Está
muita coisa a mudar em África para construir mais infra-estruturas para levar
electricidade ao maior número de população no continente
O
Banco Mundial anunciou recentemente um apoio de 5 mil milhões de dólares para
ajudar África a optimizar o seu potencial eléctrico, privilegiando – entre
outras fontes energéticas – a hidroelectricidade. Feitas as contas, 15% da
população mundial vive no continente africano, mas em África só se consome 3%
da electricidade mundial. Num esforço conjunto para reverter este cenário,
organismos públicos e empresas estrangeiras estão agora unidos para permitir
uma aposta na área energética, criando as infra-estruturas em falta. Um exemplo desta
aposta é a empresa Électricité de France (EDF), que tem em curso diversos
projectos de electrificação em África.
Por
agora, cerca de 600 milhões de africanos não têm acesso a electricidade. No
continente africano, a taxa de electrificação é de 42%. Porém, esta a sua
distribuição geográfica não é homogénea.
No
Magreb, 99% da população tem acesso a electricidade; já na África subsaariana
31% encontra-se na mesma situação. Por outro lado, 69% das cidades possuem
electricidade, enquanto a zona rural regista uma taxa próxima de 25%. Desta
forma, menos de 10% das populações que vivem na zona rural subsaariana têm
acesso a electricidade.
Actualmente,
as ONG e também os grupos públicos e privados da comunidade internacional têm
diversos projectos de electrificação que, ainda hoje, têm a aparência de ajuda
ao desenvolvimento. A energia solar está no centro desse investimento, devido à
taxa de radiação solar excepcional no continente.
Moçambique
recebeu, por isso, 35 mil milhões de dólares de empréstimo da Coreia do Sul há
quatro anos. Recursos estes destinados à construção de três centrais solares e
para dar ao país um meio de consolidar as suas capacidades eléctricas. A
operadora Orange distribuiu 1.300 antenas de telemóvel nas zonas rurais para
permitir que os habitantes recarreguem os seus aparelhos.
Na
África subsaariana, as energias renováveis são as mais aptas a responder às
necessidades do solo africano. Cerca de 30 investidores americanos anunciaram,
no início de Junho, a intenção de financiar com mil milhões de dólares a
instalação de centrais solares e de centrais hidroeléctricas nessa região.
Recursos estes, distribuídos em cinco anos, que irão servir também para formar
especialistas africanos na área energética.
“A
electricidade é um produto vital sem o qual nenhum desenvolvimento verdadeiro é
possível. O acesso à energia para as populações rurais, geralmente as mais
desfavorecidas, permite reduzir a pobreza ao desenvolver actividades geradoras
de rendimento e favorecer a educação, a saúde, o acesso à água, etc.”, disse
Édouard Dahomé, director da EDF no acesso à energia em África. A Électricité de
France associou-se recentemente à Sociedade Financeira Internacional (SFI),
filial do Banco Mundial, para intervir nas regiões rurais da África
subsaariana, com o objectivo de ligar 500 mil pessoas que vivem nessas zonas às
redes eléctricas.
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Económico – O País (ao)
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