Retirar
dignidade às pessoas, forçando-as a recorrer à caridadezinha, eis o quadro
mental de uma direita que leva à prática políticas de um verdadeiro racismo
social em Portugal.
Álvaro Arranja* -
Esquerda.net, opinião
Para
isso recuperam as políticas de um dos seus ídolos, Sidónio Pais que em 1917 e
1918 instaurou uma ditadura, balão de ensaio do salazarismo que se avizinhava.
Nos
tempos em que a monarquia, era sinónimo de falhanço social, com fome, miséria e
inflação galopante, no reinado de D. Carlos a Duquesa de Palmela e a Marquesa
de Rio Maior, criaram as Cozinhas Económicas e depois Sidónio Pais apropriou-se
da iniciativa e assim ficou na história a “sopa do Sidónio”.
Agora
o ministro Mota Soares volta ao tempo das sopas dos pobres.
Recentemente
este governante afirmou que o governo estava a investir na disponibilidade de
mais cantinas sociais para acudir a quem precisa de alimentação e não a pode
adquirir. Aposta portanto na via assistencial em vez de apoiar a autonomia das
pessoas e das famílias. O mesmo princípio está presente, quando o governo
afirma que é necessário apoiar mais as Instituições de Solidariedade Social
(controladas pelo PSD, CDS e Igreja Católica) para que estas possam, por seu
turno, assistir as pessoas e as famílias, matando-lhes a fome. Assistência sim,
autonomia não! Estamos em finais do século XIX e não no século XXI!
Mota
Soares obviamente não aceita que o papel de um ministro de um regime
democrático é gerir os recursos de todos de acordo com as políticas solidárias
que a sociedade coletivamente sancionou e não impor um programa de submissão
dos pobrezinhos, para aterrorizar os trabalhadores e facilitar o ataque aos
seus direitos.
Desmantelar
e privatizar o estado social, despedir os funcionários que asseguram serviços
essenciais, garantir lugares para os “boys” e “girls” na gestão das
instituições de caridade, fazer cortes drásticos no RSI, ao mesmo tempo que
destrói a dignidade dos mais desfavorecidos, eis o currículo que Mota Soares
apresentará quando deixar de ser ministro para ir ganhar a vida num qualquer
Conselho de Administração, de um qualquer Ricardo Salgado…
*Professor
e historiador
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