segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Angola: HUMANIZAÇÃO DOS HOSPITAIS



Jornal de Angola, editorial

Os hospitais são locais onde as pessoas doentes esperam ser bem atendidas e ser submetidas a tratamento que combata o mal ou os males de que padecem.

É suposto que num hospital estão  trabalhadores da saúde (médicos e enfermeiros nomeadamente) com total disponibilidade para salvar incondicionalmente vidas humanas.

O Estado cria hospitais para neles se prestarem serviços excelentes à população, devendo os trabalhadores da Saúde que têm por missão prestar assistência médica e medicamentosa aos  pacientes assumir uma conduta exemplar e consentânea com os princípios éticos e deontológicos por que se pauta a profissão de médico ou de enfermeiro.

Muita coisa tem mudado no nosso país ao nível da actividade sanitária, que constitui uma das grandes prioridades da agenda das autoridades, apostadas num serviço público de saúde eficiente e eficaz. Milhares de pessoas acorrem diariamente aos estabelecimentos hospitalares de grande ou pequena dimensão, espalhados por todo o território nacional, pelo que deve existir um serviço de atendimento aos pacientes que concorra para a satisfação das inúmeras  necessidades das comunidades no domínio da saúde.

Porque são muitas as necessidades a satisfazer no sector da Saúde, muitos estabelecimentos hospitalares foram reabilitados ou edificados em todo o país para  atender à grande procura de serviços em condições dignas. A todo o esforço que tem sido feito pelas autoridades, em termos de criação de infra-estruturas hospitalares, deve seguir-se uma entrega efectiva dos trabalhadores da Saúde à sua missão de curar todos os que, sem excepção, precisem de assistência médica e medicamentosa.

A prestação do serviço de saúde é universal. Todos os cidadãos  angolanos, independentemente da sua condição social, têm direito a tratamento nos hospitais públicos. A Constituição de Angola estabelece que “o Estado promove e garante as medidas necessárias  para assegurar a todos o direito à assistência médica  e sanitária”. Os que, pela natureza da sua actividade,  têm de salvar vidas humanas devem cultivar o amor ao próximo. Um alto responsável do Ministério da Saúde disse certa vez que o profissional desse pelouro  a funcionar em hospitais deve tratar o doente como se de seu familiar se tratasse. Esse responsável quis certamente enaltecer o facto de que quando o profissional da Saúde está a lidar com o doente deve colocar todo o seu saber e a sua experiência ao serviço da cura de um ser humano. A vida humana é um bem fundamental e deve ser respeitada. A ninguém deve ser denegada assistência médica e medicamentosa, que deve ser prestada sem hesitações. O profissional da Saúde deve sentir orgulho da profissão que exerce e deve actuar com elevado sentido de responsabilidade quando tem o dever de salvar pessoas.

É  louvável o grandioso trabalho que os profissionais da saúde desenvolvem diariamente, nem sempre em condições totalmente satisfatórias. As comunidades admiram e respeitam o trabalho desses profissionais, que são também agentes da promoção do bem-estar das populações.

Temos entretanto de reconhecer que há ainda problemas por resolver, no que diz respeito à assistência médica e sanitária, mas isso não pode justificar comportamentos negativos por parte de trabalhadores de saúde no atendimento a pacientes.

É por isso acertada e oportuna a campanha que o Ministério da Saúde leva a cabo de humanização do atendimento nos hospitais públicos, para se acabar com casos de maus tratos  a doentes. O mau atendimento não é, felizmente, uma prática generalizada, mas o número de  casos que ocorrem em estabelecimentos hospitalares públicos é preocupante e requer terapias que devem ser aplicadas em primeira linha pelos responsáveis pela gestão dessas unidades da Saúde.

O gestor hospitalar deve desempenhar um papel importante na inspecção dos serviços que, por inerência da sua função, deve fiscalizar. Importa por outro lado que o gestor hospitalar esteja permanentemente atento às reclamações dos cidadãos, em caso de mau atendimento ao público na unidade que dirige, para poder, com celeridade e oportunidade, superar os problemas. É preciso também cuidar afinal das patologias que existem no funcionamento das unidades hospitalares para termos um serviço de saúde com bom nível de assistência.

Os problemas com o atendimento ao público nos hospitais devem suscitar discussão à volta  da formação ética e deontológica dos profissionais da Saúde. Se um serviço da Saúde eficiente e eficaz depende de bons recursos humanos, há que apostar numa formação multidimensional, em que a ética, a deontologia, o humanismo e a solidariedade assumam relevância, para bem das comunidades.

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