Macau,
China, 15 dez (Lusa) - A maior associação pró-democracia de Macau convocou uma
manifestação para o próximo dia 20, quando se assinalam os 15 anos da
transferência de Administração e quando toma posse o novo Governo, com a
presença do Presidente chinês.
A
marcha promovida pela Associação Novo Macau (ANM), juntamente com a associação
Juventude Dinâmica, tem como objetivo pedir a introdução de sufrágio universal
no território e está marcada para as 14:00 (06:00 em Lisboa), na Praça do Tap
Seac. Seguirá, depois, em direção do Jardim da Penha, onde se organizará uma
reunião para debater a questão.
"Esta
é a sétima manifestação nos últimos sete anos. O mote é 'Mudem o sistema
político, queremos sufrágio universal'. Pedimos ao Governo de Macau que
proponha ao comité permanente da Assembleia Popular Nacional o início da
reforma política, e pedimos ao Governo que comece a primeira fase de consulta
pública no próximo ano para introduzir o sufrágio universal na eleição do chefe
do executivo e de todos os deputados da Assembleia Legislativa", explicou
hoje, em conferência de imprensa, o vice-presidente da ANM, Bill Chou.
A
associação notificou o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais da sua
intenção a 28 de novembro, mas até agora não recebeu qualquer resposta. No
entanto, para os ativistas, o silêncio das autoridades não é problemático, já
que consideram que a lei lhes garante o direito à manifestação, com as
autoridades a pronunciarem-se unicamente sobre os trajetos.
A
ANM não quer avançar com previsões em relação à adesão, mas tem investido na
promoção do evento: há dois dias que distribui brochuras e autocolantes nas
ruas e junto a escolas.
"[O
material] explica por que é que queremos sufrágio universal e qual é a relação
com as questões de subsistência, que estão altamente dependentes do Governo.
Não podemos resolver os problemas de subsistência sem ter sufrágio
universal", disse Bill Chou.
Na
terça-feira, os dois deputados da ala pró-democrata, Ng Kuok Cheong e Au Kam
San, entregam uma petição na sede do Governo, destinada ao Presidente Xi
Jinping, com o mesmo propósito. Ainda assim, os jovens à frente da ANM (a que
também pertencem os deputados) consideram entregar a sua própria petição, no
dia 20.
A
ANM não sabe se a marcha vai contar com a presença de democratas de Hong Kong,
mas manifestou preocupação com a possibilidade de serem impedidos de entrar no
território - em ocasiões de maior sensibilidade política é comum que a polícia
barre a entrada a ativistas de fora.
Por
fim, o novo presidente da ANM, Sulu Sou, queixou-se de uma situação que já o
anterior presidente da associação, Jason Chao, tinha referido: dias antes da
visita de individualidades da China a Macau, os ativistas são
"seguidos" por pessoas que "não parecem ser da polícia
local".
"São
provavelmente dos serviços secretos [chineses]", comentou Bill Chou.
Segundo
relataram os ativistas, o novo secretário para a Segurança (antigo diretor da
Polícia Judiciária), Wong Sio Chak, foi confrontado com esta questão no
domingo, por jornalistas que o abordaram durante a anual Marcha da Caridade,
ocasião em que "negou ter mandado seguir os democratas mas garantiu que
toda a gente que possa perturbar a ordem pública é escrutinada".
O
Presidente chinês Xi Jinping chega a Macau no dia 19 para uma visita de dois
dias integrada nas comemorações do 15.º aniversário da cidade como Região
Administrativa Especial da China.
ISG
// VM
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