MENTIRA
ASSASSINA DE UM MINISTRO
William
Tonet – Folha 8, 11 outubro 2014
A
política enquanto instituto motor da acção dos homens, exige destes, ética
nos actos e na prática quotidiana. Quando isso não acontece o descrédito
calcorrea andarilho para descambar no lamaçal. É pois neste ponto em que se
encontra a política angolana: na lama.
Nos
últimos dias com um rimbombar ensurdecedor, o ministro do Ensino Superior veio
a público, iludindo a condenação a que foi alvo, por um tribunal
internacional, republicando um despacho publicado no Diário da República, nº
219, I Série, de 14 de Novembro de 2013.
Neste,
Adão do Nascimento, mente descaradamente, o Presidente da República, o país e
os cidadãos, denotando ainda a sua incompetência técnica, ao anular e tornar
inválidos os acordos assinados em 2008, entre a Universidade Agostinho Neto e
a American World University, alegando o facto de a American World University
não ser uma instituição de ensino acreditada pelas autoridades norte-americanas,
assim como os seus cursos, quer de graduação como de pós-graduação, não terem
reconhecimento das autoridades dos Estados Unidos.
Pura
desculpa de um mentiroso compulsivo.
Poderia
arranjar outra desculpa, como a do regabofe ter um destinatário, que não tem
exército privado, nem armas de guerra, mas que parece atemorizar Eduardo dos
Santos e o seu regime: William Tonet. Infelizmente, como humilde cidadão, não
sabia que tinha tanta importância para o regime, ao ponto da perseguição, dar
direito agora a despachos direccionados.
O
pior de tudo é que esta palhaçada não é nenhuma invenção individual, acontece
com outros governantes mas destaca-se no mau sentido, o ministro do Ensino
Superior, Adão do Nascimento, que nem sabe que a lei não tem efeitos retroactivos,
salvo se para beneficiar o réu. “A lei só dispõe para o futuro: ainda que lhe
seja atribuida eficácia retroactiva, presume-se que ficam ressalvadas os
efeitos já produzidos pelos factos que a lei se destina a regular”, art.º 12.º
Código Civil. Entretanto, por ora, somos levados a indagar como é possível um
indivíduo governar sem ser, pelo menos, admoestado, no deambular de tanta
incoerência.
Apresentado
como sobrinho do Presidente de Angola, Adão do Nascimento também se
distinguiu por ter pensado que podia dar uma cabeçada na lei invalidando todos
os documentos académicos que atestam a conclusão de formação graduada e
pós-graduada na American World University (AWU).
Tudo
isso pode ser considerado um exemplo tipo da mais que medíocre capacidade de
governar deste dirigente que têm em suas mãos e sob sua responsabilidade uma
parte do futuro de Angola.
Trata-se,
voltamos a repetir de uma brilhantíssima demonstração da mentecapta maneira
de pensar política deste regime que nos assola há quase quarenta anos, e que,
de passada discriminatória em tropeções e atropelamentos à lei e não só, à
lógica, ao bom-senso e à visão de Estado, para além do mais dá azo a augurar
retaliações muito violentas, pela quase sistemática prática da incoerência
duma quadrilha de teólogos políticos que desgovernam Angola e os levou, nesta
anulação irreflectida da validade dos diplomas da AWU, a um resultado digno da
sua própria estupidez, pois dela redundou a prova formal, límpida e
indesmentível de que a anulação compulsiva da validade do diploma de Mestrado
de William Tonet (WT), seguida da sua expulsão da barra do tribunal, afinal
faz parte de uma cabala urdida ao mais alto nível, quiçá no gabinete
presidencial, com as suas várias antenas da Intelligentsia.
Um
regime não pode anular um título académico individual, tão-pouco um despacho
novo, pode anular um acordo antigo, sob pena de instalar a insegurança
jurídica.
