A
fome pode ameaçar até março de 2015 mais de um milhão de pessoas nos três
países da África Ocidental mais afetados pela epidemia do vírus Ébola,
alertaram hoje as agências alimentares das Nações Unidas.
A
epidemia da febre hemorrágica já fez 6.900 mortos na Libéria, Serra Leoa e
Guiné-Conacri mas a "insegurança alimentar" também está a atingir a
região de forma crónica, referem em comunicado conjunto o Programa Alimentar
Mundial (PAM) e o Fundo das Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura (FAO).
As
medidas de quarentena, os internamentos prolongados, os entraves à circulação,
colheitas perdidas nas zonas mais atingidas pelo vírus do Ébola e o
encerramento dos grandes mercados penalizam gravemente o acesso das populações
a bens alimentares nos três países africanos, afirmam também os organismos da
ONU após inquéritos e investigações na região.
"No
presente mês de dezembro, de acordo com as nossas estimativas, meio milhão de
pessoas encontram-se em situação de grave insegurança alimentar nos três países
da costa ocidental africana mais afetados", registam a FAO e o PAM, que
preveem que o número pode "ultrapassar um milhão até ao mês de março de 2015 a não ser que o acesso
à alimentação venha a ser melhorado".
"A
quebra da produtividade e a perda de poder de compra em virtude da doença,
assim como as medidas de quarentena têm vindo a agravar paulatinamente a
economia nos três países", sublinha-se no documento.
As
agências da ONU referem ainda que "devido ao receio de contágio, muitas
pessoas não se apresentam nos postos de trabalho".
Neste
momento, os três países são obrigados a aumentar a importação de bens
alimentares e precisam de mais receitas provenientes dos produtos que
tradicionalmente são exportados como o café e o cacau.
O
PAM e a FAO apelam a uma ação urgente no sentido do restabelecimento dos
sistemas agrícolas fornecendo às populações mais sementes e nova tecnologia que
permita substituir a falta de mão-de-obra.
Lusa,
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