O
golpe é antigo e Pequim recorreu ao figurino folheado e praticado pela maior
parte dos ditadores atuais e idos deste planeta: contratar criminosos para atemorizar
manifestantes que se oponham aos regimes. Pequim já desmentiu que tenha que ver
com estes contramanifestantes em
Hong Kong mas certo é que elementos das tríades (máfia
chinesa) foram detidos pela polícia nas contramanifestações. É vísivel que
Pequim desespera com a tenacidade, justas convicções e persistência dos manifestantes
que em Hong Kong
não arredam pé das ruas da cidade há uma semana exigindo mais democracia. Algo
tão simples quanto ter o direito de eleger quem os governa e dirige os destinos
daquela Região Autónoma Económica, assim como Macau – solidária com Hong Kong.
É
evidente que o regime na China não é democrático nem coisa diferente de uma
ditadura mascarada da chamada “abertura”. Se abertura existe é para o capital,
para as grandes corporações globais e grandes corporações chinesas –
controladas pelo regime. Um partido único
é quem rege os destinos daquele nobre e imenso povo. O maior país do mundo e o
mais povoado tem todas as condições para ser a maior potência global e
contribuir para a paz mundial controlando as tendências e ações guerreiras e
tantas vezes criminosas dos EUA e de outras pequenas potências associadas. Para isso Pequim tem de
percorrer a estrada da democracia e efetivá-la com práticas que se coadunem com
as perspetivas democráticas das populações. A abertura só será efetiva quando o
partido único deixar de o ser, houver justiça e as eleições se realizarem com um leque partidário
inovador que ensine ao mundo ocidental que já passou o tempo da democracia
ansilosada que o rege e que até já pouco tem de democracia mas sim de
sindicatos (seitas) onde impera a corrupção e as vontades de restritas elites que
dominam povos e países à revelia das suas vontades e carências. Caso dos EUA e
dos países da União Europeia.
Os
cidadãos da China em Hong
Kong têm todo o direito de exigir mais democracia, assim como
em Macau e noutras regiões. Assim como em toda a China. Os políticos e
dirigentes chineses não podem só parecer adeptos da “abertura”, têm de ser também
os seus impulsionadores. E a abertura tem de ser rumo à democracia, não só aos negócios
e àquilo a que chamam desenvolvimento sem tomar em consideração a qualidade de
vida e saúde que tantas vezes é desprezada ao assimilarem os vícios ocidentais
absolutamente nocivos e prescindíveis. A China precisa tanto do MacDonalds e dos seus
hamburgos como de sarna. E esse é só um exemplo. Mais democracia, isso sim. É preciso
por todo o mundo e também na China. Principalmente na China. Agora em Macau e
Hong Kong mas também onde o povo queira ser quem mais ordena. Obviamente que
essa meta não é possível atingir com um partido único, nem com partidos
criminosos, desonestos, corruptos, etc. A China, nesta fase, tem todas as condições para seguir um rumo diferente do que tem sido ditado pelo capitalismo explorador, opressor e assassino dos povos. Essa foi e é a esperança de muitos que no ocidente observam o gigante asiático e o seu rumo. Utópico? Só se quiserem que o seja.
Seguem-se
as notícias de hoje sobre Hong Kong. Com recurso à Agência Lusa. (MM/PG)
Governo
nega ter recorrido a grupos criminosos para atacar protestos
04
de Outubro de 2014, 18:11
Hong
Kong, China, 04 out (Lusa) -- O secretário para a Segurança, Lai Tung-kwok,
negou hoje que o Governo tenha recorrido a tríades para atacar os manifestantes,
depois de acusações de que infratores contratados invadiram os locais de
protesto para instigar confrontos violentos.
Duas
das mais movimentadas áreas comerciais de Hong Kong -- Causeway Bay e Mong Kok
-- viveram momentos caóticos na sexta-feira, quando grupos atacaram
manifestantes que ocupam as ruas de algumas áreas da cidade desde o início da
semana.
