segunda-feira, 20 de outubro de 2014

E VIVA O CHERNE!



Alberto Castro, Londres

Por mais que não simpatize com ele (suas políticas) não posso deixar de reconhecer naquele a quem Mário Soares etiquetou de ''cherne de águas profundas'' a marcação de uns pontos na minha consideração. Poucos são os políticos europeus com coragem suficiente para dizer na cara dos britânicos que a sua influência na política global seria ZERO fora da UE. Disse-o sem observar princípios sensíveis da diplomacia, não como português (julgo que não se atreveria) mas na qualidade de presidente cessante da Comissão Europeia, frisando fazê-lo sem problema porque agora sentia-se um ''homem livre''.

A bravata aconteceu no influente programa televisivo matutino dominical de análise política da BBC, ''The Andrew Marr Show'', conduzido pelo jornalista do mesmo nome, antigo editor de política da emissora. Dizer na cara dos brits, orgulhosos de resquícios do seu império como a Commonwealth e sendo ainda um dos cinco países com assente permanente no Conselho de Segurança da ONU, que são insignificantes fora da UE é arranjar bronca da forte.  

Durão Barroso falou ainda sobre o polêmico tema da imigração urgindo políticos britânicos pró-Europa a ter um discurso mais positivo sobre o assunto e a fincar a inegociabilidade do principio de livre circulação de pessoas e bens no espaço comunitário que o Reino Unido quer limitar. Disse ainda que não serão aceites por Bruxelas as propostas dos Conservadores visando a criação de um teto de imigrantes europeus. 

As declarações de Barroso provocaram autênticas ondas de reações. São manchete em jornais e notícia de abertura de telejornais ainda hoje, um dia após ter feito as mesmas, e motivo de várias análises de políticos e comentadores britânicos. Destaca o The Guardian que Cameron já reagiu dizendo à DB que ''está interessado no que querem os britanicos e não no que pensa a Comissão''.

*Jornalista freelance e colunista

Relacionado em Notícias ao Minuto, da Lusa

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