O
secretário-geral do PCP colocou hoje "perguntas fundamentais" para
poder "conversar" sobre a constituição de um futuro Governo,
assegurando que o partido está pronto a assumir "todas as
responsabilidades, designadamente governativas" que o povo lhe atribua.
Jerónimo
de Sousa participou hoje num almoço que reuniu cerca de 500 pessoas em
Benavente, deixando algumas "interrogações" tendo em conta o trajeto
do Partido Socialista (PS), que, mesmo quando teve maioria absoluta, foi
"pelo seu próprio pé, sempre livremente e ligeirinho, para a direita".
"Por
isso fazemos estas interrogações. Conversar, podemos conversar, mas respondam,
porque estaremos de acordo que o pior seria este PCP, com uma só cara, uma só
palavra, a troco deste ou daquele lugar num Governo, abdicar de saber: um
Governo para quê, um Governo para quem? Para governar para o povo ou para o
capital? São perguntas fundamentais, primeiras e principais que temos de
fazer", afirmou.
Jerónimo
de Sousa declarou que o Partido Comunista Português (PCP) assumirá "todas
as responsabilidades, designadamente governativas, que o povo português entenda
atribuir [ao partido] - não o PS - (...) na luta e no voto", assegurando
que não abdica da "política alternativa, dessa rutura que é necessária,
porque no pântano ninguém consegue nadar".
O
líder comunista sublinhou a "diferença" do PCP, num "quadro de
corrupção, de tanta mentira e de tanto equívoco", por ter um ideal e
"estar na política de forma ética".
Referindo-se
aos "casos que têm abalado a realidade política e social" do país,
Jerónimo de Sousa afirmou que não se trata de "uma questão comportamental
deste ou daquele indivíduo", mas que "é a própria política de direita
que é adubo e semente dessa mesma corrupção".
Para
Jerónimo de Sousa, a situação de corrupção "faz perigar o próprio regime
democrático", que, frisou, não é a origem do problema.
"Não
é um problema da Constituição, não é um problema do regime democrático, mas sim
resultante da própria política de direita", disse, recordando que os
constituintes "aprovaram um preceito em que diziam que o poder económico
não se pode sobrepor ao poder político" e que é a "distorção"
deste preceito que hoje "permite o processo de corrupção" a que se
assiste em Portugal.
O
almoço, no pavilhão Nossa Senhora da Paz, contou com a presença de
personalidades do mundo do futebol, como Toni, António Simões (que chegou a ser
deputado pelo CDS, eleito pelo círculo fora da Europa), Álvaro e João Malheiro,
tendo Jerónimo de Sousa começado o seu discurso com uma saudação e um
"sublinhado especial" aos que, "não sendo comunistas, apenas
patriotas preocupados com o seu país", quiseram estar presentes.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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