segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O DESAFIO DA ELETRICIDADE EM ÁFRICA




Está muita coisa a mudar em África para construir mais infra-estruturas para levar electricidade ao maior número de população no continente

O Banco Mundial anunciou recentemente um apoio de 5 mil milhões de dólares para ajudar África a optimizar o seu potencial eléctrico, privilegiando – entre outras fontes energéticas – a hidroelectricidade. Feitas as contas, 15% da população mundial vive no continente africano, mas em África só se consome 3% da electricidade mundial. Num esforço conjunto para reverter este cenário, organismos públicos e empresas estrangeiras estão agora unidos para permitir uma aposta na área energética, criando as infra-estruturas em falta. Um exemplo desta aposta é a empresa Électricité de France (EDF), que tem em curso diversos projectos de electrificação em África.

Por agora, cerca de 600 milhões de africanos não têm acesso a electricidade. No continente africano, a taxa de electrificação é de 42%. Porém, esta a sua distribuição geográfica não é homogénea.

No Magreb, 99% da população tem acesso a electricidade; já na África subsaariana 31% encontra-se na mesma situação. Por outro lado, 69% das cidades possuem electricidade, enquanto a zona rural regista uma taxa próxima de 25%. Desta forma, menos de 10% das populações que vivem na zona rural subsaariana têm acesso a electricidade.

Actualmente, as ONG e também os grupos públicos e privados da comunidade internacional têm diversos projectos de electrificação que, ainda hoje, têm a aparência de ajuda ao desenvolvimento. A energia solar está no centro desse investimento, devido à taxa de radiação solar excepcional no continente.

Moçambique recebeu, por isso, 35 mil milhões de dólares de empréstimo da Coreia do Sul há quatro anos. Recursos estes destinados à construção de três centrais solares e para dar ao país um meio de consolidar as suas capacidades eléctricas. A operadora Orange distribuiu 1.300 antenas de telemóvel nas zonas rurais para permitir que os habitantes recarreguem os seus aparelhos.

Na África subsaariana, as energias renováveis são as mais aptas a responder às necessidades do solo africano. Cerca de 30 investidores americanos anunciaram, no início de Junho, a intenção de financiar com mil milhões de dólares a instalação de centrais solares e de centrais hidroeléctricas nessa região. Recursos estes, distribuídos em cinco anos, que irão servir também para formar especialistas africanos na área energética.

“A electricidade é um produto vital sem o qual nenhum desenvolvimento verdadeiro é possível. O acesso à energia para as populações rurais, geralmente as mais desfavorecidas, permite reduzir a pobreza ao desenvolver actividades geradoras de rendimento e favorecer a educação, a saúde, o acesso à água, etc.”, disse Édouard Dahomé, director da EDF no acesso à energia em África. A Électricité de France associou-se recentemente à Sociedade Financeira Internacional (SFI), filial do Banco Mundial, para intervir nas regiões rurais da África subsaariana, com o objectivo de ligar 500 mil pessoas que vivem nessas zonas às redes eléctricas.

Semanário Económico – O País (ao)

Sem comentários:

Mais lidas da semana