O
líder comunista rejeitou hoje governar em coligação com o PS sem que os
socialistas convirjam numa "política alternativa e de esquerda",
reiterando que o PCP está pronto para assumir as suas responsabilidades.
Jerónimo
de Sousa anunciou ainda a realização de um encontro nacional dos comunistas, em
28 de fevereiro, sob o lema "Não ao Declínio Nacional, Soluções para o
País", na área metropolitana de Lisboa, por decisão do comité central,
reunido na véspera, também na sede do partido.
"A
primeira crítica que fazemos ao PS é que não propõe essa rutura e esse
confronto com a política de direita. O PS não se demarca nem tem resposta - a
questão da renegociação da dívida, a demarcação desse colete de forças que é o
Tratado Orçamental, uma posição muito híbrida em relação à política fiscal, uma
linha de afirmação de continuidade das privatização, discutindo no caso da TAP
se é 49 se é 66%, não compromisso da devolução do que foi extorquido aos
reformados e pensionistas, remetendo tudo para a concertação social",
elencou.
Para
o secretário-geral do PCP, "não é a crítica pela crítica, nem se António
Costa é mais à esquerda ou à direita que o seu antecessor" - "o
problema é de saber se o PS está disposto a romper com este caminho para o
desastre ou se, com uma ou outra proposta positiva, quer o mesmo" e
"não qualquer divergência pessoal ou problema de relacionamento
institucional", disse.
"A
ideia é um pouco peregrina. Cada partido tem uma natureza de classe. A direita
não o é pelo nome é porque tem uma política de direita. Então, podíamos
misturar aqui, numa espécie de albergue espanhol, todos ao molho e fé em Deus,
independentemente daquilo que cada um defende ?", criticou, questionado
sobre a intenção do líder socialista de passar a contar com outros parceiros
sem os habituais partidos do denominado "arco da governação".
O
dirigente do PCP lembrou ainda "a erupção do caso dos vistos ´gold' e da
situação que envolve o ex-primeiro-ministro José Sócrates", como
"novos episódios numa sucessão de casos", como o do Grupo Espírito
Santo/Banco Espírito Santo, de "proliferação de atividades ilícitas e
danosas" que "não podem ser desligadas da política de direita".
"Apesar
de tudo, o Mundo move-se. A confiança e esperança que temos é que isto não há
de ser sempre assim. O povo português, o tal soberano, pode decidir que ninguém
é dono dos votos e que essa alteração da relação de forças se dê. Não é apenas
otimismo histórico. Estamos confiantes de que seríamos capazes de dar
contributo bom se assumissemos essas responsabilidades", concluiu.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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