Os
manifestantes reivindicam o direito a escolher os candidatos a chefe do
Executivo, em 2017, mas Pequim decidiu, a 31 de agosto, que os aspirantes ao
cargo vão precisar do apoio de mais de metade de um comité de nomeação para
concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão selecionados.
A
China acusou os manifestantes de desestabilizarem a cidade e de "estarem a
sonhar" quanto a uma perspetiva de mudança, num editorial publicado hoje
no Diário do Povo, jornal do órgão central do Partido Comunista chinês.
A
Amnistia Internacional acusou os agentes da polícia de ação passiva e falha na
proteção aos manifestantes.
"Eu
reparei que pessoas disseram que o governo fechou os olhos às tríades ou chegou
mesmo a colaborar com as tríades. Essas acusações foram inventadas e são
completamente excessivas", disse o secretário para a Segurança, Lai
Tung-kwok aos jornalistas.
O
deputado do Partido Democrata Albert Ho disse que a polícia "parecia
mostrar muita brandura para com a ação das tríades".
"Tenho
todas as razões para acreditar que essa deve ser a única opção que resta para
os que estão no poder em
Hong Kong para verem se conseguem retirar os manifestantes do
local e limpar a via pública".
"A
única forma é permitir a outras pessoas fazerem-no, em vez de serem eles",
acrescentou.
O
também democrata James To apontou igualmente o dedo às autoridades. "Não
posso acreditar que a experiente polícia de Mong Kok não tenha podido
identificar os membros das tríades", disse em declarações ao jornal South
China Morning Post.
"O
governo usou forças organizadas e orquestradas, e até membros de tríades, numa
tentativa de dispersar cidadãos", continuou.
Em
conferência de imprensa, Lai Tung-kwok salientou que a polícia lida de forma
justa com cada um dos protestos e que a polícia iria
"verdadeiramente" fazer cumprir a lei.
"Nós
não aprovamos nenhuma desta violência. Hong Kong é uma sociedade de Direito.
Cada cidadão em Hong Kong
deve respeitar a lei. Ninguém quer ver o que aconteceu ontem
[sexta-feira]", referiu.
Das
19 pessoas detidas nos confrontos de sexta-feira, oito são suspeitos de
pertencerem a tríades.
FV/DM
// ATR
Denunciados
ataques sexuais a mulheres durante protestos
04
de Outubro de 2014, 17:42
Hong
Kong, China, 04 out (Lusa) -- Mulheres que participam nos protestos
pró-democracia em Hong Kong
estão a ser alvo de agressões sexuais e assédio, segundo manifestantes e a
Amnistia Internacional, com a violência a estalar em dois movimentados
distritos comerciais da Região Administrativa Especial chinesa.
A
Amnistia Internacional acusou a polícia de Hong Kong de "falhar no seu
dever" de proteger os manifestantes da violência que eclodiu ao final da
tarde de sexta-feira, afirmando que mulheres e raparigas estão a ser alvo de
ataques.
Os
ataques em causa são "agressões sexuais, assédio e intimidação",
refere a organização de defesa dos direitos humanos em comunicado, indicando
que os incidentes se reportam aos bairros comerciais de Mong Kok e Causeway
Bay.
Os
ataques surgiram depois de a polícia ter falhado em controlar os grupos que se
opõem ao movimento estudantil e ao 'Occupy' e que atacaram, com recurso a
violência, os manifestantes na tarde de sexta-feira.
Uma
jovem manifestante contactada pela agência AFP, que se encontrava em Causeway Bay , disse
que três amigas suas foram atacadas por um homem anti-Occupy, cujos apoiantes
prometeram permanecer nas ruas até que as suas reivindicações sejam atendidas.
Três
jovens choravam quando se preparavam para entrar para uma carrinha da polícia.
"Estamos
a levar a cabo mais investigações -- estas raparigas dizem que foram
indecentemente atacadas", disse o agente no local à agência noticiosa
francesa.
A
Amnistia disse que uma mulher que estava presente aquando dos confrontos em Mong Kok também foi alvo
de ataque.
