"General
Filó" voltou a faltar a audiência no tribunal
Coque
Mukuta - Voz da América
Os
advogados dos familiares de Isaías Cassule e Alves Kamulingue, assassinados em
2012 por agentes dos serviços, vão processar criminalmente o oficial superior
das Forças Armadas Angolanas, tenente-general, José Peres Afonso, conhecido
como “General Filó” por ser um dos autores morais dos homicídios.
A
partir de agora, com ou sem a presença do tenente-general, o grupo de
advogado das Mãos Livres vai intentar um processo-crime contra o general por
ter sido citado como um dos autores morais dos assassinatos.
David
Mendes, assistente da família das vítimas, diz não concordar que o
tribunal inicie as alegações finais sem antes ouvir o
“general Filó”, para que este julgamento não venha a ser mais uma
comédia do Caso Frescura, em que o Tribunal Supremo absolveu os sete
polícias acusados de terem assassinado em 2008 no município do Sambizanga, oito
jovens que se encontravam em pleno laser.
“Primeiro
é que não concordamos que o julgamento termine sem antes ouvirmos o general
Filo, nós não vamos admitir que ele não se faça presente porque não queremos
mais assistir o caso Frescura, em que no final o Tribunal Supremo soltou todos
os condenados”, disse.
Com
a audiência desta quarta-feira, 4, em curso, não se sabe ainda se o
Ministério Público vai pedir indemnização para as famílias
das vitimas.
David
Mendes afirma ainda o general terá mesmo de responder em processo-crime
passando assim de declarante a arguido, tendo em conta as declarações
do réu que era o elo de ligação entre o general e o grupo técnico do MPLA, em
Luanda, que se dedicava a agredir os manifestantes em Luanda.
David
Mendes entende que caso o responsável moral não seja responsabilizado, as
agressões contra os activistas vão continuar.
Recorde-se
que Alves Kamulingue e Isaías Cassule foram raptados na via pública, em
Luanda, nos dias 27 e 29 de maio de 2012, quando tentavam organizar uma
manifestação para exigir o pagamento das suas pensões e salários em atraso às
autoridades governamentais angolanas.
Segundo
informações postas a circular na altura, as vítimas foram mortas em separado:
Cassule foi espancado e largado no rio Bengo, num local frequentado por
jacarés, e Kamulingue foi morto com um tiro na cabeça.
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