port Harcourt. O quinto país infectado foi Senegal, que confirmou na semana passada o primeiro caso no seu território, o de um jovem proveniente da Guiné Conacri.

Reacção de África

A União Africana (UA) organiza na segunda-feira, em Addis Abeba, uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros dos 54 países-membros que vão discutir a resposta a dar ao vírus ébola, que provocou uma crise humanitária e carências alimentares na África Ocidental.

O Comissário da União Africana para os Assuntos Sociais disse que na reunião são discutidas medidas de intervenção e formas de travar os seus efeitos na economia regional e continental. Mustapha Kaloko declarou que vão igualmente ser discutidos compromissos e medidas para gerir a crise.  Um comunicado da União Africana sublinha que a reabertura das fronteiras e a adopção de medidas que diminuam as causas que impedem o crescimento económico de África a longo prazo são essenciais para acabar com a pandemia. 

Jornal de Angola

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