terça-feira, 2 de dezembro de 2014

São Tomé e Príncipe: Príncipe e a Dupla insularidade – Oportunidade ou Limitação



Danilo Salvaterra – T+ela Nón (st), opinião

Muito se tem falado dos efeitos da “dupla” insularidade da Ilha do Príncipe face às perspectivas de desenvolvimento. É verdade que a insularidade torna difícil ou, mesmo, encarece qualquer medida que vise o desenvolvimento.

Entretanto, e dado que não é possível mudar a Ilha do local onde ela se encontra, partilho convosco o clássico exemplo da  empresa de calçados  que terá enviado dois consultores em prospecção de oportunidades de negócios para um certo país.

O primeiro consultor não encontrou oportunidades alegando que ali as pessoas não usavam sapatos. O segundo comunicou em relatório a existência de óptimas perspectivas de negócios.

Tal como o segundo consultor, mais do que lamentar da insularidade, a governação da ilha deve encontrar vantagens no que aparentemente se apresenta como constrangimentos. A insularidade e a pequenez tanto territorial como populacional da Ilha do Príncipe podem ser as reais vantagens.

Uma vez que não podemos mudar de localização, manda a ousadia e sensatez que entendamos conceitos como vantagens competitivas para delas podermos tirar proveitos. Ter o mar como o vizinho mais próximo, protege-nos de surtos de epidemia ou facilita o controlo. A dimensão reduzida retira-nos qualquer ambição expansionista, logo, ganhamos em capacidades de aceitação em mediação de conflitos.

Reduzida dimensão populacional, facilita-nos nas politicas de educação e erradicação da pobreza. O mar dá-nos, para além da pesca, capacidade de chamar para nós a instalação de institutos de observação marinha. Há um manancial de potencial que essa insularidade nos possibilita.

Gastos em ideias vagas e dogmáticas são soluções custosas que simplesmente tornam-nos mais pobres.

Os recursos que nos são disponibilizados precisam ser geridos e aplicados em soluções ousadas e duradouras. Precisamos olhar para o mar, nosso vizinho mais próximo, e com ele dialogar em nosso proveito. Sonhos pequenos, não nos levam a lado algum.

Ao longo dos tempos, com justificações da insularidade, hoje apelidada de dupla, temos desperdiçado recursos em projectos pequenos e desenquadrados dos desafios do mundo global. São deles exemplo a assumida electrificação, as casas sociais, os centros de saúde comunitários, as construções das “autopistas rurais”, etc.

Precisamos preparar o futuro. O nosso futuro exige um repensar de tudo. Repensar a educação, repensar a saúde, pensar nas cidades e nas pessoas.

Precisam as autoridades do arquipélago entender que o mundo global e competitivo não aceita justificações; logo, se quisermos sobreviver, teremos que imitar os melhores e as boas práticas.

A dupla insularidade é uma bênção de Deus, precisamos de ousadia para dela tirar proveito, sonhando e realizando coisas nunca antes feitas.

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