segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

China – Macau: Ativistas da Novo Macau convocam manifestação para 20 de dezembro




Macau, China, 15 dez (Lusa) - A maior associação pró-democracia de Macau convocou uma manifestação para o próximo dia 20, quando se assinalam os 15 anos da transferência de Administração e quando toma posse o novo Governo, com a presença do Presidente chinês.

A marcha promovida pela Associação Novo Macau (ANM), juntamente com a associação Juventude Dinâmica, tem como objetivo pedir a introdução de sufrágio universal no território e está marcada para as 14:00 (06:00 em Lisboa), na Praça do Tap Seac. Seguirá, depois, em direção do Jardim da Penha, onde se organizará uma reunião para debater a questão.

"Esta é a sétima manifestação nos últimos sete anos. O mote é 'Mudem o sistema político, queremos sufrágio universal'. Pedimos ao Governo de Macau que proponha ao comité permanente da Assembleia Popular Nacional o início da reforma política, e pedimos ao Governo que comece a primeira fase de consulta pública no próximo ano para introduzir o sufrágio universal na eleição do chefe do executivo e de todos os deputados da Assembleia Legislativa", explicou hoje, em conferência de imprensa, o vice-presidente da ANM, Bill Chou.

A associação notificou o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais da sua intenção a 28 de novembro, mas até agora não recebeu qualquer resposta. No entanto, para os ativistas, o silêncio das autoridades não é problemático, já que consideram que a lei lhes garante o direito à manifestação, com as autoridades a pronunciarem-se unicamente sobre os trajetos.

A ANM não quer avançar com previsões em relação à adesão, mas tem investido na promoção do evento: há dois dias que distribui brochuras e autocolantes nas ruas e junto a escolas.

"[O material] explica por que é que queremos sufrágio universal e qual é a relação com as questões de subsistência, que estão altamente dependentes do Governo. Não podemos resolver os problemas de subsistência sem ter sufrágio universal", disse Bill Chou.

Na terça-feira, os dois deputados da ala pró-democrata, Ng Kuok Cheong e Au Kam San, entregam uma petição na sede do Governo, destinada ao Presidente Xi Jinping, com o mesmo propósito. Ainda assim, os jovens à frente da ANM (a que também pertencem os deputados) consideram entregar a sua própria petição, no dia 20.

A ANM não sabe se a marcha vai contar com a presença de democratas de Hong Kong, mas manifestou preocupação com a possibilidade de serem impedidos de entrar no território - em ocasiões de maior sensibilidade política é comum que a polícia barre a entrada a ativistas de fora.

Por fim, o novo presidente da ANM, Sulu Sou, queixou-se de uma situação que já o anterior presidente da associação, Jason Chao, tinha referido: dias antes da visita de individualidades da China a Macau, os ativistas são "seguidos" por pessoas que "não parecem ser da polícia local".

"São provavelmente dos serviços secretos [chineses]", comentou Bill Chou.

Segundo relataram os ativistas, o novo secretário para a Segurança (antigo diretor da Polícia Judiciária), Wong Sio Chak, foi confrontado com esta questão no domingo, por jornalistas que o abordaram durante a anual Marcha da Caridade, ocasião em que "negou ter mandado seguir os democratas mas garantiu que toda a gente que possa perturbar a ordem pública é escrutinada".

O Presidente chinês Xi Jinping chega a Macau no dia 19 para uma visita de dois dias integrada nas comemorações do 15.º aniversário da cidade como Região Administrativa Especial da China.

ISG // VM

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