Díli,
14 set (Lusa) - O presidente da Autoridade da Região Administrativa Especial de
Oecússi, Mari Alkatiri, escusou-se a confirmar a abertura de casinos no enclave
timorense, mas admitiu que são uma "fonte de receita importante",
cujo destino tem de ser bem gerido.
"Acho
que as pessoas não estão a entender. Se vier a haver, é uma fonte de receita
que é importante, mas que é preciso depois saber gerir e definir o destino
dessa receita", afirmou Mari Alkatiri, em entrevista à agência Lusa.
Para
o antigo primeiro-ministro timorense, o dinheiro do petróleo quase afundou o
país e, por isso, recusa levar o dinheiro dos casinos para afundar Timor-Leste.
"Isso,
eu não quero. Vou fazer com cuidado para que qualquer nova receita que venha de
uma forma muito fácil seja gerida como um crédito que está a ser dado à
sociedade, à comunidade, para usar para desenvolver a sua capacidade criativa e
melhorar a sua qualidade de vida", explicou.
Além
de presidente da Autoridade da Região Administrativa Especial de Oecússi, Mari
Alkatiri lidera também o projeto-piloto da Zona Especial de Economia Social de
Mercado, que pretende incentivar o desenvolvimento regional integrado, através
da criação de zonas estratégicas nacionais atrativas para investidores
nacionais e estrangeiros.
Questionado
pela Lusa sobre se há muitos investidores interessados no projeto, Mari
Alkatiri admitiu haver "muito interesse".
"Costumo
dizer que tenho medo quando as coisas começam a aparecer ao mesmo tempo e com
um volume tão grande. Este é o meu estilo, primeiro crio as instituições para
gerir os interesses como eu quero e enquanto não tenho as instituições eu tenho
medo", confessou à Lusa.
Para
já, Mari Alkatiri quer "acelerar os passos", porque é preciso criar
as instituições para fazer a gestão do investimento privado.
"Quando
me dizem que vêm investir 200 milhões eu tenho de saber que estão mesmo a
investir 200 milhões, porque na base desses 200 milhões é que eles vão comprar
os retornos. Eu tenho de ter capacidade para perceber se estão mesmo a investir
200 milhões e agora não tenho capacidade institucional para isso",
explicou.
Sobre
a reação das comunidades locais ao projeto de desenvolvimento, o antigo
primeiro-ministro disse que é preciso explicar às pessoas o que é e em que é
que podem beneficiar.
"Naturalmente,
umas pessoas tão simples, que vivem do dia-a-dia, daquilo que conseguem
produzir sentem-se inseguras, mas também são elas que mais facilmente entendem
quando se começa a explicar as nossas políticas e isso traz benefícios, porque
eles também querem sair deste tipo de vida", disse.
No
que respeita ao despejo de pessoas de alguns locais devido à construção e
alargamento de estradas e do futuro aeroporto, o presidente da Autoridade da
Região Administrativa Especial de Oecússi garantiu que ninguém vai ficar sem
casa.
"Terra
não falta aqui para construir casas. Agora ou se quer mudar realmente a
qualidade de vida ou não se quer mudar. Isso depende da liderança política, de
quem governa, é preciso saber explicar às pessoas que isto vai elevar a
qualidade de vida deles", insistiu.
Segundo
Mari Alkatiri, já estão a ser identificados novos locais para serem construídos
bairros mistos (urbanos e rurais) para que as "pessoas possam continuar
ligadas àquilo que estão habituadas a fazer", a agricultura de
subsistência.
"Esta
é a política que vai ser. Aumentar a qualidade de vida, mas manter as pessoas
dentro do seu equilíbrio com a natureza", esclareceu.
Na
entrevista, Mari Alkatiri explicou também que estão previstas obras de
ampliação do hospital local para se tornar num estabelecimento médio de
"referência nacional" e uma nova central elétrica com capacidade de
20 megawatts.
"As
pessoas que vêm investir também querem ter uma certa garantia que têm um
sistema de saúde capaz de dar assistência nos primeiros momentos e um sistema
de transporte que os possa retirar se for necessário", referiu.
MSE
// VM - Lusa
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