Voz da América,
Angola
não tem uma democracia mas um sistema multipartidário, disse Justino Pinto de
Andrade, presidente do Bloco Democrático (BD) no programa Fala Só, da VOA,
nesta sexta-feira, 3. Durante a conversa com os ouvintes, o também decano da
Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica abordou vários temas,
com destaque para a necessidade de se discutir os assuntos que interessam a
todo o país, “que é governado há 40 anos pelo mesmo partido”.
Diálogo
foi, aliás, a resposta a ouvintes que pediram a sua opinião sobre a situação
nas Lundas, território “com características especiais e que deve merecer uma
atenção especial”. Pinto de Andrade defendeu a necessidade de autonomia como
forma de administrar o país, mas rejeitou qualquer tipo de separação ou divisão
de Angola, assim como no caso de Cabinda.
A
propósito das Lundas e de Cabinda, o presidente do BD defendeu, no entanto, “o
respeito intransigente pelos direitos humanos, algo que está no adn do
partido”. Pinto de Andrade referiu-se, a pedido de um ouvinte de Luanda, à
reunião da Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas que vai debater em
breve, em Genebra, a situação em Angola.
Questionado
sobre a candidatura de Angola a membro não-permanente do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, Justino Pinto de Andrade disse apoiar a iniciativa
se ela “visa ajudar Angola e o resto do mundo”, mas considerou, à luz do que
tem visto, uma preocupação “apenas para projectar a imagem deste Governo”. Para
ele, “quando o interesse particular supera o interesse geral, as coisas não vão
bem”.
A
transmissão dos debates na Assembleia Nacional voltou a ser colocada ao
presidente do BD que defendeu ter chegada a hora de todos terem a mesma
visibilidade e não apenas o MPLA e o Governo. Aliás, Pinto de Andrade, também
em resposta a um ouvinte, felicitou a Zimbo pelos debates das terças-feiras,
dizendo que “o apresentar merece o nosso respeito”, mas sobre a TPA afirmou ser
“uma reserva do partido no poder”.
“A
paz não é apenas o calar das armas”, sublinhou o entrevistado do Angola Fala Só
em resposta a um ouvinte que criticou a democracia existente no país. “Em
Angola não há democracia, mas sim um sistema multipartidário”, acrescentou
Justino Pinto de Andrade, que citou o poder do Presidente da República, do qual
tudo imana.
A
propósito, ele criticou determinados discursos menos correctos de governadores
que, por serem nomeados pela vontade do Presidente da República, devia ser ele
a tomar medidas porque “há discursos violentos que só estimulam a violência.
Quanto
à corrupção, o líder do BD afirmou que ela começa na liderança. “Quanto o topo
dá mau exemplo, a base multiplica essas práticas de corrupção e tráfico de
influências”, explicou Pinto de Andrade que apoiou a greve de professores na
Huíla.
Quanto
às autarquias, o BD, através do seu líder, acusou o Governo de não ter feito
nada para cumprir a promessa feita pelo Presidente da República no seu discurso
de posse. “É claro que não há condições para a realização das eleições no
próximo ano”, concluiu.
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