"Um
homem apalpou-lhe os seios enquanto ela estava sentada com outros manifestantes
cerca das 04:00 (09: em Lisboa), disse a organização em comunicado.
"Ela
também viu o mesmo homem a atacar outras duas mulheres, tocando nas suas
virilhas", quando manifestantes intervieram, acrescenta a Amnistia.
O
clima mantinha-se hoje tenso nos locais das manifestações em Hong Kong , com receios
relativamente a novas represálias, com os jornalistas a serem apontados também
como alvo das mesmas.
DM/FV
// ATR
Dois
jornalistas da rádio e televisão pública atingidos nos protestos
04
de Outubro de 2014, 17:35
Hong
Kong, China, 04 out (Lusa) -- Dois jornalistas da Rádio e Televisão Pública de
Hong Kong (RTHK) ficaram feridos em incidentes registados em duas zonas de
protesto que concentram milhares de pessoas desde o início da semana, informou
a estação.
Um
jornalista da RTHK sofreu ferimentos no rosto depois de ter sido atacado por um
homem que protestava contra o movimento "Occupy Central" no distrito
de Mong Kok, na península de Kowloon.
Mak
Ka-wai disse que foi atacado de repente e que um homem lhe deu um murro
enquanto ele filmava uma pequena altercação entre apoiantes e opositores dos
protestos nas ruas.
O
jornalista disse que estava desapontado por a polícia não ter agido em seu
socorro. Pessoas no local intervieram e afastaram-no do seu atacante.
Esta
noite, outro jornalista da RTHK foi ferido em Admiralty, depois de
aparentemente ter sido atingido por um bastão da polícia.
O
caso ocorreu quando fazia a cobertura noticiosa de confrontos entre agentes da
polícia e manifestantes numa ponte pedonal no exterior da sede do Governo de
Hong Kong.
O
jornalista foi transportado para o hospital e um relatório médico comprova que
sofreu ferimentos no peito.
Um
porta-voz da RTHK disse que a estação condena qualquer ato de violência,
nomeadamente contra os jornalistas em trabalho.
FV/DM
// ATR
Pequim
diz apoiar a ação musculada da polícia
04
de Outubro de 2014, 14:28
Pequim,
04 out (Lusa) - Pequim reafirmou hoje o seu forte apoio à polícia de Hong Kong
e ao uso controverso de gás lacrimogéneo contra os manifestantes pró-democracia
e advertiu que qualquer ideia de importar "uma revolução colorida" na
China continental será uma "fantasia".
"Até
mesmo os jovens estudantes são obrigados a respeitar a lei. As ações tomadas
pela polícia de Hong Kong face ao movimento 'Occupy Central' são absolutamente
necessárias para fazer respeitar a lei", escreve o Diário do Povo, jornal
do jornal do órgão central do Partido Comunista chinês.
"Face
aos manifestantes que ignoram as ordens da polícia, que se precipitam para
transgredir os cordões de segurança, e que querem atingir os polícias com os
seus guarda-chuvas (...) a polícia não tem outra alternativa senão usar o gás
lacrimogéneo", continua o editorial contra o movimento pró-democrata em Hong Kong , considerado
"ilegal" por Pequim.
A
mobilização na antiga colónia britânica intensificou-se depois de violentos
confrontos, no passado domingo, com a polícia, que tentou dispersar os
manifestantes recorrendo ao uso de gás lacrimogéneo e de gás pimenta.
"Os
polícias de Hong Kong dão mostras de um grande profissionalismo, as ações que
eles tomam são necessárias, razoáveis e moderadas, e não há nenhuma razão para
contestar a maneira como atuam para fazer respeitar a lei", acrescenta o
artigo.
As
forças da ordem optaram nos dias seguintes por uma maior contenção perante a
designada "Revolução dos guarda-chuvas", que mobilizou milhares de
pessoas, sobretudo estudantes, e tem perturbado o normal funcionamento do
centro financeiro e comercial da ilha de Hong Kong e do distrito densamente
povoado em Mong Kok ,
na península de Kowloon.
