segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Portugal: CARLOS DO CARMO. 75 ANOS E UMA HOMENAGEM EM LISBOA



“É um filme de afectos, de amizades, quase lhe chamava um filme de Natal”, diz o realizador

O fadista Carlos do Carmo completou ontem 75 anos e foi homenageado com a exibição do documentário “Um Homem no Mundo”, de Ivan Dias, que definiu a obra como “um filme de amor”.

“Neste filme, [em contacto com os amigos] Carlos do Carmo revela-se, o que me permitiu, como realizador, poder mostrar este mundo que ele não pôde mostrar ao grande público, só mostrava aos amigos”, disse Ivan Dias. O filme, exibido ontem no Cinema S. Jorge, em Lisboa, “é um filme de afectos, de amizades, quase lhe chamava um filme de Natal, porque é um filme da família, um filme de amor – diria que este é um filme de amor”, afirmou o cineasta que realizou, entre outros, um documentário sobre o viola baixo Joel Pina, a exibir em Fevereiro na RTP.

O realizador disse ainda que o filme surge no “momento mais brilhante, o momento de consagração” do cantor, pois “poucos artistas chegam aos 50 anos de carreira”, celebração que se junta aos 50 anos de casamento do fadista com Maria Judite de Sousa Leal, com quem tem três filhos e vários netos. Para Ivan Dias, esta é uma questão “essencial” e afirmou ainda que procurou “passar a ideia do afecto com que Carlos vive com Judite e com os amigos”.

“Quando estávamos a mostrar o filme”, Carlos contou “17 beijos que dá a Judite”. “Eu não contabilizei. Agora, de facto, é um ritual que ele cumpre sempre antes de entrar em palco, antes de fazer qualquer coisa importante: olha para ver onde está Judite, dá-lhe um beijo na boca e sobe ao palco”, contou Ivan Dias.

Carlos do Carmo, voz de clássicos como “Canoas do Tejo” e “Os Putos”, disse à Lusa que a iniciativa veio de Ivan Dias: “O Ivan quis oferecer-me este filme. Há ano e meio ele disse-me: ‘Vou fazer o filme da sua vida’. Andou atrás de mim, foi a Toronto, a Madrid, ao Brasil e foi filmando, filmando e fazendo uma retrospectiva e fez este documentário que é muito cheio de afectividade – o que ele tem sobretudo é afectividade”, disse o fadista, lembrando que o realizador “andou a bater de porta em porta”, para conseguir os necessários apoios financeiros.

Embaixador da candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade, Carlos do Carmo realçou a importância deste tipo de documentários, que não foi possível fazer no passado. “É indispensável, para a memória do futuro, para as pessoas saberem quem nós éramos, ao que andávamos, como era o nosso feitio, e depois têm os discos para ouvir”, rematou. “Um Homem no Mundo”.

A estreia do documentário estava prevista para o dia de Natal, mas foi adiada para o próximo ano, por “questões levantadas pela Sociedade Portuguesa de Autores [SPA] sobre direitos autorais”, disse à Lusa a distribuidora cinematográfica NOS.

Jornal i - Foto: José Sena Goulão / Lusa

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