Piotr Iskenderov – Voz
da Rússia
O
Pentágono pretende, em 2015, colocar na Europa cerca de 150 tanques, inclusive
nos países bálticos, Polônia, Romênia e Bulgária. Os Estados Unidos explicam
isso com a necessidade de efetuar exercícios militares e de garantir a
segurança de seus parceiros na OTAN.
A
chegada dos tanques à Europa Central e de Leste é esperada já nos próximos
meses. Segundo o comandante do Exército dos EUA na Europa, o tenente-general
Ben Hodges, em 2015 serão colocados na Europa cerca de 150 veículos blindados.
Nas palavras do general, cerca de 50 unidades já foram transferidas e outros
100 tanques M1 Abrams e veículos de combate de infantaria Bradley seguirão.
A
geografia específica de localização dos “bens” tão necessárias para a Europa de
hoje “em crise” ainda não foi anunciada, mas o apetite do Pentágono é bem
sério. Além da Alemanha, os tanques podem ser colocados num arco desde o
Báltico até ao mar Negro: nos países bálticos, na Polônia, na Romênia e na
Bulgária.
A
operação de sua transferência será realizada no âmbito dos exercícios Atlantic
Resolve, que devem durar todo o ano de 2015. Mas a artimanha dos
norte-americanos consiste em que, após a conclusão dos jogos de guerra, os
soldados da OTAN irão regressar aos seus locais de aquartelamento permanente,
incluindo os EUA, mas os tanques ficarão. Ben Hodges já estimou que isso será
“mais barato” do que transportar os veículos blindados norte-americanos de
volta através do Atlântico.
O
principal objetivo da Aliança é a “defesa coletiva em caso de um ataque
externo”. No entanto, os líderes da OTAN, ao que parece, cansaram-se de esperar
por um ataque externo e decidiram usar a crise na Ucrânia a fim de reforçar a
componente militar das atividades do bloco. A eles nem sequer lhes importa que
a crise ucraniana não encaixe de forma alguma na categoria de ameaça externa à
OTAN porque ninguém lá tenciona atacar a Hungria, a Eslováquia ou a Polônia.
No
entanto, os próprios líderes militares dos EUA e da OTAN negam de todas as
formas qualquer relação entre a colocação de uma centena e meia de tanques
norte-americanos na Europa do Leste e o desejo de jogar a “carta ucraniana”
antirrussa. A porta-voz do Pentágono, Alayne Conway, fala apenas de encontrar
“a melhor maneira de apoiar” a operação Atlantic Resolve, e entre os tipos de
veículos colocados menciona até mesmo caminhões.
A
escalada da histeria militar por parte do Ocidente não só prejudica os
resultados da cooperação com a Rússia acumulados ao longo da última década, mas
também pode ter consequências verdadeiramente fatais para o mundo inteiro. Pois
enquanto os generais norte-americanos descontinuam a cooperação com Moscou e
apontam os canhões de tanques na Europa do Leste contra imaginárias divisões
russas, verdadeiros terroristas se preparam para ataques reais e não imaginários.
E neste contexto, a ameaça mais perigosa deve ser considerado o terrorismo
nuclear, para combater o qual a OTAN e a Rússia, o Ocidente e o Oriente devem
se unir, disse em entrevista à agência Rossiya Segodnya o perito militar,
major-general Vladimir Dvorkin:
“O
terrorismo nuclear de hoje é um fenômeno muito perigoso e diversificado. A
maior ameaça neste sentido é a explosão de um dispositivo nuclear improvisado.
Isso pode dar o mesmo efeito que as explosões das bombas atômicas em Hiroshima
e Nagasaki, que levaram centenas de milhares de vidas”.
A
ameaça constantemente crescente do terrorismo internacional, ao que parecia,
tornou não apenas possível, mas também necessária a cooperação militar e
política entre a Rússia e a OTAN. No entanto, parece que hoje as capitais
ocidentais decidiram novamente olhar para a Rússia através da mira de um
tanque, ignorando os verdadeiros – e não imaginários – desafios e ameaças
globais.
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