terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

China acusa ocidente de estender a sua influência nas universidades chinesas




Pequim, 03 fev (Lusa) -- O ministro da Educação da China, Yuan Guiren, afirmou que jovens professores e alunos das universidades chinesas são alvo das "forças inimigas estrangeiras" que pretendem estender a sua influência no gigante asiático.

O ministro da Educação fez estas declarações na última edição da "Qiushi" -uma publicação periódica do Partido Comunista chinês --, quatro dias depois de instar as universidades do país a proibir o uso dos livros importados que propaguem os "valores ocidentais", noticia hoje o diário em língua inglesa publicado em Hong Kong South China Morning Post (SCMP).

"Os jovens professores e os estudantes são os principais alvos de infiltração das forças inimigas", escreveu Yuan, para quem "alguns países veem o desenvolvimento da China como um desafio ao seu sistema e valores e intensificaram a influência de maneiras mais discretas e diversas".

O titular da pasta da Educação acrescentou que vão ser elaboradas diretrizes escolares para "colocar o marxismo na vanguarda" e que vão ser proibidos nos campus os livros que difundam pontos de vista ocidentais "errados", ou seja, que contrariem os ideais do regime comunista.

As declarações do ministro chinês são um claro reflexo da campanha ideológica do Presidente Xi Jinping, disse ao SCMP Zhang Xuezhong, um antigo professor associado da Universidade de Ciência Política e Direito do leste da China, despedido no ano passado por criticar o sistema político da potência asiática.

Já Hu Xingdou, economista da Universidade de Tecnologia de Pequim, acredita que estas medidas representam um "renascimento da revolução Cultural".

"A oposição a todos os pensamentos e culturas estrangeiras é a tendência ideológica mais à esquerda desde a reforma e abertura", afirmou.

"Isto vai provocar mais conflitos na ideologia", acrescentou Hu, que estima que a "censura" dos valores ocidentais poderá significar o fim de algumas disciplinas de Ciências Sociais porque muitos conceitos, sobretudo na Economia, são oriundos do Ocidente.

Ainda que o governo chinês intensifique os esforços para manter afastada a influência estrangeira, Zhang acredita que a campanha não vai funcionar porque "os tempos mudaram" e os professores e estudantes têm acesso a outras fontes de informação.

FV // JCS

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