Díli,
14 set (Lusa) - Zacarias Buçan é professor em Oecússi, enclave de Timor-Leste,
e está otimista com o projeto piloto de economia social de mercado que vai ser
desenvolvido naquele distrito, um "orgulho" para os timorenses darem
de "surpresa à Indonésia".
"Vai
ser o melhor, é um orgulho para o povo de Oecússi. Para os timorenses darem de
surpresa à Indonésia", afirmou à agência Lusa aquele professor timorense
de 57 anos.
Zacarias
Buçan não esquece a ocupação indonésia de Oecússi, que ocorreu a 29 de novembro
de 1975, e apesar de não ter sido guerrilheiro, fez parte da Frente Clandestina
e no seu patriotismo garantiu que a vida naquele distrito melhorou depois da
independência.
O
Governo de Timor-Leste aprovou um projeto-piloto para a criação da Zona
Especial de Economia Social de Mercado, liderado pelo antigo primeiro-ministro
timorense Mari Alkatiri, que foi nomeado administrador da nova região administrativa.
"A
população de Oecússi está contente com o projeto porque vai mudar a vida das
pessoas, porque vai haver mais emprego, mais escolas, mais saúde", afirmou
o professor Zacarias Buçan.
Otimista
e forte defensor do projeto-piloto, o professor insiste que o desenvolvimento
vai mostrar à Indonésia que Oecússi é independente, mas que as pessoas precisam
de trabalhar.
"É
muito importante trabalhar. As pessoas têm de trabalhar para serem
independentes, não podem ser oportunistas. Um povo quando é independente tem de
trabalhar muito e não pedir esmolas", salientou.
Mas,
para o professor, que dá aulas no suco Costa numa escola com 200 alunos, também
é preciso que os ordenados sejam maiores.
"Para
a minha vida, o dinheiro que ganho não é o suficiente", disse.
São
323 dólares (249 euros) para suportar a casa com cinco filhos. A mulher não
trabalha.
"A
minha filha mais velha ainda não foi para a universidade porque não tenho
dinheiro", disse.
Zacarias
Buçan tem terrenos, mas a escola rouba-lhe muito tempo e por isso não os
consegue cultivar.
"Os
agricultores vivem melhor, comparando com os funcionários do Estado",
lamentou, para rapidamente recuperar o seu otimismo num projeto que vai trazer
melhores estradas, pontes e um barco novo para fazer a ligação com Díli.
Ao
novo administrador de Oecússi, o professor pede também que seja ensinado ao
povo a cultivar, a pescar e a criar animais.
Aos
timorenses, relembra que as "pessoas trabalhadoras mudam a vida e as
dependentes do Estado não conseguem melhorar".
MSE
// VM - Lusa
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