Mas
os líderes estudantis acusaram os polícias de terem permitido a violência, ao
fecharem os olhos, esta sexta-feira, aos ataques extremamente fervorosos contra
as tendas e barricadas dos estudantes por parte de pessoas contra o movimento
'Occupy', ações essas que foram participadas por indivíduos suspeitos de terem
ligações à máfia.
A
própria polícia de Hong Kong confirmou que, entre os detidos, se encontram
membros de tríades, como tinham denunciado os jovens.
"Quanto
àqueles que querem importar e desenvolver, a partir de Hong Kong, uma
"revolução colorida" no interior da China, eles sonham, porque isso
não mais do que pura fantasia", lê-se ainda no Diário do Povo.
Numa
altura em que Pequim
é atualmente descrita como estando preocupada com a propagação de apelos à
subversão no país, a internet na China estava hoje fortemente censurada,
descreve a agência France Presse.
Sinal
do seu nervosismo, continua a AFP, é o facto de esta semana as autoridades
chinesas terem detido mais de 20 militantes que tinham expressado o seu apoio
aos manifestantes de Hong Kong, segundo associações de defesa dos direitos
humanos.
FV/DM
// DM
Polícia de Hong Kong detém pessoas ligadas às tríades após ataques às manifestações
04
de Outubro de 2014, 06:28
Hong
Kong, China, 03 out (Lusa) -- A polícia de Hong Kong deteve hoje várias pessoas
com ligações suspeitas aos conhecidos gangues, designados como tríades, depois
de uma série de ataques aos manifestantes pró-democracia, anunciaram fontes
policiais no início de sábado (hora local).
A
polícia realizou um total de 19 detenções na sequência dos confrontos, dos
quais pelo menos oito têm ligações às tríades, foi revelado em conferência de
imprensa.
RN
// JPS
Estudantes
rompem diálogo com governo
04
de Outubro de 2014, 01:36
Hong
Kong, 03 out (Lusa) - Líderes estudantis em Hong Kong anunciaram
hoje que interromperam o diálogo com o governo local depois da erupção de
confrontos nas manifestações pró-democracia em curso há quase duas semanas na
Região Administrativa Especial chinesa.
Os
estudantes, que exigem a demissão do atual chefe do executivo e que a eleição
do novo chefe do governo local, em 2017, seja realizada por sufrágio universal
e direto, acusam a polícia de ter permitido que "bandos criminosos"
atacassem os acampamentos de manifestantes.
A
Federação dos Estudantes de Hong Kong anunciou em comunicado que não teve
"outra opção senão romper o diálogo, depois de o governo e a polícia terem
hoje permitido atos violentos por elementos de 'tríades' (associações
criminosas chinesas) contra manifestantes pacíficos do movimento
'Occupy'".
Em
paralelo, testemunhas concordantes citadas pela agência noticiosa AFP
referiram-se a agressões sexuais em diversos locais da cidade, considerada uma
das mais seguras do mundo.
O
movimento pró-democracia exige a instauração do sufrágio universal direto e a
demissão do chefe do executivo local, Leung Chun-ying, que consideram uma
marioneta de Pequim. A China aceita o princípio do voto livre, mas pretende
manter o controlo das candidaturas.
Os
estudantes, na vanguarda do movimento, emitiram um ultimato até à meia-noite de
quinta-feira para a demissão de Leung Chun-ying. Pouco antes de terminar o
prazo, o chefe do governo local recusou a exigência do movimento mas sugeriu o
início de um diálogo, que agora fica comprometido.
Antiga
colónia britânica, Hong Kong atravessa a mais grave crise política desde o seu
regresso à soberania da China em 1997, apesar de manter um estatuto especial.
No domingo, a polícia antimotim utilizou gás pimenta e gás lacrimogéneo contra
os manifestantes.
Hoje,
voltaram a decorrer incidentes entre manifestantes e polícias na zona dos
escritórios centrais do governo. Leung Chun-ying lamentou uma situação
"próxima da anarquia". "Enquanto sociedade civilizada, não
podemos permitir que incidentes se produzam", disse.
PCR
(JMR) // JMR