terça-feira, 16 de setembro de 2014

Projeto de Oecússi será "uma surpresa" dos timorenses para a Indonésia




Díli, 14 set (Lusa) - Zacarias Buçan é professor em Oecússi, enclave de Timor-Leste, e está otimista com o projeto piloto de economia social de mercado que vai ser desenvolvido naquele distrito, um "orgulho" para os timorenses darem de "surpresa à Indonésia".

"Vai ser o melhor, é um orgulho para o povo de Oecússi. Para os timorenses darem de surpresa à Indonésia", afirmou à agência Lusa aquele professor timorense de 57 anos.

Zacarias Buçan não esquece a ocupação indonésia de Oecússi, que ocorreu a 29 de novembro de 1975, e apesar de não ter sido guerrilheiro, fez parte da Frente Clandestina e no seu patriotismo garantiu que a vida naquele distrito melhorou depois da independência.

O Governo de Timor-Leste aprovou um projeto-piloto para a criação da Zona Especial de Economia Social de Mercado, liderado pelo antigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri, que foi nomeado administrador da nova região administrativa.

"A população de Oecússi está contente com o projeto porque vai mudar a vida das pessoas, porque vai haver mais emprego, mais escolas, mais saúde", afirmou o professor Zacarias Buçan.

Otimista e forte defensor do projeto-piloto, o professor insiste que o desenvolvimento vai mostrar à Indonésia que Oecússi é independente, mas que as pessoas precisam de trabalhar.

"É muito importante trabalhar. As pessoas têm de trabalhar para serem independentes, não podem ser oportunistas. Um povo quando é independente tem de trabalhar muito e não pedir esmolas", salientou.

Mas, para o professor, que dá aulas no suco Costa numa escola com 200 alunos, também é preciso que os ordenados sejam maiores.

"Para a minha vida, o dinheiro que ganho não é o suficiente", disse.

São 323 dólares (249 euros) para suportar a casa com cinco filhos. A mulher não trabalha.

"A minha filha mais velha ainda não foi para a universidade porque não tenho dinheiro", disse.

Zacarias Buçan tem terrenos, mas a escola rouba-lhe muito tempo e por isso não os consegue cultivar.

"Os agricultores vivem melhor, comparando com os funcionários do Estado", lamentou, para rapidamente recuperar o seu otimismo num projeto que vai trazer melhores estradas, pontes e um barco novo para fazer a ligação com Díli.

Ao novo administrador de Oecússi, o professor pede também que seja ensinado ao povo a cultivar, a pescar e a criar animais.

Aos timorenses, relembra que as "pessoas trabalhadoras mudam a vida e as dependentes do Estado não conseguem melhorar".

MSE // VM - Lusa

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