quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Moçambique: RENAMO ESCORRAÇA JORNALISTAS




Maputo, 29 Dez (AIM) A Renamo, o maior partido da oposição no país, impediu os jornalistas dos órgãos públicos, incluindo da Agência de Informação de Moçambique (AIM), Radio Moçambique (RM) e Televisão de Moçambique (TVM), bem como do jornal Noticias de cobrir uma conferência de imprensa desta formação política havida hoje em Maputo.

Para o efeito, Renamo incumbiu ao seu chefe-adjunto do departamento nacional de informação, Gilberto Chirindza, a missão de controlar a identidade de cada jornalista e o respectivo órgão de informação.

Quando chegou a vez da equipe de reportagem da AIM, Chirrindza disse num tom ríspido
a AIM não foi convidada, para de seguida acrescentar tanto o Notícias, a TVM (Televisão de Moçambique) e vocês já não vão mais cobrir as nossas actividades. Os vossos chefes já sabem disso.

No entanto, o director-geral da AIM, Gustavo Mavie, garantiu não ter recebido nenhuma informação sobre a decisão da Renamo.

A Agência de Informação de Moçambique não recebeu nenhum aviso, nenhuma informação sobre esta decisão da Renamo, asseverou Mavie, manifestando a sua surpresa com a atitude daquela formação política.

Aliás, este é o segundo incidente do género ocorrido nos últimos dias. O primeiro ocorreu há pouco mais de uma semana, no distrito de Gorongosa, província central de Sofala, quando a Renamo impediu a equipe da TVM de cobrir a reunião da Comissão Política Nacional da Renamo, um evento que foi dirigido pelo seu líder, Afonso Dhlakama.

Contudo, o banimento da AIM não impediu a equipe de agência de realizar o seu trabalho tendo, para o efeito, usado fontes alternativas.

Assim, a AIM apurou que durante a conferência de imprensa havia hoje, dirigida por António Muchanga, porta-voz do líder da Renamo, Afonso Dhlakama insiste que não tenciona aceitar os resultados das eleições gerais e das assembleias provinciais de 15 de Outubro, que serão divulgados pelo Conselho Constitucional (CC) na terça-feira da semana corrente, em Maputo.

O CC é órgão de soberania ao qual compete especialmente administrar a justiça em matérias de natureza jurídico-constitucional em Moçambique.

Dhlakama considera de fraudulentos os resultados das eleições gerais que, segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE), conferem uma vitória a Frelimo, partido no poder em Moçambique e seu candidato presidencial, Filipe Nyusi.

Os resultados, que ainda aguardam pela deliberação do CC, indicam que Nyusi obteve o maior número de votos, ou seja 57,14 por cento, contra 36,38 de Dhlakama, enquanto o candidato do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, conseguiu apenas 6,48 por cento.

Apesar da deliberação do CC constituir uma incógnita, é estranho que Muchanga apareça a firmar categoricamente que aquele órgão não vai trazer algo novo.

O que vai se fazer lá é o que a Frelimo fez. É que mandou os juízes do Conselho Constitucional para ler e confirmar o que a CNE foi mandado fazer pelo partido Frelimo, afirmou.

Sobre os passos que o seu partido pretende logo após o anúncio dos resultados pelo CC, Muchanga disse que Dhlakama vai conceder uma conferência de imprensa.

Nós já anunciamos publicamente, em voz alta e em bom-tom que a solução de todos os problemas são negociações, porque mesmo havendo situações de confronto esses confrontos terão que terminar na mesa, disse Muchanga.

Por isso, vincou que
mais uma vez, achamos nós que o melhor caminho que tem de ser percorrido é o caminho do diálogo.

Se eles tem a certeza de que ganharam as eleições não estariam a multiplicar brigadas de intimidação, cantando glória em todo o país, referiu.

Muchanga reiterou que a criação de um governo de gestão é fulcral para o início das reformas no país, considerando a não repetição das eleições.

Temos que ter eleições credíveis. Assim, propomos um governo de gestão, cuja missão principal é de reformar as instituições, desde a Polícia, o Exército, os próprios órgãos eleitorais e, após isso, iremos implementar esta bonita lei (Lei Eleitoral) conseguida através do sacrifício de Santujira, que possa garantir efectivamente que em Moçambique governe quem ganhou as eleições, afirmou.

(AIM) Acácio Chirrinzane (AC)/sg

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