Hong
Kong, China, 02 dez (Lusa) -- Os três fundadores do movimento "Occupy
Central" pediram hoje aos manifestantes pró-democracia para se retirarem
das áreas ocupadas e anunciaram que se vão entregar à polícia na quarta-feira.
"Para
o bem e segurança dos manifestantes que ocupam as ruas, enquanto nos preparamos
para nos entregar [à polícia], exortamos os estudantes a retirarem-se, a
recuperarem e a ganharem forças", disse Benny Tai, cofundador do movimento
de desobediência civil "Occupy Central".
Não
sabemos o que vai acontecer depois de nos entregarmos, se vamos ser detidos ou
colocados em liberdade, mas estamos preparados para as consequências",
disse Benny Tai, num anúncio conjunto com o reverendo Chu Yiu-ming e o sociólogo
Chan Kin-man.
Os
três mostraram-se dispostos a enfrentar as consequências legais por terem posto
em marcha a campanha de desobediência civil há mais de dois meses.
Benny
Tai explicou que o trio se vai entregar à polícia na quarta-feira num
compromisso com o estado de Direito e com o "princípio da paz e
amor".
"Um
governo que usa bastões da polícia para manter a sua autoridade é um governo
que excedeu os limites do razoável", afirmou o professor de Direito na
Universidade de Hong Kong, visivelmente emocionado.
O
anúncio surge depois de, na noite de domingo e manhã de segunda-feira, centenas
de manifestantes pró-democracia terem entrado em confronto com a polícia em Admiralty,
junto à sede do governo, ao tentarem forçar os cordões de segurança e invadir
edifícios governamentais.
Os
mais recentes confrontos em Admiralty são apontados como os mais graves
registados desde o início dos protestos, a 28 de setembro.
Também
na segunda-feira, três estudantes, incluindo o líder do movimento
"Scholarism", Joshua Wong iniciaram uma greve de fome.
"A
rendição não é um ato de cobardia, é a coragem de agir. Render não é falhar, é
a denúncia silenciosa de um governo sem coração", disse Tai.
O
académico enalteceu a coragem dos manifestantes que ocupam as ruas há mais de
dois meses. Mas a polícia "está fora de controlo" e é chegada a hora
de os manifestantes abandonarem "estes locais perigosos", sublinhou.
Benny
Tai, Chan Kin-man e Chu Yiu-ming
fundaram o movimento de desobediência civil "Occupy Central" no
início de 2013 para pressionar reformas políticas, mas nas últimas semanas
assumiram uma posição mais discreta à medida que os estudantes têm radicalizado
as suas ações.
Os
manifestantes pró-democracia contestam uma decisão de Pequim que limita o
sufrágio universal naquele território.
O
Governo central chinês insiste que os candidatos a chefe do executivo em 2017
devem ser pré-selecionados por um comité, condição rejeitada pelos manifestantes.
O
número de pessoas nas ruas diminuiu significativamente desde o final de
setembro, mas os ativistas mantiveram dois locais de protesto: Admiralty, junto
ao complexo governamental, e outro de menor dimensão no distrito comercial de
Causeway Bay.
FV
(DM/ SCA) // JPS – foto Jerome Favre / EPA
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