quinta-feira, 5 de março de 2015

Angola. Advogados dos familiares de Cassule e Kamulingue processam "General Filó"




"General Filó" voltou a faltar a audiência no tribunal

Coque Mukuta - Voz da América

Os advogados dos familiares de Isaías Cassule e Alves Kamulingue, assassinados em 2012 por agentes dos serviços, vão processar criminalmente o oficial superior das Forças Armadas Angolanas, tenente-general, José Peres Afonso, conhecido como “General Filó” por ser um dos autores morais dos homicídios.

A partir de agora, com ou sem a presença do tenente-general, o grupo de advogado das Mãos Livres vai intentar um processo-crime contra o general por ter sido citado como um dos autores morais dos assassinatos.

David Mendes, assistente da família das vítimas, diz não concordar que o tribunal inicie as alegações finais sem antes ouvir o “general Filó”, para que este julgamento não venha a ser mais uma comédia do Caso Frescura, em que o Tribunal Supremo absolveu os sete polícias acusados de terem assassinado em 2008 no município do Sambizanga, oito jovens que se encontravam em pleno laser.

“Primeiro é que não concordamos que o julgamento termine sem antes ouvirmos o general Filo, nós não vamos admitir que ele não se faça presente porque não queremos mais assistir o caso Frescura, em que no final o Tribunal Supremo soltou todos os condenados”, disse.

Com a audiência desta quarta-feira, 4, em curso, não se sabe ainda se o Ministério Público vai pedir indemnização para as famílias das vitimas.

David Mendes afirma ainda o general terá mesmo de responder em processo-crime passando assim de declarante a arguido, tendo em conta as declarações do réu que era o elo de ligação entre o general e o grupo técnico do MPLA, em Luanda, que se dedicava a agredir os manifestantes em Luanda.

David Mendes entende que caso o responsável moral não seja responsabilizado, as agressões contra os activistas vão continuar.

Recorde-se que Alves Kamulingue e Isaías Cassule foram raptados na via pública, em Luanda, nos dias 27 e 29 de maio de 2012, quando tentavam organizar uma manifestação para exigir o pagamento das suas pensões e salários em atraso às autoridades governamentais angolanas. 

Segundo informações postas a circular na altura, as vítimas foram mortas em separado: Cassule foi espancado e largado no rio Bengo, num local frequentado por jacarés, e Kamulingue foi morto com um tiro na cabeça.

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