Se
o ministro do Ensino Superior, Adão do Nascimento tivesse bom senso, não
faria o actual e escabroso despacho em Novembro de 2013, mas orientava a UAN a
não renovar o acordo educacional, que terminou em Setembro de 2014, para
diminuição dos danos e da vergonha. Mas não, preferiu outro caminho e sem ser
parte no processo, decide anular um acordo, entre duas instituições
académicas, com autonomia funcional.
A
interpretação feita pelo ministro aos vários instrumentos jurídicos em vigor
em Angola, para sustentar o despacho é tão básica que raia o ridículo, pois em
nenhum deles se lhe atribui competência para a decisão tomada. Mesmo numa sanzala
do interior nenhum soba, socorrendo-se do Direito Costumeiro, tomaria uma
atitude tão sensível sem consultar e socorrer-se dos conselhos dos seus
melhores “Indunas” (conselheiros).
O
que acabámos de expor é uma das principais incoerências desta verdadeira
cabala levada de peito avante contra o cidadão William Tonet. Mas há outras
que se misturam com esta e transformam esta decisão de Adão do Nascimento numa
obra-prima de malvadez, posta em prática e levada a cabo pelo simples prazer
de abater uma pessoa.
Com
efeito, a American World University é uma instituição de ensino semi-presencial
e à distância, criada nos Estados Unidos da América e com “branch” em alguns
países. A sua filial brasileira opera em Angola desde alguns anos atrás, com
base num acordo inter-universitário.
O
acordo passado entre a American World University e a Universidade Agostinho
Neto foi concluído, assinado no ano de 2008, numa altura em que a AWU já tinha
reconhecimento nacional e internacional, junto de organismos de acreditação
institucional, tais como da “Secretaria de Estado do Estado de Iowa”, em 02 de
Setembro de 1994, da “Association International des Educateurs por la Paix Mondiale ” e da
UNESCO, aos 17 de Julho de 1997, da “World Association of Universities and
Colleges” WAUC”, aos 25 de Janeiro de 2001.
Mais
grave, para o ensino em Angola é de afinal um reitor de uma universidade
pública não mandar nada na sua instituição, pois no caso em concreto, afinal
quem manda é o ministro e, quem sabe, qualquer dia, até a quantidade de papel
higiénico da Universidade Agostinho Neto, terá despacho expresso do ministro.
A
autoridade superior é Adão do Nascimento, que, não se sabe ao certo por que
raio de cargas de água quer e mete precipitadamente o seu nariz num assunto do
qual ele sempre esteve alheio. Sente-se que houve tráfico de influências para
tomar rápido uma decisão estúpida, porque fornecedora da prova formal da
inépcia total, da incompetência focada ou simplesmente da falta de sentido
ético e moral total para atingir um homem desarmado, melhor, apenas armado
com os seus conhecimentos.
Uma
imensa vergonha que enodoa o actual sistema de Ensino Superior colocado nas
mãos de um homem que, apenas destrói a academia e a coloca nos mais baixos
patamares. Até hoje o ministro, que se diz sobrinho do presidente da
República, apenas colhe queixas de todos os operadores do sistema, por não o
conseguirem contactar e este inviabilizar o desenvolvimento formativo e de
quadros das universidades.
É
muita nódoa face a um acordo académico!
Vergonha
dupla. Porque o que vemos é uma espécie de entremez ridículo, uma alegoria de
um casamento entre duas universidades que, por mais que se sintam em estádio
de união, se vêem obrigadas a divorciar e a deitar aí no lixo o seu contrato
de casamento por ordem de um padrasto rabugento, que das duas uma, ou é
manipulado ou não bate bem da cabeça.
Triste,
se isto é governar, pobre da nossa Angola, país nobre, mas servido por muita
gente sem valor. Com tanta borrada o mínimo que se pode pedir, em democracia,
é a demissão deste ministro por manifesta, reiterada e comprovada incompetência
profissional.
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