O
recém-empossado primeiro-ministro de São-Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada,
demitiu hoje mais de duas dezenas de diretores da administração pública,
nomeando os seus substitutos, no final da primeira reunião do conselho de
ministros do novo governo.
Entre
os diretores demitidos figuram os da Rádio Nacional (RNSTP), da Televisão
São-tomense (TVS), da Agencia STP Press, da Empresa de Agua e Eletricidade
(EMAE) e da Empresa Nacional de Segurança Aérea (ENANA).
"Não
é admissível em democracia que organismos com responsabilidades acrescidas no
Estado e na nossa sociedade não prestem contas das suas atividades e
desempenho, bem como não é aceitável que funcionários permaneçam nos seus
cargos indefinidamente e de modo intocável, sem que sejam inspecionados e
avaliados para se aquilatar da sua competência para continuar no exercício do
cargo", disse Patrice Trovoada, que tomou posse no sábado, no final da
reunião de dois dias do conselho de Ministros.
"É
preciso que neste novo ciclo inauguremos uma nova conceção do poder e do seu
exercício, que não seja como no passado, focado sobre os "inimigos do
povo" e nas dicotomias entre "os puros e os impuros, os genuínos e os
adulterados, antipatriotas" e os "patriotas"", afirmou.
O
primeiro-ministro são-tomense instou os membros do seu governo a proceder a um
inventário "célere mas exaustivo" de todos os atos praticados pelo
anterior governo, liderado por Gabriel Costa, que "não correspondem às
boas praticas e aos interesses nacionais".
"Primeiro
para que sejam devidamente identificados o erros cometidos, segundo para que
todos possam compreender exatamente em que condições o XVI governo
constitucional assume o comando do país e, sobretudo, para que os mesmo erros
não se repitam indefinidamente como se de uma sina de tratasse", disse
Patrice Trovoada num "discurso de orientação" aos membros do seu
governo.
Patrice
Trovoada fez um balanço negativo dos dois anos do governo de Gabriel Costa, sublinhando
que "gerou mais atrasos, aumentou a ignorância, fomentou mais ódios,
acirrou as incompreensões, agudizou as discriminações".
"Enraizaram-se
os ressentimentos, multiplicaram-se as perseguições, tudo para perpetuar o
'status quo', ou seja o subdesenvolvimento do nosso país e o domínio de um
punhado de poderosos contra outros", adiantou.
O
primeiro-ministro são-tomense considerou que para o êxito da missão do novo
governo é necessário que seja instituída a obrigatoriedade das inspeções,
avaliações de desempenho e prestações de contas periódicas e generalizadas.
No
discurso de orientação politica aos membros do seu governo, Patrice Trovoada
lembrou ainda que "o povo espera exemplo, trabalho, verdade, diálogo
construtivo, sério e permanente, proximidade e transparência nos atos e
resultados".
O
novo chefe do governo são-tomense garantiu que quer "pôr fim às
perseguições político-partidárias com, por vezes, cumplicidades no sistema
judiciários e nas forças de segurança".
"O
povo espera que ponhamos fim às querelas interpessoais, às discriminações, à má
gestão da coisa pública, ao sectarismo, as injustiças, enfim, que ponhamos fim
a corrupção e as desmandos que tomaram conta do nosso país", concluiu
Patrice Trovoada.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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