Danilo
Salvaterra – T+ela Nón (st), opinião
Muito
se tem falado dos efeitos da “dupla” insularidade da Ilha do Príncipe face às
perspectivas de desenvolvimento. É verdade que a insularidade torna difícil ou,
mesmo, encarece qualquer medida que vise o desenvolvimento.
Entretanto,
e dado que não é possível mudar a Ilha do local onde ela se encontra, partilho
convosco o clássico exemplo da empresa de calçados que terá enviado
dois consultores em prospecção de oportunidades de negócios para um certo país.
O
primeiro consultor não encontrou oportunidades alegando que ali as pessoas não
usavam sapatos. O segundo comunicou em relatório a existência de óptimas
perspectivas de negócios.
Tal
como o segundo consultor, mais do que lamentar da insularidade, a governação da
ilha deve encontrar vantagens no que aparentemente se apresenta como
constrangimentos. A insularidade e a pequenez tanto territorial como
populacional da Ilha do Príncipe podem ser as reais vantagens.
Uma
vez que não podemos mudar de localização, manda a ousadia e sensatez que
entendamos conceitos como vantagens competitivas para delas podermos tirar
proveitos. Ter o mar como o vizinho mais próximo, protege-nos de surtos de
epidemia ou facilita o controlo. A dimensão reduzida retira-nos qualquer
ambição expansionista, logo, ganhamos em capacidades de aceitação em mediação
de conflitos.
Reduzida
dimensão populacional, facilita-nos nas politicas de educação e erradicação da
pobreza. O mar dá-nos, para além da pesca, capacidade de chamar para nós a
instalação de institutos de observação marinha. Há um manancial de potencial
que essa insularidade nos possibilita.
Gastos
em ideias vagas e dogmáticas são soluções custosas que simplesmente tornam-nos
mais pobres.
Os
recursos que nos são disponibilizados precisam ser geridos e aplicados em
soluções ousadas e duradouras. Precisamos olhar para o mar, nosso
vizinho mais próximo, e com ele dialogar em nosso proveito. Sonhos pequenos,
não nos levam a lado algum.
Ao
longo dos tempos, com justificações da insularidade, hoje apelidada de dupla,
temos desperdiçado recursos em projectos pequenos e desenquadrados dos desafios
do mundo global. São deles exemplo a assumida electrificação, as casas sociais,
os centros de saúde comunitários, as construções das “autopistas rurais”, etc.
Precisamos
preparar o futuro. O nosso futuro exige um repensar de tudo. Repensar a
educação, repensar a saúde, pensar nas cidades e nas pessoas.
Precisam
as autoridades do arquipélago entender que o mundo global e competitivo não
aceita justificações; logo, se quisermos sobreviver, teremos que imitar os
melhores e as boas práticas.
A
dupla insularidade é uma bênção de Deus, precisamos de ousadia para dela tirar
proveito, sonhando e realizando coisas nunca antes feitas.
Leia
mais em Téla Nón
Sem comentários:
Enviar um comentário