"A
ignorância e o relativismo moral estão na base da nossa crise actual",
acrescenta
O
duque de Bragança, Duarte Pio, defendeu hoje a necessidade de uma
"revolução cultural", quando os portugueses sofrem as consequências
"gravíssimas" de políticas "economicamente irresponsáveis e
moralmente desajustadas".
Na
mensagem a assinalar o 1.º de Dezembro, dia que se celebra a Restauração da
Independência de Portugal após o domínio filipino, o chefe da Casa Real
Portuguesa também se referiu aos "sinais muito recentes de que a Justiça
finalmente está a funcionar, com plena independência entre os poderes".
A
Justiça portuguesa "tem dado extraordinárias provas de independência,
apesar das péssimas condições com que os juízes contam para realizarem o seu
trabalho", disse.
Nas
últimas semanas, duas investigações levaram à detenção de responsáveis ou
ex-responsáveis em cargos públicos, como o ex-primeiro ministro José Sócrates,
indiciado de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção e, no âmbito
da operação relacionada com corrupção nos vistos ´gold´, do ex-presidente do
Instituto dos Registos e Notariado, António Figueiredo, e do ex-diretor
nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Jarmela Palos.
"Num
momento em que os portugueses sofrem as consequências gravíssimas de muitos
anos de políticas economicamente irresponsáveis e moralmente desajustadas,
precisamos de uma 'revolução cultural'", declara o duque de Bragança.
"A
ignorância e o relativismo moral estão na base da nossa crise actual",
acrescenta.
Para
Duarte Pio, "Portugal e os portugueses vivem dias amargurados" porque
a pátria "não se comporta como país livre e independente" e enumera
um conjunto de problemas, como o desemprego, que obriga as famílias a
desempenharem um papel supletivo que "o Estado já não alcança", a
necessidade de emigrar, sobretudo entre os mais jovens e qualificados, ou a
"pouca confiança" em instituições como a Justiça e a Assembleia da
República.
Nas
eleições autárquicas, os portugueses manifestaram o desejo de ver independentes
nos cargos municipais, escolhidos pessoalmente pelos eleitores, recorda o chefe
da Casa Real Portuguesa, apontando ainda sinais de que os cidadãos se
movimentam para procurar alternativas políticas para as eleições legislativas.
"Para
todo este desejo de renovação que perpassa pelo nosso país, estou convicto que
a Instituição Real seria muito importante, ao aproximar a população das suas instituições
políticas", salienta Duarte Pio. Por isso, insiste que a sua família
"está preparada para assumir os compromissos que o nobre povo
português" lhe quiser confiar.
"O
pensamento republicano é de curto prazo, interessa-lhe resolver os assuntos a quatro
anos, até às próximas eleições, é um pensamento muito provisório", afirma.
O
duque de Bragança apela ainda aos governantes portugueses para que Portugal
tenha uma intervenção "em defesa das vítimas do fanatismo no Próximo
Oriente".
Lusa,
em jornal i
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