segunda-feira, 3 de novembro de 2014

GENERAL HONORÉ TRAORÉ É O NOVO “HOMEM FORTE” DO BURKINA FASO




O chefe de Estado-Maior do exército do Burkina Faso, o general Honoré Traoré, assegura agora as funções de chefe de Estado após a demissão do presidente Blaise Compaoré.

Blaise Compaoré que esteve no poder desde 1987 declarou que se retirava da presidência do Burkina Faso devido à amplitude das manifestações que nos últimos dias exigiam o seu abandono do poder.

O anúncio da demissão de Blaise Compaoré foi acolhido com muita alegria e júbilo pelos milhares de manifestantes que esta sexta-feira (31.10) se reuniram, pelo segundo dia consecutivo, no centro de Ouagadougou, a capital do Burkina.

Logo após Blaise Compaoré ter deixado o poder o General Honoré Traoré proclamou-se chefe de Estado.

O novo “homem forte” do país justificou a ocupação do poder em nome da preservação das conquistas democráticas, bem como da paz social.

Por outro lado, o general Honoré Traoré anunciou num comunicado que permanecerá no poder, transitóriamente, até à realização de eleições livres e transparentes num prazo máximo de 90 dias.

Segundo várias fontes em Ouagadougou, o general Traoré faz parte dos oficiais de alta patente que “deve práticamente tudo a Blaise Compaoré” e portanto é um homem de Compaoré. “O problema agora é saber se o general Traoré será capaz de conduzir uma transição neste quadro excecional que o Burkina Faso está a viver”, interrogam-se várias pessoas em Ouagadougou.

Para os analistas a transição na verdade não será uma tarefa fácil. Mas o “importante é que os termos desta transição não sejam definidos pelo exército, mas sim pelas forças sociais que obrigaram Blaise Compaoré a abandonar o poder” disse à DW África, Gille Yabi, especialista independente da Africa ocidental.

Entretanto, o balanço dos tumultos dos últimos dias permanece por enquanto desconhecido, embora alguns membros da oposição tenham dito aos jornalistas em Ouagadougou que morreram cerca de 30 pessoas e mais de cem ficaram feridas.

O recolher obrigatório, decretado na noite de quarta-feira (29.10), continua em vigor e globalmente respeitado nomeadamente na capital do país, Ouagadougou.

No estrangeiro, a situação no Burkina Faso está a ser seguida, há alguns dias, com muita atenção. Daí que o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, tenha decidido, antes mesmo da demissão de Compaoré, enviar a Ouagadougou um emissário para tentar solucionar a crise.

O representante especial e chefe da representação da ONU para a África Ocidental, Mohamed Ibn Chambas, chegou esta sexta-feira (31.10) ao país.

Frejus Quenum / António Rocha – Deutsche Welle




Manifestações em Burkina Faso pedem saída de militares do poder

Centenas vão às ruas exigir que poder volte às mãos dos civis, depois que o tenente-coronel Yacouba Isaac Zida foi nomeado presidente do país pelo Exército. ONU pede que eleições sejam realizadas o mais rápido possível.

Cerca de mil pessoas protestaram neste domingo (02/11) numa praça no centro de Uagadugu, capital de Burkina Faso, para pedir a participação da sociedade civil na transição comandanda pelo Exército. Para os manifestantes, a transição "pertence ao povo" e não pode ser "confiscada" pelos militares.

De acordo com testemunhas, a manifestação na Praça da Nação – o epicentro dos grandes protestos contrários à extensão do mandato do ex-presidente Blaise Compaoré – não reuniu tantas pessoas como era esperado. Para alguns representantes da oposição e da sociedade civil não há necessidade de realizar protestos antes de discutir o processo de transição com o Exército.

De acordo com a agência de notícia AFP, o Exército assumiu o controle da emissora de rádio e TV nacional de Burkina Faso. Soldados da Guarda Presidencial dispararam para o ar no pátio de entrada do edifício, para dispersar os manifestantes antes de assumirem o controle das instalações.

Autoridades das Nações Unidas apoiam o rechaço de EUA e União Africana ao governo militar, mas expressaram um moderado otimismo perante a possibilidade do poder voltar às mãos de um civil. Eles desejam que eleições livres e justas sejam realizadas o mais rápido possível.

"Esperamos uma transição liderada pelos civis em linha com a Constituição", disse Mohammed Chambas, chefe do Departamento da ONU para a África Ocidental.

A Alemanha também condenou a tomada do poder no país pelos militares e pediu que eles o devolvam às autoridades constitucionais. O país europeu aconselhou, ainda, que cidadãos alemães evitem viajar à nação africana. No comunicado, o governo em Berlim pede que todas as partes ajam com prudência e responsabilidade política.

Escolhido pelos militares

Até o momento, o subchefe da Guarda Presidencial de Burkina Faso, tenente-coronel Yacouba Isaac Zida, foi escolhido pelos militares para liderar o processo de transição no país. O chefe do Estado-Maior, general Nabéré Honoré Traoré, que se proclamou presidente num primeiro momento, deu respaldo a Zida. O tenente-coronel foi eleito por unanimidade pela alta hierarquia militar do país.

O número dois na hierarquia da Guarda Presidencial tem mais respaldo de setores da sociedade civil do país do que o general Traoré, que é considerado muito próximo do ex-presidente Blaise Compaoré.

Depois de ficar 27 anos no poder, ao qual chegou depois de ter protagonizado um golpe de Estado, Compaoré apresentou a sua demissão do cargo após três dias de manifestações que pediam a sua saída. Na quinta-feira, os manifestantes invadiram o prédio do Parlamento, onde seria votada uma alteração constitucional que permitiria a Compaoré concorrer a mais um mandato de cinco anos.

FC/afp/dpa/rtr/lusa/ap – Deutsche Welle

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